O Brasil terá três representantes nas quartas de final da categoria até 18 anos mundial feminina na 34ª edição do Bahia Juniors Cup – Troféu Nilton Vasconcelos. Destaque para a goiana Nalanda Silva, que treina no Rio de Janeiro, tenista oriunda de projeto social em Minaçu (GO) e número dois do ranking da América do Sul, que virou o placar e vai em busca da vaga na semifinal.
A competição em Salvador (BA) no Clube Bahiano de Tênis, no bairro da Graça, tem entrada gratuita e recorde com 307 atletas de 15 países.
Nalanda passou pela brasileira Thassane Abrahim por 2 sets a 1 com parciais de 5/7 7/6 (7/0) 6/1 após duas horas e meia de duração e vai encarar a quarta favorita, a chilena Jimena Gonzalez que derrotou a catarinense Namie Isago por um duplo 6/1: “No começo estava meio nervosa, a bola estava mais rápida, mas consegui confirmar quase todos os games de saque, no segundo set joguei firme, no terceiro aumentei minha intensidade e ela baixou”, disse a tenista de 15 anos.
Nalanda começou a jogar tênis com nove anos de idade graças ao projeto social chamado Quadra de Talentos de um dos seus treinadores, o francês Laurent Philippe, que trabalhou na Federação Francesa de Tênis e se mudou para o Brasil. A menina se destacou e passou a se dedicar ao esporte tendo resultados expressivos nas categorias de base. Só que no ano passado os recursos para manter o projeto social terminaram por conta da crise e os treinamentos em Goiás cessaram. Nalanda chegou a se mudar para Goiânia onde ficou um curto período de também antes de ser acudida pela academia Tennis Route, na capital carioca, que banca os custeios de treinamento, algumas viagens e estadia.
A tenista é de origem humilde. Seu pai está desempregado, a empresa de amianto em Minaçu onde trabalhava, chamada SAMA, com máquinas faliu com a crise financeira um ano antes dele completar 20 anos e ter direito à aposentadoria. Sua mãe há pouco tempo estava desempregada, mas voltou recentemente ao mercado trabalhando como professora em uma escola na de Goiânia. Os pais da tenista moram na capital goiana graças a ajuda de um dos apoiadores de sua carreira, Rubens Rela, que ofereceu uma casa para eles.
“Comecei nesse projeto social, tinham várias crianças que iam ao projeto e eles pagavam viagens, alimentação e tudo, ajudavam muito. Mas a empresa que patrocinava nós fechou e terminou o projeto em novembro. Depois fiquei três semanas em Goiânia e o Laurent me levou para o Rio de Janeiro e a Tennis Route me ajuda bastante com treinamento, estadia, algumas viagens, outras viagens algumas pessoas pagam. Quem me ajuda bastante é o Rubens Rela, confia muito em mim, espero que chegue lá um dia. Meus pais se mudaram para Goiânia, o Rubens tinha uma casa que não usava e cedeu para eles. Hoje em dia vejo meus pais pouco, de quatro em quatro meses, esse ano vi duas somente”, apontou a tenista.
Nesta temporada Nalanda foi vice-campeã do torneio mundial no Paraguai, ficou em segundo lugar no ranking Sul-Americano até 16 anos somando um título e quatro finais, mas não pode disputar uma série de eventos justo por conta de grana.
“Tem muitos torneios que não joguei por conta de grana. Deixei de jogar vários eventos mundiais ITF e tive que jogar os Cosats Sul-Americanos por que a Confederação Brasileira de Tênis ajudava e não tinha muito custo. Não deu para fazer os torneios que queria, mas tamos aí. Para o segundo semestre não sei também, com certeza trava não ter patrocínio para jogar os torneios. Era para eu ter começado a jogar profissionais já este ano, mas por falta de grana não deu, mas ano que vem a ideia é jogar profissionais e eventos ITF juvenis”.
