Na última sexta-feira (13), a disputa individual paralímpica tomou conta do 53º Campeonato Brasileiro de tênis de mesa. Em meio a tantos jogos, uma gritaria na arquibancada chamou a atenção: “Vai Lucas!! Boa, Lucas!”. A torcida era para Lucas Carvalhal, de apenas 13 anos. Mesmo distante três mesas da animada torcida, o garoto recebia o carinho e se incentivava. “Ter torcida é bom, você vê, você tem ânimo, ajuda bastante.”, comenta com a sobriedade de alguém muito mais velho.
Do outro lado da mesa, estava realmente alguém bem mais velho. O adversário de Lucas na final da Classe 5 do Brasileiro era Gerson Hitz, da Associação Joinvilense, de 49 anos. Apesar da experiência, Gerson se desestabilizou com a pequena-grande torcida, reclamou com o juiz e se desconcentrou. Do outro lado, o menino jogava com calma, maturidade e comemorava muito a cada ponto. No fim, o grito de “É campeão” da pequena torcida explodiu o Centro Paralímpico, em São Paulo. Lucas, depois de conquistar o primeiro título brasileiro, encostou a cabeça na mesa, emocionado. “Foi muito bom, uma experiência muito boa ser campeão brasileiro pela primeira vez.”, comemora.
Esta não foi a primeira disputa entre Lucas e Gerson. Em 2019, ambos jogaram quatro Copas; nas duas primeiras Gerson venceu, nas duas últimas, Lucas estava no lugar mais alto do pódio. O desempate tinha que ser no maior campeonato do ano, e foi Lucas quem saiu campeão, graças à ajuda dos amigos e da família.
Atleta da AACD, de São Paulo, o garoto começou no tênis de mesa com 11 anos. “Eu ia fazer natação, mas não tinha vaga e eu fui o para o tênis de mesa.”, lembra Lucas. “Conhecemos o técnico Rafael e aí o Lucas começou a bater bola e viu que era isso que queria. Ele começou a treinar mais sério e começou a descobrir essa paixão”, completa a mãe, Cristine Carvalhal.
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Apesar da maturidade, faz apenas um ano que Lucas Carvalhal participa de campeonatos. O primeiro torneio foi justamente no Campeonato Brasileiro do ano passado, disputado em Concórdia, em Santa Catarina. “Ele adorou competir, estava no sangue dele e ele descobriu nessa primeira competição. Aí eu cheguei para ele e perguntei ‘Lucas, é isso que você quer?’, ele respondeu ‘Mãe, é isso que eu quero’. ‘Então está bem. A partir do ano que vem nós vamos começar para valer’.”, lembra Cris.
O esporte mudou também a saúde de Lucas. Cadeirante graças à descoberta de um tumor na medula com apenas 1 ano de idade, o garoto melhorou sua avaliação médica desde que começou a praticar o tênis de mesa. “Até os médicos, tanto o fisiatra quanto o ortopedista, falaram que esse ano foi a melhor avaliação de todas, desde que a história começou. A cabeça mudou, então o corpo responde melhor”, comemora Cris.
Lucas sonha em se tornar profissional e, algum dia, vencer uma Paralimpíada. Para a realização desse sonho, uma pessoa indispensável estará sempre naquela torcida. É a que mais grita, a que mais se emociona. “Nossa, minha mãe é uma doida”, ri. “Minha mãe está comigo em todo jogo, todo torneio, estamos sempre juntos.”, completa o jovem campeão brasileiro.
