A tenista Bia Haddad Maia, que acabou de voltar da China com o título mais importante da carreira, falou de competir na Olimpíada de 2024. “Pretendo estar na Olimpíada, vai ser um sonho, poder compartilhar experiências com mais brasileiras, vai ser algo histórico. Ainda mais em Paris, que já tem um cantinho especial no meu coração, então estou bem animada”.
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Na tarde desta terça-feira (31), Bia carregava os dois troféus que venceu no WTA Elite Trophy, tanto o de simples quanto de duplas. Assim, por mais de meia hora de entrevista coletiva, a tenista fez um balanço do ano de 2023 e comentou sobre o acidente que sofreu em Guadalajara. Além disso, a tenista exaltou o feito de Laura Pigossi no Pan de Santiago e fez projeções dos próximos passos até o próximo ano. Isso inclui os planos para disputar os Jogos Olímpicos pela primeira vez na carreira. Por fim, mostrou confiança nos objetivos de, primeiro, se consolidar no Top-10 e depois brigar para chegar a ser número 1 do mundo.
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Então, confira o que a brasileira, que ocupa a 11ª colocação no ranking falou:
Pan-Americano e Paris 2024
A gente está em um momento muito especial, consegui acompanhar de longe a Laura. Fiquei muito feliz pelo resultado. A Laura é uma menina que trabalha muito, ela é muito disciplinada. A forma como ela encarou a carreira dela, de abrir mão da zona de conforto, para morar na Espanha, buscar o sonho dela. Isso sempre mostrou muito que ela tinha um objetivo e ela merece isso. Ainda não sei se matematicamente estou classificada, mas é um objetivo. Pretendo estar na Olimpíada, vai ser um sonho, poder compartilhar experiências com mais brasileiras, vai ser algo histórico. Ainda mais em Paris, que já tem um cantinho especial no meu coração, então estou bem animada.
Eu tenho o sonho de ganhar um Grand Slam. Mas, ao mesmo tempo, é um ano olímpico, muito especial, nunca disputei uma Olimpíada. Então, esse é um objetivo. Vou tentar encarar esses torneios de uma forma otimista, com pés no chão.
Confesso que não sei como funciona o critério para duplas. Meu objetivo principal é no torneio de simples. Claro que, se eu puder jogar nas duplas, vou me sentir muito grata e honrada. Independente de quem for, o Brasil estará muito bem representado. Acho que, a Luisa nem precisamos falar, de tudo o que ela passou, os resultados que ela tem é inexplicável. Independente se for com a Ingrid Martins, ela já mostrou que joga junto, com a Laura também. Comigo será um prazer também. Vou torcer para que tenhamos uma dupla e estaremos bem representados.
Balanço do ano
No ano de 2023, teve algumas coisas que poderiam ter saído melhores, talvez em alguns momentos não saíram como eu gostaria. Tudo o que eu fiz foi dando meu 100%. Tenho certeza de que, quando chegar 31 de dezembro, eu vou olhar para trás desde o 1º de janeiro, jogando um alto nível de tênis, passando tudo o que eu passei no Australian Open, perdi na primeira rodada. Passando por torneios com bastante dor, como foi em Roma, que eu consegui me superar e fazer uma semana muito boa.
Depois veio Roland Garros e foi do jeito que foi. Na grama, não aconteceu como eu gostaria. Tive meus altos e baixos, oscilei como todo ser humano. Ali, depois do US Open, foi onde eu passei por algumas situações difíceis, não estavam sob meu controle. Mentalmente foi muito difícil para mim, mas eu segui trabalhando duro. Acho que consegui terminar o ano de uma forma muito positiva. Agora, para 2024, gostaria de melhorar alguns aspectos específicos. Falando de objetivos concretos, colocaria terminar o ano no top-10 e classificando para o Finals.
É um ano de consolidação. Comecei o ano sendo cabeça de chave de torneio, sendo favorita em torneios, que eu nunca tinha sido. Aprendi a lidar com coisas que eu nunca tinha lidado e acho que muito bem. Estou feliz em estar terminando a temporada com esses dois troféus.
