Além de um show de talento, empenho e habilidade, o TMB Platinum – Campeonato Brasileiro, disputado há menos de dez dias no Centro Paralímpico Brasileiro, em São Paulo, proporcionou lições de inclusão e de integração no universo do tênis de mesa nacional. Atletas olímpicos e paralímpicos competiram juntos e dividiram emoções, que ficarão marcadas na história da modalidade.
- Conegliano vence e Gabi conquista o mundo pela segunda vez
- Julia de Vos quebra recordes brasileiros nos 500m e 1000m
- Lucas Pinheiro fica em 22º no slalom gigante em Alta Badia
- Egonu cresce e Praia Clube encerra Mundial sem medalha
- Osasco se recupera de susto e vira vice-líder da Superliga
A Confederação Brasileira de Tênis de Mesa (CBTM) promove a integração entre olímpico e paralímpico há um bom tempo. O principal “case” de sucesso é Bruna Alexandre, atleta que integra a equipe feminina vice-campeã pan-americana olímpica. Neste TMB Platinum, vários paralímpicos desfilaram nas mesas do Centro Paralímpico Brasileiro em competições olímpicas, como Danielle Rauen, Jennyfer Parinos, Lucas Arabian, Paulo Salmin, Allana Maschio e Sophia Kelmer, só para citar alguns exemplos.
E uma atleta merece menção especial: Joyce Oliveira, que conquistou duas medalhas de ouro. Ela integrou a seleção de São Paulo, campeã da categoria Lady de Seleções Estaduais. As paulistas venceram as catarinenses na final por 3 a 0 e conquistaram o ouro da competição. Joyce teve como companheiras de equipe Mariana Franco, Kyrla Fogaça e Riti Chowdhary. E ela não ficou só nisso.
Em seguida, Joyce Oliveira garantiu mais um título: o individual da categoria Lady. Atleta do SESI-SP/Instituto MatosTT/Lorena-SP, ela venceu na final Narita Goulart (SR Mampituba/FME Cricíuma/SC) por 3 a 0. A campeã falou sobre o sentimento de ser uma cadeirante jogando ao lado de andantes e conquistar títulos olímpicos.
Reticente no início
“No começo, não gostei muito da ideia pois achava que era difícil ganhar de olímpicos, ainda mais sendo cadeirante. Quando meu clube veio falar comigo, fiquei meio reticente, mas topei. Meu objetivo era volume de bola na mesa, coisa que tênis de mesa paralímpico não tem aqui no Brasil. O olímpico coloca mais bola na mesa e estava me dá mais volume”, explica Joyce, que já havia brilhado em outras competições desta temporada atuando com os olímpicos.
“Joguei cinco campeonatos olímpicos esse ano e em todos consegui uma medalha. É um sentimento maravilhoso, joguei seleções e eles me colocaram como raquete número um, sendo a mais forte da equipe. Nem eu estava acreditando. Porém, meu técnico e as meninas acreditaram em mim e consegui dar tudo”, vibra.
Porta que se abre
Joyce Oliveira falou também sobre o que representa o seu sucesso nesta nova fase da carreira para o movimento paralímpico brasileiro: “Isso mostra que nada é impossível, quando queremos, podemos. É mais uma porta que se abre para o paralímpico, mais ainda para os cadeirantes. Já temos várias atletas paralímpicas andantes jogando olímpico, e tenho certeza que se eu seguir obtendo bons resultados, mais cadeirantes vão começar a jogar”.
Por fim, a mesa-tenista analisou sua participação neste TMB Platinum. Este é o maior campeonato de tênis de mesa das Américas, não somente em número de inscritos, mas também em nível técnico e em inclusão.
“Não esperava ser campeã brasileira olímpica. Joguei contra atletas fortes. Por exemplo, enfrentei a Sara Santos, para quem já havia perdido duas vezes no Campeonato Paulista. Quando em defrontei com ele nas quartas, sabia que seria difícil, mas estava bem concentrada. Quando ganhei, tive a certeza de que seria campeã. Ver uma atleta cadeirante no pódio com atletas olímpicas é uma sensação que nem sei explicar”, concluiu Joyce, emocionada.
*Da Confederação Brasileira de Tênis de Mesa (CBTM)