Depois da Paralimpíada do Rio, em 2016, Israel Stroh entrou para a história do esporte brasileiro com uma medalha de prata no torneio individual da classe 7, no tênis de mesa. Desta vez, cinco anos depois, o atleta chega mais maduro, experiente, e disposto a continuar levando o Brasil ao pódio. O momento da preparação é de lapidar as qualidades e corrigir os detalhes. Jornalista de formação, ele diz que prefere o clima olímpico atuando como mesa-tenista e vai aos Jogos Paralímpicos de Tóquio poucos dias após perder sua mãe, para “dar uma alegria para ela onde quer que ela esteja”.
Apesar da pandemia, que aumentou o desafio de preparação dos atletas no último ano, o momento já é de detalhes nesta reta final. A Paralimpíada começa no dia 24 de agosto e é preciso ser “mais cuidadoso”, com treinamentos de “menos volume, sem ser muito forte”. Aperfeiçoamento é a palavra para definir a atual fase de Israel Stroh, o que ajuda também a aumentar sua confiança e competitividade.
“A gente está numa fase de lapidação, trabalhamos cinco anos para ir a Tóquio. Agora estamos em uma fase final. O que dá para fazer, a gente já faz. O que não dá, a gente repensa se vale a pena. É um momento em que a gente diminui as margens de erro, aumenta o volume de jogo. Com isso, a gente chega competitivo. Confio em uma boa campanha, tenho todos os motivos para acreditar nisso. Sempre respeito a dificuldade do evento, a importância que ele tem para o mundo, mas estou entre os que têm chance. Tem seis, sete cachorros grandes brigando, mas um deles sou eu”, destaca o atleta.
Paulista de Santos, ele conhece sua força na mesa e já mostrou o que pode fazer no esporte. Sua busca nos Jogos é também por uma medalha no torneio de equipes, algo que seria inédito para sua carreira. O companheiro da vez é Paulo Salmin, que contribui com esse sonho: com um jogo complementar ao de Stroh, ele aumenta as chances de um bom resultado para o Brasil.
“É uma dupla muito forte, com algumas saídas diferentes. Ele joga com pino longo, eu com duas borrachas. Ele consegue deixar o jogo mais lento, eu consigo acelerar, o que na dupla é muito importante. Estamos sonhando muito alto, muito fortes, confiantes. Estamos estudando bem nossos adversários e são boas as chances de a gente ir bem. Mas também respeitamos muito o evento e sabemos que vai ser muito difícil. Vai ser um desafio bastante grande”, afirma Stroh.
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A disputa da Paralimpíada de Tóquio terá um gosto especial para Stroh. Em julho deste ano, ele perdeu a mãe, Dona Eloá, aos 64 anos. Era ela uma de suas bases, alguém que já teve papel significativo, inclusive, em sua caminhada esportiva. Quando ele teve uma grave lesão, em 2015, foi ela quem esteve ao seu lado na recuperação. Mais tarde, já neste ciclo Olímpico, voltou a ajudar Israel Stroh mesmo à distância: quando ele estava na Eslovênia para competir e precisava de documentos que estavam no Brasil, foi ela quem o salvou, com fotos que seriam decisivas para seu futuro na competição.
“Uma coisa que aprendi muito com ela é fazer as coisas com amor, por quem a gente ama e deseja o nosso bem. Em muitas partes desse ciclo, a gente carrega algumas mágoas e se apega nisso como uma forma de incentivo. Só que é uma coisa muito pesada. O que eu refleti e aprendi nesses últimos tempos é concentrar minhas emoções, minhas energias em quem eu amo, quem eu quero provocar minhas emoções e sentimentos. Com certeza, a rainha desse movimento é minha mãe”, conta Stroh.
“Tudo o que eu sou, devo a minha mãe. Tanto de formação, de instrução, quanto de conhecimento. A gente só perde mãe uma vez na vida. É natural que a gente sinta dor por isso, mas a minha veio um pouco maior por ter sido muito cedo. Ela tinha 64 anos, a gente entende que é cedo para ela ter me deixado, mas isso foi o que aconteceu. Então procuro pensar nos Jogos agora como uma forma de dar uma alegria para ela onde quer que ela esteja”, completou o atleta.
Carreira na Comunicação
Jornalista de formação, Israel Stroh era atuante na profissão antes de encontrar seu caminho como atleta. A proximidade com o esporte já existia, já que ele trabalhava como setorista de um clube de futebol, em seu estado, São Paulo. O sonho era justamente cobrir uma Olimpíada, algo que acabou sendo realizado de uma forma muito mais presente: como atleta paralímpico.
Para ele, inclusive, isso superou qualquer expectativa. Disputar uma Paralimpíada e chegar longe na carreira de atleta o fez repensar sua relação com o Jornalismo, que já não é sua prioridade no momento. Até mesmo o sonho de cobrir uma edição dos Jogos acabou diminuindo. “Hoje me imagino fazendo isso e ia achar muito chato, porque não ia ter a emoção de estar jogando”, reflete Stroh. Para ele, o futuro, porém, só começa depois de 2024. A partir de lá, as portas não estão fechadas para uma nova aventura na Comunicação.
“Não tenho uma meta para o futuro porque me imagino jogando, pelo menos, até os Jogos de Paris. Estou estudando Publicidade, procurando agregar conhecimento dentro das possibilidades. Mas não sei. Eu era setorista de clube, cobria futebol. Com aquela correria de fechamento, que a gente sabe como é. Para essa correria, não sei se tenho muitos planos de voltar. Mas se eu conseguir agregar minha bagagem de jornalismo com o que tenho no esporte, com certeza seria realizado. Mas isso para um longo prazo, não para agora”, diz o atleta.