A tenista destaca o papel de Laurent para sua carreira. Hoje em dia o treinamento está mais focado com os técnicos da Tennis Route como João Pedro: “Laurent faz tudo praticamente pra mim, vê passagem, viagem, hospedagem, meu calendário ele que faz, o João Pedro é meu treinador na academia, mas o Laurent hoje me ajuda nessa parte fora da quadra”.
Todas as ajudas que recebe e as dificuldades que têm para ser uma jogadora, Nalanda espera retribuir em quadra e ter sucesso na carreira: “Quero ser profissional, estou trabalhando para isso, quem sabe ser número 1 do mundo, quero chegar lá”.
Nas quartas de final, Nalanda pega a quarta favorita, a chilena Jimena Gonzalez.
Favoritas vencem. Baiana e filha de craque do futebol Alex são eliminadas nas oitavas
Não deu para dois dos destaques da competição. A filha do craque de futebol Alex, que atuou pelo Cruzeiro, Palmeiras, Flamengo, Fenerbache, da Turquia, entre outros clubes, a tenista Maria Mauad caiu diante da sexta favorita, a finlandesa Alexandra Antilla, por 6/1 6/0. Apesar do resultado ela saiu contente com a semana. Com apenas 14 anos furou o qualificatório em seu primeiro torneio mundial juvenil e marcou sua primeira vitória e os primeiros pontos no ranking.
“Tênis tem dias bons e ruins, hoje não deu, mérito total para ela. Essa semana foi muito legal, usufrui bastante desse torneio, ambiente muito legal. Hoje joguei contra uma europeia, nunca tinha jogado contra uma antes, foi bem legal, conversamos muito depois do jogo, ontem tive uma partida duríssimo que tirei muito proveito dele, mas cheguei quebrada hoje, travada, mas furar o quali e ter feito meus primeiros pontos e foi muito legal”, disse Mauad que segue para o torneio de Itajaí (SC), mais um evento para o ranking mundial onde jogará o quali no final de semana.
Antilla enfrentará nas quartas de final a brasileira Ana Luiza Cruz, segunda favorita, que passou pela baiana Maria Menezes por um duplo 6/2: “Mais uma vez lidei bem com a pressão de ser uma das favoritas, ter aquele friozinho na barriga, oscilei pouco, finalzinho sempre pode dar aquela oscilada, mas depois joguei firme e dei meu melhor. Agora é me preparar para o que vem, é só desafio”.
A terceira brasileira nas quartas é a tenista de Niterói (RJ), Isabela Mercante, que perdeu o primeiro set por 6/3, mas vencia o segundo por 4/2 e viu a russa Anfisa Danilchenko, terceira favorita, abandonar sentindo os efeitos do calor de Salvador (BA). Mercante enfrenta a colombiana Gabriela Giraldo, sétima favorita, por vaga na semifinal.
A principal favorita, a polonesa Weronika Baszak, não teve problemas para superar a jovem gaúcha de 13 anos, Amanda Oliveira, que também marcou seus primeiros pontos na carreira no evento baiano. Baszak marcou 6/0 6/2: “Hoje foi melhor do que a estreia, me senti mais confortável, com menos estresse, a oponente era melhor e quando alguém joga bem eu também elevo meu nível. Espero jogar ainda melhor e vencer a próxima”, apontou a tenista que aproveitou os últimos dias para conhecer um pouco mais da capital baiana que visita pela primeira vez: “Fui ao centro, vi muitas igrejas, a cidade antiga, é ótima, incrível. Fui à praia, não por muito tempo, mas fui. Estou curtindo bem a cidade”.
Baszak enfrenta a americana Dakota Fordham, quinta favorita e que mora e treina em Nova York. Dakota passou pela brasileira Giulia Aguiar por 6/2 6/1.
