O tênis de mesa do Brasil vive o melhor momento de sua história. Hugo Calderano atingiu nesta semana a melhor colocação de um atleta do país no ranking mundial ao chegar à 17a. colocação. Nas duplas, o mesatenista ao lado de Gustavo Tsuboi é o quinto melhor do planeta. Mas apesar dos bons resultados, a modalidade vai sofrer com corte de recursos para o ciclo olímpico para Tóquio 2020.
Em relação ao último ano, a CBTM (Confederação Brasileira de Tênis de Mesa) teve uma perda de 44% nas modalidades paralímpicas e 45% nas olímpicas. Com isso, foram cortadas diversas ações que eram financiadas pela confederação, como profissionais que faziam parte da comissão multidisciplinar, o custeio de viagens de atletas para competições internacionais e organização de eventos nacionais.
Para se ter uma ideia, na temporada passada, a delegação adulta (masculina e feminina) realizou 17 viagens e, para este ano, estão previstas apenas seis. Para o presidente da CBTM, Alaor Azevedo, houve um erro de avaliação do Comitê Olímpico do Brasil (COB) ao analisar o montante dos cortes para cada confederação.
“O COB olha para o passado, e não para o futuro. Tem algumas modalidades que tiveram título mundial há anos ou décadas… Vão viver disso eternamente? Não há um bom senso. Hoje, o tênis de mesa tem um atleta que é uma realidade. O Hugo Calderano está entre os 20 melhores atletas do mundo e tem grandes chances de brigar por medalha em Tóquio. Isso sem contar a ótima temporada que o tênis de mesa brasileiro teve em 2016. Enquanto isso, tem modalidade que não apresenta renovação há anos e o corte foi muito menor que o nosso. Não se tem esse olhar para frente, infelizmente”, disse o mandatário.
As categorias mais atingidas serão as intermediárias, entre os Diamantes do Futuro (que trabalha com criança entre 7 e 11 anos) e os adultos, um momento crucial para o desenvolvimento técnico dos atletas e, para muitos, de decisão quanto à permanência ou não no esporte.
“Em tempos assim, temos de priorizar, infelizmente. Tive de ter um olhar para quem pode dar um retorno de forma mais rápida e mexemos o menos possível na programação do Diamantes, que é a nossa detecção de talentos. Mas nas outras categorias, como Pré-Mirim, Mirim, Infantil e Juvenil, a perda foi enorme”, avisou Alaor.
Paula Emerenciano, coordenadora dos esportes olímpicos da CBTM, ressalta o trabalho que a diretoria está tendo para fazer com que o tênis de mesa continue a evolução que vem demonstrando.
“Vamos ter perdas, não há outro caminho. Mas, diante disso, estamos nos debruçando e nos dedicando para que continuemos seguindo o caminho que estava sendo traçado neste último ciclo. O ano de 2016 nos mostrou que estamos no caminho certo e queremos manter isso, mesmo que com algumas adaptações”, avisou.
Coordenador do paralímpico, Victor Lee aponta a importância da atuação do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) neste início de novo ciclo, lembrando a boa atuação do tênis de mesa nos Jogos Paralímpicos Rio 2016.
“Assim como o olímpico, o paralímpico também terá perdas. Porém, como tivemos ótimos resultados nos Jogos Paralímpicos, o tênis de mesa acabou tendo um aumento percentual no investimento vindo pelo CPB para este ano. Além disso, parte da comissão multidisciplinar que deixaremos de contar, por questões financeiras mesmo, será suprida com os profissionais do comitê”, salientou Lee.