Aos 43 anos de idade, Carla Maia vai disputar os Jogos Paralímpicos pela primeira vez na vida. Contudo, a edição de Paris-2024 não será sua estreia na Paralimpíada. A brasiliense, que exerce a profissão de jornalista em uma emissora pública de televisão, já vivenciou o evento como repórter.
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“Será minha primeira Paralimpíada como atleta, pois já estive em outras como repórter. Era um sonho para mim poder participar como atleta. Batalhei muitos anos para conseguir. Vou competir no individual e em dupla com a Marliane (Santos) e estou muito motivada”, afirmou Clara.
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Com mais de 20 anos de experiência no tênis de mesa, Carla Maia possui oito títulos nacionais e já representou o Brasil em outras competições internacionais com destaque. Ela conquistou o bronze no individual no Pan-Americano da modalidade em 2013, na Costa Rica; bronze no individual e prata por equipes no Pan-Americano da modalidade em 2009, no Peru; e prata por equipes nos Jogos Parapan-Americanos do Rio 2007.
O início no tênis de mesa
Carla Maia teve sua deficiência física causada por um sangramento espontâneo na medula quando tinha 17 anos. Ela não esquece a forma como iniciou sua trajetória no tênis de mesa paralímpico. Carla cursava faculdade de Publicidade e Propaganda, sua primeira graduação acadêmica, e tinha o sonho de trabalhar com televisão.
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“Quando estive no hospital, internada durante quatro meses para tratar o problema que tive, uma das atividades utilizadas pelos médicos era a prática do tênis de mesa para os pacientes. Lá conheci um atleta paralímpico da modalidade, o Iranildo Espíndola; como ele era conhecido no meio, o entrevistei para meu programa experimental de TV”, lembra Carla.
“Após a entrevista, joguei um pouco com o Iranildo e recebi elogios do técnico dele, José Ricardo, que me disse: ‘Você tem que jogar tênis de mesa, será uma das melhores do Brasil’. Na época, não havia muitas mulheres no Brasil nesta modalidade paralímpica”, contou.
Embora relutante pelo pouco tempo disponível para treinar devido ao seu projeto de programa de televisão, Carla aceitou o convite de José Ricardo para participar do Campeonato Para Pan-Americano que ocorreria em Brasília. Nele, ela conquistou uma medalha de prata e quase se classificou para os Jogos Paralímpicos de Atenas 2004.
“Somente a campeã se classificaria. Treinei focada na competição, mas mesmo assim fui bem, até a final. E tinha vantagem de sets para ganhar o ouro e a vaga. Mas, no meio do jogo, minha adversária ‘encontrou’ um efeito diferente que não consegui superar, e ela acabou vencendo pela diferença que precisava. Fiquei com muita raiva e desde então nutri esse sonho de ir aos Jogos Paralímpicos – que vou realizar agora, vinte anos depois, em Paris. Chegou a minha vez”, relembra Carla
Do outro lado das câmeras
Como repórter, Carla Maia cobriu os Jogos de Londres 2012 e Rio 2016. Além disso, a mesatenista também atuou como comentarista de TV nas edições de Pequim 2008 e Tóquio 2020. Dessa forma, pode-se dizer que ela conhece os bastidores da Paralimpíada como ninguém, mas agora vive a expectativa de vivenciar o evento como atleta.
“É até difícil explicar o quanto estou feliz. Estou aproveitando a oportunidade, desfrutando cada momento. Venho treinando muito para dar o meu melhor e ter o melhor desempenho possível. Não tenho controle sobre o resultado, mas empenho e dedicação não vão faltar”, garantiu.
Assumidamente “chocólatra” e fã de axé music, Carla Maia revela ter paixão por outra modalidade: a ginástica artística, que chegou a praticar antes da tetraplegia. “Fiquei maravilhada com a Rebeca Andrade nos Jogos Olímpicos. Ela tem movimentos sensacionais e um aspecto emocional maravilhoso também. É uma grande inspiração para mim”, declarou Carla.
Torcida
Atualmente na 5ª posição do ranking mundial da classe 1, Carla Maia recebeu o convite da Federação Internacional de Tênis de Mesa (ITTF) para participar dos Jogos Paralímpicos de Paris-2024. A indicação da Confederação Brasileira de Tênis de Mesa (CBTM) por seus expressivos resultados em competições internacionais ocasionaram o convite
“Peço a torcida de todos os brasileiros por nós. Estaremos representando o país e faremos o nosso melhor. Vamos buscar a vitória com todo o nosso empenho, e a energia da torcida é muito importante”, disse Carla Maia.
*Reportagem produzida pela Confederação Brasileira de Tênis de Mesa (CBTM)