Nesta quinta-feira (21), os mesatenistas Paulo Salmin e Bruna Takahashi participaram de uma transmissão em conjunto pelas redes sociais. Em um bate-papo bastante descontraído, a dupla do tênis de mesa iniciou a conversa citando as dificuldades para manter uma rotina de treinamentos durante a pandemia do coronavírus.
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“Eu estou conseguindo me virar. Estou treinando com um robô que manda a bola por cima, por baixo, etc. Mas não é a mesma coisa. O tênis de mesa exige uma maior variação de treinos, adversários e eventos, mas infelizmente isso está fora do nosso alcance nesse momento”, citou Paulo Salmin, medalhista de ouro no Parapan-Americano de Lima no ano passado.
“Tenho treinado ao lado de minha irmã (Giulia Takahashi). Tenho mais experiência e fico no pé dela para que possamos manter o ritmo. Apesar de não ter muito espaço pra isso, a gente tem conseguido manter uma rotina. É um momento difícil, não sabemos quando teremos novas competições, quando vamos voltar. Mas acho importante ter algumas metas na mente nesse período e tenho traçado algumas metas individuais para manter alguma motivação nesse momento”, explicou Bruna Takahashi, atual número 47 do mundo.
Mudanças inesperadas
Atleta da classe 7 do tênis de mesa paralímpico (categoria para competidores andantes), Paulo Salmin relatou ainda a mudança repentina na rotina causada pelo avanço da Covid-19 no planeta.
“Eu lembro que a gente saiu de um treino numa segunda já comentando como seria a atividade de terça. Mas aí, a noite o Mizael Conrado (presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro) avisou que o Centro de Treinamento estaria fechado por tempo indeterminado. Quando tudo aconteceu imaginávamos que isso tudo seria resolvido em poucos dias ou semanas. Não tínhamos a dimensão do que estava acontecendo”, declarou o paratleta, já garantido para o evento de Tóquio.
Conselho de amigo
Durante a conversa, ambos os atletas demonstraram uma forte preocupação em manter um psicológico bastante forte para conseguir passar este momento e estarem prontos para os Jogos de Tóquio no ano que vem.
Aos 19 anos, Bruna relembrou a derrota sofrida para a porto riquenha Melanie Díaz nos Jogos Pan-Americanos de Lima do ano passado que acabou tirando o ouro inédito para o Brasil nas disputadas por equipes femininas.
“Os Jogos Pan-Americanos de Lima acabaram sendo uma experiência muito dolorosa pra mim. Na final por equipes eu ganhei da Adriana Díaz, porém acabei sendo derrotada pela irmã dela, a Melanie. Estava 2 a 0 pra mim e acabei perdendo o jogo. Por essa ter sido a última partida acabei colocando em mim a culpa pela derrota”.
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Dono de cinco ouros em Parapan-Americanos, Salmin também relembrou a sua experiência frustrante em grandes competições – acabou não conseguindo desempenhar o que esperava na Paralímpiada do Rio por conta de uma lesão- e usou a sua experiência para passar um conselho para a companheira de modalidade.
“Eu tirei essa responsabilidade da cabeça, de ser obrigado a ganhar. Sei da minha qualidade, sei que posso enfrentar qualquer um da minha categoria. Mas hoje eu penso mesmo em fazer a melhor performance possível, focar em chegar bem nas competições. Não quero pensar que tenho de ganhar, porque acho que isso será consequência de eu conseguir jogar bem”, declarou o atleta, que nasceu sem o fêmur da perna direita e utiliza uma prótese na perna direita.
História sendo feita
Com apenas 19 anos, Bruna Takahashi conquistou três medalhas Pan-Americanas no ano passado – prata por equipes, bronze no individual e prata nas duplas mistas. Atual número 47 do ranking mundial, a mesatenista foi a primeira brasileira a atingir uma posição entre as 50 melhores do planeta.
“Foi um feito histórico para o Brasil e o tênis de mesa. Fico muito feliz por estar subindo no ranking e saber que estou seguindo o caminho certo. Espero conseguir cada vez mais uma melhor posição no ranking e seguir evoluindo cada vez mais”, declarou a atleta que já está garantida em Tóquio após a revanche sobre as porto riquenhas no Pré-Olímpico Latino de Equipes disputado no ano passado.