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Israel Stroh não se vê favorito, mas acredita na medalha no tênis de mesa

Medalhista da Rio-2016 mantém pés no chão dizendo que muita coisa aconteceu no ciclo paralímpico. Já Cátia Oliveira busca deixar o melhor no torneio, se com medalha, melhor, e Carlos Carbinatti aposta no mesmo imponderável que o levou até o Japão

Israel Stroh tênis de mesa Jogos Paralímpicos Tóquio-2020
Israel no último treino antes da estreia (Helano Stuckert/ rededoesporte.gov.br)

Tóquio – Dono do melhor resultado brasileiro da história em torneios de simples do tênis de mesa dos Jogos Paralímpicos, Israel Stroh prefere não se colocar como maior postulante à inédita medalha de ouro da modalidade para o país. Não que o vice-campeão da classe 7 na Rio-2016 se ache ‘carta fora do baralho’, pelo contrário, apenas entende cinco anos ser um prazo muito longo para o resultado no Brasil representar algum tipo de favoritismo hoje.

“Por mais que eu tenha sido medalhista no Rio, passaram-se cinco anos, vieram novos adversários, uns melhoraram, uns pioraram. É outra realidade e eu descarto qualquer responsabilidade, até porque eu não acredito que eu tenha favoritismo. Eu tenho uma chance de medalha, mas assim como eu, tem mais seis sete jogadores”, disse Israel Stroh, nesta segunda-feira (23), antevéspera da estreia na competição. Aliás, o dia também foi de sorteio dos grupos e chaves. Israel Stroh pega o japonês Inoue Masachika na primeira partida e depois enfrenta o egípcio Sayed Mohamed Youssef.

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Ambos, por sinal, foram citados pelo brasileiro como possíveis postulantes à medalha. Não só eles. Colocou ainda o britânico William Bayley o espanhol Jordi Morales, atual campeão do mundo, e os chineses, “que não ganham uma medalha na classe 7 faz muito tempo. Tem muita gente. Seria ingenuidade acreditar que vai ganhar ou tem uma chance maior. A gente entende a expectativa das pessoas, mas não pode carregar isso, porque vai dificultar e não é uma expectativa justa”, finalizou Israel Stroh.

Borboletas no estômago

Cátia Oliveira também está com boas perspectivas para os Jogos Paralímpicos, mesmo admitindo que o momento era de sentir as chamadas “borboletas no estômago”. “Foi o último dia que a gente conseguiu estar presente na área de jogo para fazer o reconhecimento das mesas, então as ‘borboletas’ estão aqui. Mas estou muito feliz de estar mais uma vez na Paralimpíada representando o Brasil”, disse a atual vice-campeã do mundo e nona colocada na Rio-2016 na classe 1-2 – ela é da 2. A brasileira também já conhece as duas primeiras rivais, primeiro a finlandesa Aino Tapola e depois a polonesa Darota Buclaw. “Agora é analisar elas e focar bem no que deve ser feito pra chegar no dia 25 e sair com uma estreia maravilhosa”, disse. “Como estou com as borboletas, elas também estão.”

Cátia Oliveira tênis de mesa Jogos Paralímpicos Tóquio-2020
Cátia Oliveira pega finlandesa na estreia (Helano Stuckert/ rededoesporte.gov.br)

A expectativa é de fazer um bom trabalho no torneio de tênis de mesa de Tóquio, quase uma disputa com ela mesma. Porém, claro, não é só isso. “Eu vim em busca de dar o meu melhor, aproveitar esse momento único. A gente, há um ano, tinha só incerteza se haveria a Paralimpíada, então eu quero curtir, sair feliz e, lógico, o objetivo é a medalha de ouro. Mas primeiramente eu quero entrar nessa mesa, dar o meu melhor.”

O azarão da Farmácia

Para Carlos Carbinatti, o adiamento dos Jogos Paralímpicos teve um ponto positivo. Fez com que ele conseguisse terminar a graduação em Farmácia a tempo de se preparar para Tóquio. Ele explica que após a Rio-2016, colocou como plano principal a formação acadêmica e chegou a pensar que não seria possível competir na capital japonesa. “Eu necessitaria estar em três cidades ao mesmo tempo. Eu sou de Rio Claro, teria de estar em Limeira, que era o campus mais próximo da faculdade, e o meu centro de treinamento fica em Piracicaba. Eu priorizei minha cidade e a faculdade. Algumas vezes consegui treinar em Piracicaba, mas foram poucas”, disse.

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Nesse meio tempo, porém, conseguiu se estruturar para competir no tênis de mesa do Pan. “Mentalizei naqueles sete dias de competição”. Conseguiu vencer e, por consequência, conquistou a vaga nos Jogos Paralímpicos. Aí veio a pandemia e o consequente adiamento da Paralimpíada. Na reta final da faculdade conseguiu voltar aos treinos pensando mais na parte física, em dezembro terminou o curso de Farmácia e a partir de janeiro começou a treinar. “Quando entrou janeiro, eu já estava bem fisicamente, preparado, emagreci 12 quilos. Foquei, treinamento todos os dias e deu certo. Tive uma evolução muito grande, porque era eu, meu técnico e mais um atleta de Piracicaba, o Paulo Camargo, que era o técnico do antigo ciclo. Então ficou como uma aula particular”.

Agora, às vésperas da estreia no tênis de mesa dos Jogos Paralímpicos, aposta no mesmo imponderável que o trouxe ao Japão. “Ser a surpresa do campeonato, um azarão. Poder jogar bem, ganhar o primeiro jogo ter uma confiança maior, ganhar o segundo, passar de fase e por aí em diante. Na minha categoria, são 14 atletas. Então o nível é muito restrito e alto, não tem oscilação. É a elite da elite. Algumas categorias existem mais, 22, 24, mas na minha em Londres foram 18, no Rio, 16, e agora são 14. É muito seleto, então é tentar errar o mínimo. A dificuldade é manter o alto nível durante o jogo todo”, disse. Sendo assim, conclui que ficaria “satisfeito por uma boa apresentação. Se vier medalha ou não, deixo mais para frente.”

Jornalista com mais de 20 anos de profissão, mais da metade deles na área de esportes. Está no OTD desde 2019 e, por ele, já cobriu 'in loco' os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Tóquio, os Olímpicos de Paris, além dos Jogos Pan-Americanos de Lima e de Santiago

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