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Tiro com Arco

Mais relaxado, Marcus D’Almeida se consolida entre os melhores do mundo

Marcão para os adversários e Marquinhos para os íntimos, arqueiro curte a nova fase mais relax

Totalmente à vontade, bigode no pente e com a medalha de vice-campeão Mundial no peito, o arqueiro Marcus D’Almeida está curtindo sua nova fase. “Eu aprendi que no final é a tranquilidade mental que vale. Essa medalha foi porque eu estava tranquilo, eu consegui fazer meus tiros, me divertindo”, disse em seu habitat natural, um campo de tiro com arco.

O combatente Marcus D’Almeida não poderia estar mais à vontade no Espaço Lucas Abreu, único local com 70 m, distância olímpica, para a prática do tiro com arco na cidade de São Paulo. Aliás, Lucas Abreu é amigo de longa data e ambos trocaram provocações bem saudáveis. “O arco composto é bem mais fácil, né, Lucas”, provoca Marcus.

“Sim, deve ser por isso que eu ganho de você em qualquer arco. Tenho até vídeo para provar”, rebate Lucas. “Tem nada, eu que tenho ganhando de você”, completa Marcus. A amizade longa tem dessas.

Fato é que Marcus D’Almeida, 8º do ranking mundial, está em ótima fase e com ambições enormes. Mas sem esquecer de tudo que construiu ao longo de sua trajetória.

Já são 11 anos dedicados ao tiro com arco. Marcus D’Almeida surgiu em 2014 no cenário internacional com uma prata nos Jogos Olímpicos da Juventude, em Nanquim, na China. De lá até a prata no Mundial de 2021 da modalidade, aos 23 anos, o arqueiro passou por muita coisa. Altos, baixos, uma pressão enorme na Rio-2016 e muita expectativa interna e externa.

“Agora estou mostrando que o Marquinhos de 2014 virou o Marcus D’almeida. Então, eu gosto do meu presente, do meu atual, é legal quando alguém me conhece por Marcus D’Almeida”.

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Processo

“Em 2014 eu fui 7º do mundo e caí muito rápido. Não estava preparado”

Marcus D’Almeida

A construção do arqueiro atual precisava de uma evolução e Marcus D’Almeida sabia que não poderia pular etapas. “É muita coisa, são seis ou sete Copas do Mundo, duas olimpíada, mundiais, uma montanha-russa total de sentimentos. Uma hora você está bem, na outra você está mal.”

A Olimpíada da Rio-2016 foi extenuante para o arqueiro, que chegou com status de possível medalhista, mas a pressão o atingiu em cheio. “Na Rio eu não avancei em nenhum combate”, relembra. “A gente tem que aprender a lidar com aquilo. Com certeza eu senti um pouco da pressão. É difícil manter, é um processo. Se você aguenta o processo, o futuro vai ser bom para você, e você vai aprendendo como preparar o corpo e a mente.”

O salto para Tóquio-2020 já foi bem maior. Mesmo em meio à pandemia e com uma tensão enorme desde o ciclo olímpico passado.

“Estou voltando, quero estar entre os primeiros do mundo, trabalho para isso. O nono lugar no Japão já me mostrou isso e prata no Mundial deu segurança.”

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Cara de criança, mas já atirando como gente grande (Reprodução/Instagram)

Ambição

Medalhista dos Jogos da Juventude, em final da Copa do Mundo, Jogos Pan-Americanos e prata no Mundial de 2021, Marcus D’Almeida segue com uma gana enorme. Uma bem específica.

“Ano que vem vou focar nas etapas da Copa do Mundo. Eu nunca ganhei uma medalha em etapa, já medalhei na final”, diz com uma gargalhada. “Mas estou atrás dessa medalha em uma etapa.”

Obviamente, uma medalha em olimpíada também passa pela cabeça de Marcus D’Almeida e Paris-2024 já está rondando a cabeça do arqueiro. “Eu tenho esse sonho, de ser um dos melhores do mundo.”

Os Jogos Olímpicos são demasiadamente enormes para um atleta. É o ápice e demanda crescimento interno. “Às vezes, a gente quer dar um pulo muito grande, mas tem que ir degrau por degrau. Na próxima olimpíada, se eu já subir um degrau, fico bem perto de uma medalha. Estou bem próximo.”

Tóquio-2020 foi mais um degrau na carreira do arqueiro (Jonne Roriz/ COB)

Muito novo?

Pela primeira vez na entrevista, Marcus D’Almeida fica mais sério. “Por todo mundo falar que sou muito novo, eu deixaria tudo para o futuro”. E esse não é o caso.

“Sou um cara do presente. Por eu ter começado muito cedo, eu nunca me contentei com isso. Quero ser o melhor e pronto, independentemente da idade”. Contudo, o próprio arqueiro sabe que o tiro com arco demanda um aprendizado. Algo que ele vem aprimorando ao longo da carreira.

“O tiro com arco é muito dinâmico. Em 40 segundos, você tem que mudar sua mente. Hoje eu posso falar que controlo melhor isso.”

Relaxado, sim, conformado jamais! “A paixão pelo tiro coma arco sempre foi a mesma, desde pequeno. O que mudou é a minha visão, e mudou porque passei por muita coisa nesses anos e nunca desisti.”

marcus d'almeida tiro com arco
Mais relaxado, mas com mais fome de vitórias (Olimpíada Todo Dia)

Combatente

“Estou há algumas semanas de folga, mas já estou me coçando para atirar”. Mas uma parte me particular do tiro com arco é o que move Marcus D’Almeida.

“Eu amo o tiro com arco pelo combate, mil vezes o combate.” Competitivo até o último fio do bigode, o arqueiro gosta e muito de derrotar os adversário, quase como em um duelo.

“É o que faz o sangue pulsar, é o que dá medo, é o que faz você ser grande. Sabe, poder falar que eu ganhei. O qualificatório não faz isso, não dá essa sensação. Ainda bem que existe esse esquema de combate.”

Em 2021, Marcus D’Almeida ainda fará alguns combates pela Seletiva Nacional, mas já está mirando em 2022, para seguir ouvindo seu nome entre os primeiros. “É muito bom ouvir seu nome durante a prova. Isso me motiva muito, escutar meu nome, avançar os combates, pegar os caras e ganhar, avançar e enfrentar o primeiro do mundo. Não existe motivação maior do que essa. Se não se motiva com isso, não é atleta.”

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