Troféu do Bahia Juniors Cup passa a se chamar Comendador Nilton Vasconcelos
Nesta 34ª edição do Bahia Juniors Cup, o troféu para todos os campeões terá o nome Troféu Comendador Nilton Vasconcelos, homenagem ao ex-secretário da Setre, a Secretaria de Trabalho, Renda e Esporte do estado da Bahia.
“Em 2010 a Federação Baiana de Tênis imbuída de resgatar o alto rendimento e a revelação de novos talentos, idealizou a realização de torneios de grande porte criando oportunidades para os atletas baianos. Apresentado esse projeto ao secretário em 2010, a Setre viabilizou o torneio profissioal ATP Challenger Aberto da Bahia e o Future Aberto de Salvador no mesmo ano. Em 2011, o Future Aberto de Salvador voltou a ser realizado tendo o baiano Alexandre Schnitman como vice-campeão marcando seus primeiros pontos na ATP, assim como Silas Cerqueira que também fez seus primeiros pontos nessas oportunidades. Também a partir de 2011, a Sudesb passou a apoiar o retorno do Bahia Juniors Cup, torneio das categorias de acesso, que desde então tem revelado campeões como o paranaense o Thiago Wild campeão de 2016 do Bahia Juniors Cup e que acaba de vencer o US Open entrando para a história do tênis nacional. Por esses e outros motivos visionários, reconhecemos em Nilton, um grande incentivador do tênis e uma pessoa muito especial”, afirmou Gian Biglia, um dos organizadores da 34ª edição do Bahia Juniors Cup.
“É uma ótima homenagem. Nilton é um grande gestor e também para o esporte na Bahia, com grande participação apoiando eventos esportivos no estado, em especial o tênis ajudando a alavancar nossos atletas para o Brasil e o mundo”, apontou José Sandes, diretor da Unisport, Unisport das Federações do Esporte Amador da Bahia.
Resultados de Momento desta Quarta-Feira (03/09):
Torneio ITF 18 anos
Quadra 1
(1) Weronika Baszak (POL) 6/0 6/2 Amanda Oliveira (BRA)
(2) Ana Luiza Cruz (BRA) 6/2 6/2 Maria Menezes (BRA)
10h – Nalanda Teixeira (BRA) 5/7 7/6 (7/0) 6/1 Thassane Abrahim (BRA)
Em andamento – Ezequiel Monferrer (ARG) x (3) Pedro Boscardin (BRA)
(1) Natan Rodrigues (BRA) x Luiz Santos (BRA)
Gustavo Schwebel (BRA) x (Q) Gustavo Magalhães (BRA)
Quadra 2
(5) Dakota Fordham (EUA) 6/2 6/1 Giulia de Aguiar (BRA)
(6) Alexandra Antilla (FIN) 6/1 6/0 Maria Mauad (BRA)
(4) Rafael Marques (BRA) x Guilherme Diniz (BRA)
Nicolas Zanellato (BRA) x Guilherme Zotin (BRA)
13h30 – João Duleba (BRA) x (2) Ilarion Danilchenko (RUS)
Quadra 3
(4) Jimar Gonzalez (CHI) 6/1 6/1 Namie Isago (BRA)
(7) Gabriela Giraldo (COL) 6/1 6/3 Isabela Fioravanti (BRA)
10h – Isabela Mercante (BRA) 3/6 4/3 abandono (3) Anfisa Danilchenko (RUS)
Breno Ferreira (BRA) x Bryan Kuntz (BRA)
13h30 – Joaquim Almeida (BRA) x Gustavo Madureira (BRA)
Serviço:
Quando: de 29 de Setembro até 6 de Outubro
Onde: Clube Bahiano de Tênis
Endereço: Rua Oito de Dezembro, 525, Graça, Salvador (BA)
Programação prévia 34º Bahia Juniors Cup*
Quinta-Feira – 4 de Outubro – Quartas de Final – A partir das 9h
Sexta-Feira – 5 de Outubro – Semi Finais – A partir das 9h
Sábado – 6 de Outubro – Finais – A partir das 9h