Aos 34 anos, Gustavo Tsuboi segue sendo referência no tênis de mesa brasileiro. Todos os amantes do esporte sabem quem ele é, param para tirar fotos e pedir autógrafos em bolinhas ou raquetes. Durante a disputa do 53º Campeonato Brasileiro, realizado em São Paulo, o atleta atraía olhares, especialmente de crianças.
“Quando eu era dessa idade assim, dessa molecada que está aqui, eu nem imaginava onde eu poderia chegar. Acho que a percepção e perspectiva que eu tinha naquela época era muito diferente do que essa molecada pode ter hoje. Acho que com o Hugo Calderano despontando entre os melhores do mundo, eu também alcançando top 50 e depois top 30 do mundo, essa galerinha nos tem como espelho e sabem onde podem chegar. Podem pensar ‘Se ele chegou, porque eu também não posso?’”, opina o atleta.
Com seu currículo, Tsuboi tem que chamar a atenção mesmo. O experiente jogador já participou de três Olimpíadas e cinco Jogos Pan-Americanos. No último, realizado este ano em Lima, no Peru, colocou mais medalhas no histórico, uma de cada cor: bronze em equipes, prata nas duplas mistas, ao lado de Bruna Takahashi e ouro nas duplas masculinas, ao lado de Hugo Calderano. Ajudou também a seleção na conquista do Pan-Americano de tênis de mesa e na vaga para os Jogos de Tóquio no ano que vem.
Melhor marca da carreira
Além disso, 2019 foi especial em termos de ranking. No começo do ano, Tsuboi chegou a ficar três meses como número 28 do mundo, atingindo a melhor colocação na carreira. Graças ao novo modelo de ranking, o brasileiro perdeu pontuações durante o ano e fechou a lista na posição 41. Mesmo assim, este ano que termina tem que ser muito comemorado.
“Eu acho que esse ano foi bem positivo para mim. Eu alcancei minha melhor marca no ranking mundial, fiquei bem satisfeito com esse feito. Teve Jogos Pan-Americanos em Lima, uma competição muito importante para o Brasil. Voltei com três medalhas, fiquei muito satisfeito. Com certeza fica um gostinho de que daria para ter ido um pouco melhor, mas faz parte, o esporte é assim, nem sempre a gente ganha tudo. Foi um ano bem positivo para mim, e eu ainda estou lutando, batalhando, para cada vez mais melhorar meu nível e trazer conquistas, tanto pessoais quanto também para o Brasil.”, afirmou o jogador.
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Briga por vaga olímpica
A meta de Tsuboi é fazer de 2020 um ano ainda melhor. Atual segundo melhor brasileiro no ranking – Hugo Calderano é o primeiro, em 6º lugar – Tsuboi garante uma vaga em Tóquio se conseguir se manter como segundo brasileiro no ranking até junho. Caso contrário, terá que conquistar a terceira vaga para Tóquio por escolha técnica. Com Calderano garantido, Tsuboi disputada duas vagas com Vitor Ishiy, Eric Jouti e Thiago Monteiro. Ele ainda pode conseguir se classificar para os Jogos através das duplas mistas, ao lado de Bruna Takahashi, mesma parceria que lhe rendeu a medalha de prata no Pan de Lima.
Se conseguir ir para a 4ª Olimpíada, Tsuboi será o mais velho da equipe. Hugo Calderano tem 23 anos, Vitor Ishiy tem 24 e Eric Jouti tem 25. A tendência é de que Thiago Monteiro, com 38 anos, fique de fora.
“Eu tenho mais experiência que eles em campeonatos, olimpíadas, pan-americanos e mundiais, mas eles vieram de uma geração na qual a educação que tiveram – educação do esporte de alto nível – foi diferente da minha. Então, apesar da idade que eles têm, eu acho que eles já têm maturidade para encarar qualquer desafio, as vezes até melhor do que eu. Acho que não tenho que me preocupar em acrescentar algo para eles. Eles já sabem fazer bem o papel deles.”, afirmou Tsuboi.
Para Hugo Hoyoma, técnico da seleção feminina, a experiência de Tsuboi pode, sim, fazer a diferença. “O Gustavo é um atleta bastante disciplinado, tem cabeça boa. Eu acredito que ele possa lutar até por mais um ciclo olímpico, se ele quiser. Mas depende muito de cada atleta, de manter a própria confiança. É lógico que essa garotada vem com mais força, mas o ‘mais velho’ tem mais experiência, então na hora decisiva ele leva um pouco de vantagem também.”, opina Hugo Hoyoma.
Começo tardio
Apesar de tantas conquistas e de tantos anos de dedicação ao esporte, muitos brasileiros criticam Tsuboi. O atleta, no entanto, não se deixa abalar. Afinal, conviveu com críticas antes mesmo de começar no esporte.
“Eu comecei tarde, com 12 anos. Para o nível que eu cheguei, poucas pessoas acreditavam que eu poderia chegar. Todo mundo que chegou nível de seleção nacional, tanto brasileira, quanto de outros países, começa com 6 ou 7 anos de idade. Então eu comecei um pouco tarde.”, lembra. “Eu falo isso porque eu posso ser uma prova de que mesmo quem começa com 12 ou 13 anos, ainda tem chance. E acho que o mais importante é se dedicar mesmo, ter disciplina, de treinar, de querer, aquela vontade interna. Quando eu tinha essa idade eu fazia só por diversão, por amor, nunca imaginei que eu poderia ser profissional. Acho que nessa idade isso é importante, se divertir, fazer com amor. Mas claro que, com trabalho e seriedade, os resultados acabam vindo.”, conclui.
Com trabalho e dedicação os resultados vêm. Com a experiência, isso também pode acontecer. É o que Gustavo Tsuboi espera para 2020.