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Paris 2024

‘Não vou deixar essa derrota me massacrar por muito tempo’

Hugo Calderano afirma que deixou emoções fluírem para se refazer a ponto de ajudar o Brasil a vencer a primeira partida do torneio por equipes masculinas no tênis de mesa

Hugo Calderano tênis de mesa Paris 2024 equipes
(Alexandre Loureiro/COB)

Paris – Se algum desavisado caísse de paraquedas na Arena Sur de Paris nesta segunda-feira (5) e visse Hugo Calderano bater o português João Geraldo por protocolares 3 a 0 não desconfiaria a dificuldade que havia por trás daquela vitória. Talvez estranhasse um pouco o primeiro game, mas, a partir do segundo já reconheceria a superioridade do brasileiro diante do rival do dia. Se esse desavisado fosse embora sem olhar com mais atenção os últimos dias do tênis de mesa nos Jogos de Paris, nunca sonharia que nas 48 horas anteriores, Calderano havia perdido duas das mais importantes partidas da carreira.

“Alguns minutos e algumas horas depois do jogo, fiquei muito decepcionado. Conversei bastante com o Paco ontem à noite, nosso treinador por equipe. Mas não fiz nada específico (para se recuperar). Na verdade, não pensei realmente muito em como faria, só deixei as minhas emoções fluírem”, falou o brasileiro, referindo-se ao revés diante do francês Felix Lebrun na disputa do bronze no individual do tênis de mesa de Paris. Um dia antes, havia caído para o sueco Truls Moregard na semifinal. Se vencesse qualquer um desses jogos, conquistaria a medalha olímpica, ainda inédita para o Brasil no tênis de mesa.

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“Não vou deixar esse objetivo que não consegui alcançar me massacrar por muito tempo. É importante saber que o passado já foi e continuar para os próximos desafios”, continuou. “Sou um cara que sente muito forte as emoções, muito intensamente, mas ao mesmo tempo consigo resetar e voltar mais tranquilamente. É meu jeito de deixar tudo sair. É muito importante ter leveza na vida também.”

Ajuda da dupla

O jogo que Hugo venceu nesta segunda foi pela primeira rodada da chave de equipes masculinas. O time brasileiro, também composto por Vitor Ishiy e Guilherme Teodoro, derrotou Portugal por 3 a 1 e se classificou para as quartas de final. “Claro que não foi uma tarefa fácil voltar a jogar o torneio de equipes. Depois de uma derrota assim, de não ter conseguido o meu principal objetivo, o corpo e a mente sentem bastante. Senti uma baixa de energia, mas ao mesmo tempo sabia que tinha que dar o melhor de mim pela equipe, pelo Brasil e por mim mesmo, para me superar cada vez mais”.

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Calderano foi para a mesa para a segunda partida do confronto. Antes, nas duplas, Ishiy e Teodoro bateram Tiago Apolônia e Marcos Freitas. “Terem ganho o primeiro jogo de duplas foi importantíssimo para a nossa energia geral e também para colocar uma pressão na equipe de Portugal. A equipe toda está de parabéns. Felizmente consegui fazer meu melhor e garantir um ponto para o Brasil.”

Vitor Ishiy Guilherme Teodoro tênis de mesa Paris 2024 equipes
Teodoro (esquerda) e Ishiy (ITTF World)

O 3 a 0 que Hugo impôs sobre João Geraldo começou ruim para o brasileiro. Ele mesmo explicou que lhe faltava energia. Até que um detalhe mudou o rumo do embate. “Ele começou ganhando por 9 a 3, depois a árbitra tirou um ponto do meu saque e falou que deu uma falta no serviço. De certa forma isso ajudou a voltar, consegui vencer esse primeiro set por 13 a 11 e talvez de um jeito me colocou no jogo. Eu realmente não estava com nenhuma força interior naquele início de partida”.

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Tudo de novo

Quis o destino que nas quarta de final o Brasil possa enfrentar a França, e toda a sua barulhenta torcida, na próxima rodada. Basta os anfitriões confirmarem o favoritismo diante da Eslovênia. Se isso realmente acontecer, todo o mesmo cenário da disputa do bronze pode voltar, inclusive com Felix Lebrun, pois ele integra o time da casa. “A equipe da França é mais forte do que a equipe da Eslovênia, então, claro, seria melhor para nós (que a França não passasse). Mas, ao mesmo tempo, como falei, o jogo de ontem é passado, não importa mais o que aconteceu. A gente vai brigar contra quem vier, de qualquer forma.”

Jornalista com mais de 20 anos de profissão, mais da metade deles na área de esportes. Está no OTD desde 2019 e, por ele, já cobriu 'in loco' os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Tóquio, os Olímpicos de Paris, além dos Jogos Pan-Americanos de Lima e de Santiago

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