Acidente no México
O que aconteceu em Guadalajara foi um susto mesmo, pela situação como foi. Sair do balho, o vidro estourar em cima de mim, todos cortes, estar sangrando, ter que ir ao hospital, tomar pontos, longe de casa, sabendo que eu estava em um momento positivo. Infelizmente aconteceu, mas, como eu sempre encarei as dificuldades em todos os momentos da minha carreira, sempre tentei tirar algo positivo. Foi um momento que pude desfrutar de alguns momentos em casa. Tomei pontos na mão e isso acabou prejudicando minha preparação para a Ásia, não só Guadalajara, mas perdi também o torneio de Tóquio e acabei viajando em cima para Pequim.
Quando viajei ainda estava com os pontos na mão. Quando joguei ainda estava com os pontos na parte de dentro, isso acabava atrapalhando. Também não estava batendo de backhand. A questão de adaptar ao ritmo de jogo. Isso, mentalmente, me deixou mais insegura, o lado emocional fica um pouco mais aflorado, reflete não só no backhand, sou um ser humano. Demorou um pouco para eu conseguir me adaptar de volta e me sentir bem dentro de quadra. Fiquei muito feliz da forma como eu conduzi, porque eu poderia ter escolhido me expor, só ter ficado em casa. Foi uma escolha minha de querer enfrentar a situação, me superar dentro dela. Essa última semana foi resultado dessa entrega e do que eu plantei durante essas três semanas que estava por lá.
A mão está quase 100%, ainda tem uma parte que a sensibilidade está diferente, ainda me incomoda um pouco, mas na quadra não me limita em nada. Já cicatrizou bem, daqui a pouco não me atrapalha mais.
De contusão para título
Acho que o principal foi como lidei com a expectativa. Depois de Wimbledon, tive aquela contusão nas costas. Sabia que tinha poucos pontos para defender. Sabia também que era um momento especial para mim, que poderia colocar como objetivo ir para o Finals, via sim a possibilidade de terminar o ano no Top-10 naquele momento. Acabei não lidando muito bem. Depois dessa sequência ruim, baixei minhas expectativas. Quando fazemos isso e focamos no trabalho, as chances de ter maior sucesso aumentam. Me propus a trabalhar muito, trabalhar mais, ficar mais fechada, mais quieta, mais concentrada. O momento do acidente deu para notar que meu bastante. Mas estou muito feliz que consegui reverter essa situação e extrair tudo de mim para terminar Zhuhai da melhor maneira possível, foi uma semana excelente.
Escalada no ranking
Falando um pouco sobre ranking, se colocar as 20 melhores do mundo, uma característica parecida de todas é serem muito agressivas. Eu tenho um jogo agressivo, então estou nesse pelotão de jogadoras. As top-10 são mais constantes, conseguem manter essa agressividade por mais semanas durante o ano. E as que são as cinco melhores do mundo, conseguem fazer isso nos torneios grandes, que vale mais pontos. Se eu colocar o meu calendário desse ano, em seis ou sete de WTA 1000 eu não tive resultados expressivos, além do Australian Open e do US Open.
São praticamente dez torneios no ano que valem muito, praticamente não consegui performar. Um dos meus objetivos é melhorar minha performance e ter essa constância nos torneios de alto nível. Quem sabe se nesse ano eu não tivesse ido bem em dois desses torneios, sabe lá onde meu ranking estaria. Em relação à jogo, já mostrei para mim mesma, através dos jogos e resultados, que sim é possível entrar no top-10. Mas tudo vai depender da forma como eu encarar e manter essa constância durante o ano que vem.
Ser número 1 do mundo
Quando a gente fala de número 1, a partir do momento que estou em 11ª, essas dez posições, cada posição é muito esforço para a gente atingir. Agora a 10ª, quando estiver na 10ª, quero estar na 9ª. A partir do momento que você consegue ficar em quinto, quarto lugar, você já briga por coisas maiores. Meu principal objetivo é estar no Top 10, consolidar. E a partir que você faz uma semifinal de um Grand Slam, você se coloca numa posição de ganhar um Grand Slam, e quando você se coloca numa posição de ganhar um Grand Slam, você se coloca na posição de sonhar em ser número um do mundo. É um objetivo. Ainda tenho que me consolidar no Top 10, mas acredito sim que posso ser número 1.