Eliminada nas oitavas de final dos Jogos Olímpicos de Tóquio e no último Mundial, Jane Karla resolveu fazer uma mudança drástica em uma sua técnica para atirar. Ela trocou o gatilho que costumava usar, chamado back tension, pelo botão trigger há apenas oito semanas. A adaptação foi rápida e em dois meses com o novo equipamento os resultados já puderam ser vistos na etapa de Nove Mesto da Copa Europeia de tiro com arco paralímpico. Na qualificação, ela igualou o recorde mundial. Depois, venceu três partidas eliminatórias para se classificar para a final e só parou neste sábado na britânica Phoebe Paterson Pine, atual campeã paralímpica. Tudo isso numa competição em que, para chegar à República Tcheca, a brasileira e Joachim Gogel, seu marido e treinador, viajaram três dias de carro de Lisboa, onde moram, para economizar recursos.
O sacrifício mais do que valeu a pena. Primeiro na dedicação de Jane Karla nos treinamentos para se adaptar à grande mudança na técnica de tiro (No gatilho de back tension, a ativação é feita pela rotação da mão, enquanto com o trigger a flecha é solta após a atleta acionar o botão) e depois na superação do cansaço da viagem para conseguir grandes resultados a partir do momento em que chegou à Nove Mesto.
“Também estou feliz porque foi um campeonato muito bom, cheguei na final, igualei recorde mundial e consegui colocar em prática tudo o que venho treinando. Estou com aquela pontinha de tristeza porque a gente sempre quer chegar na medalha de ouro, mas ao mesmo tempo estou feliz por estar levando a prata para o Brasil porque não é fácil chegar nessa medalhas aqui na Europa”, afirmou Jane Karla.
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Logo no primeiro dia, na qualificação, igualou o recorde mundial da italiana Eleonora Sarti, atleta que a eliminou dos Jogos Olímpicos de Tóquio, ao marcar 695 pontos e se classificar em primeiro lugar para as eliminatórias da etapa tcheca da Copa Europeia de tiro com arco paralímpico.
Depois, no mata-mata, Jane Karla não teve dificuldade para vencer a tailandesa Rhomshalee Katemongkon por 145 a 125. Nas quartas de final, Jane teve um duelo equilibrado com a francesa Julie Chupin, mas venceu o confronto por 146 a 143.
Na semifinal, veio a vingança contra Eleonora Sarti, sua algoz em Tóquio. O vento e a chuva atrapalharam o desempenho das atletas, mas a brasileira conseguiu superar o desafio e venceru por 141 a 134. Depois de perder para Jane, a italiana ficou fora do pódio por ter perdido a disputa pelo bronze para a compatriota Maria Andrea Virgilio.
Na final deste sábado, a disputa muito equilibrada. Depois de ficarem empatadas em 28 a 28 no primeiro set, a britânica Phoebe Paterson Pine abriu um ponto de diferença no segundo ao fazer 58 a 57. A partir daí, a campeã paralímpica, com uma impressionante consistência em seus tiros, conseguiu ir aumentando a vantagem até vencer por 145 a 139.