Paris – Marcus D’Almeida chegou em Paris como uma das principais esperanças de medalha do Brasil nos Jogos Olímpicos. Não à toa, é o atual líder do ranking mundial e campeão do final da copa do mundo da modalidade. Na capital francesa, porém, foi derrotado ainda nas oitavas de final pelo sul-coreano Kim Woojin num duelo que poderia ser a final olímpica. O asiático é o número dois do mundo. Marquinhos sabe que ele mesmo se meteu nessa encrenca.
“Paguei o preço de não ter feito um classificatório tão bom assim, classificar um pouco abaixo, e acabei pegando ele nas oitavas. Se tivesse em outra chave, talvez seria tudo diferente. É mais um ensinamento pra próxima Olimpíada, tentar classificar melhor”, disse, assim que deixou a linha de tiro no Hôtel des Invalides, casa do tiro com arco em Paris 2024. O classificatório, ou ranqueamento, o primeiro estágio da competição. Os atletas atiram 72 flechas e, de acordo com o resultado, define-se a chave eliminatória com os combates diretos.
+ Siga nosso canal no WhatsApp
Simone Biles
Marcus D’Almeida foi o 17º melhor no ranqueamento, resultado que o colocou no caminho de Kim Woojin, o melhor ranqueado, nas oitavas de final. O preço foi realmente caro. “Atirei contra a Simone Biles. É um cara fantástico, já tem dois ouros só aqui em Paris. Sabia que não podia dar espaço pra ele e dei. O espaço que tinha era de empate, na verdade, né? Ele fez um 29 e resto 30”, disse o brasileiro.
Trinta pontos é o máximo que um atleta pode fazer num set do combate direto, dividido em, no máximo, cinco sets. Quem vence um faz dois pontos e, em caso de empate, é um ponto pra cada lado. Ganha o arqueiro que fizer seis pontos ou mais. No caso do confronto do brasileiro contra o sul-coreano foram quatro sets, ou seja, cada atleta atirou doze flechas. Woojin cravou onze delas no centro do alvo.
Cultura asiática
A Coreia do Sul é a principal potência no tiro com arco. Até os Jogos de Tóquio, somavam 27 medalhas de ouro contra 14 do segundo pais mais vitorioso, os Estados Unidos. Em Paris, por enquanto, levaram todas as quatro já disputadas: equipes masculina e feminina, duplas mistas e individual feminino. Falta só o individual masculino. Foi essa escola que Marcus D’Almeida enfrentou neste domingo.
“É realmente cultural. Desde 1980, acho que eles (sul-coreanos) têm 26 medalhas olímpicas. No feminino, vocês viram, ganharam os três ouros, equipe, misto e individual, têm recorde mundial. Ele (Woojim) é o recordista olímpico”, elenca. E não tem segredo. “É fruto de investimento, cultura. Querendo ou não eles são mais avançados do que a gente nesse sentido”. O Brasil tem nonos lugares como melhor colocação no tiro com arco. Marquinhos duas vezes no individual masculino e uma nas duplas mistas, ao lado de Ana Luiza Caetano, além de Ane Marcelle e da própria Ana Luiza no individual feminino.
Conforto
“Sou muito agradecido por todo mundo que me apoia, patrocinadores, comitê, confederação, mas tem que continuar investindo, e mais forte, pra gente alcançar mais resultados”, diz, e acrescenta: “dar melhores condições de trabalho, mais acesso à tecnologia, mais conforto. O que não falta é conforto para a Coreia (do Sul), tranquilidade. É investir, ele (Kim Woojin) não é um robô.” Marquinos explica o que chama de conforto. “Saber que todo dia você vai chegar pra trabalhar, tem tudo ali, tudo o que você precisa, toda condição de trabalho. É isso pra todos os atletas. Pra mim não falta, mas pra todos”.