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Bia releva inspiração no bronze de Tóquio para ano histórico

Mais confiante, equilibrada e agressiva, Bia Haddad brilha em 2022 e revela que bronze do tênis em Tóquio lhe serviu de inspiração para temporada histórica

Bia Haddad Maia (Fernando Gavini)
Fernando Gavini

Beatriz Haddad Maia vive em 2022 a melhor temporada de sua carreira. A brasileira fez história ao ser vice-campeã de duplas no Australian Open logo no começo de janeiro. Nos últimos dois meses, na gira europeia, chegou a seis finais e conquistou mais dois títulos de simples e dois de duplas. O desempenho impressionante vai deixá-la entre as 25 melhores do mundo no ranking que será divulgado na próxima segunda-feira. Potencial, a tenista paulistana de 26 anos sempre soube que tinha. Faltava ser mais confiante, equilibrada e, sempre que necessário, agressiva, atributos que ela tem conseguido juntar ao seu talento natural. Além disso, a atleta revelou que a medalha de bronze conquistada por Laura Pigossi e Luisa Stefani nos Jogos Olímpicos de Tóquio contribuiu para dar a ela ainda mais motivação em busca dos melhores resultados possíveis nos torneios.

“Eu acho que todos esses recordes e essas conquistas bacanas que estou tendo, por ser brasileira, eles são especiais. Eu fico muito feliz mesmo por ser uma brasileira mulher, podendo representar tudo isso. Eu acho que é legal a gente relembrar de todas as jogadoras, desde a Teliana (Pereira, 43ª do mundo em 2015 ou até mesmo a Dadá (Andrea Vieira, 76ª em 1989), que foram top-100, ou mesmo agora a Gabi (Gabriela Cé) jogando quali de Grand Slam como a Carol (Meligeni) e a Laura (Pigossi). A Luísa e a Laura conquistando a medalha de bronze em Tóquio, coincidentemente as duas são da mesma cidade que eu (São Paulo) e somos praticamente da mesma geração. Eu tenho certeza que me fez acreditar que era possível chegar na Austrália e fazer uma final. Então, elas me inspiraram sim. Eu acho que tudo isso é muito positivo pra gente ver cada vez mais meninas acreditando e, olhando pra gente, se inspirando. O ponto principal é quando uma começa a puxar a outra e fazer a outra acreditar também”, contou Bia Haddad Maia, que, no entanto, não se ilude.

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“Quando eu olho para o lado e vejo as meninas que eu enfrento e realidade do circuito, é algo natural. Quando o país tem uma cultura no esporte, especialmente no tênis, eles lidam com isso de uma maneira natural. Então, quando você tem um jogador às vezes em um país com uma expectativa muito grande, eu acho que aquilo se torna algo um pouco maior e aqui (no Brasil) a gente acaba valorizando muito quando o resultado é bom e a gente acaba talvez se frustrando ou às vezes até criticando quando o resultado não é tão bom. Apesar de eu estar feliz, eu tenho os pés no chão porque o tênis é um esporte que testa o tempo inteiro sua convicção”, afirma a tenista, que vive atualmente o lado bom da moeda, mas que conhece muito bem o outro.

Beatriz Haddad Maia
Bia Haddad vence final de simples contra americana por 2 a 1 e é campeão do WTA de Nottingham (WTA)

Apesar do potencial que Bia Haddad Maia sempre teve e que a levou a ser a 58ª do mundo com 21 anos de idade, problemas de lesão a atrapalharam de chegar ao lugar que está hoje antes. Teve também a suspensão por doping que a deixou dez meses afastada das quadras entre julho de 2019 e maio de 2020. “Eu fico feliz pelo reconhecimento do meu trabalho. Fico satisfeita de dar essa felicidade para as pessoas. Acho que o brasileiro é muito competitivo e gosta muito de ganhar. Só que eu já passei momentos muito duros na minha carreira, na minha história. Nesses momentos, é muito difícil aguentar. Eu acho que quando você tem equilíbrio na vitória, é mais fácil você ter equilíbrio também no momento difícil. Eu estou hoje num momento bacana da minha vida, mas daqui três meses eu não sei o que pode acontecer e há dois anos também foi um momento (doping) muito difícil. Então, o que eu busco na verdade é ter equilíbrio”, afirmou.

Mas não tem nada que deixa Bia Haddad mais feliz do que ver sua torcedora número 1, a avó, com o sorriso no rosto por causa das vitórias da neta. “O que me deixa feliz do fundo do meu coração é de proporcionar felicidade para a minha família, principalmente para os meus avós, que são amantes de tênis. Minha avó faz 89 anos domingo e ela segue jogando o tênis dela. Para mim, não tem orgulho maior. Isso é muito especial e eu fico realmente muito feliz pelo meu trabalho”

Bia Haddad Maia Wimbledon Rafael Matos Bruno Soares duplas tênis duplas
Derrota na estreia em Wimbledon trouxe a ela a lição de que precisa ser sempre agressiva (Adrian Dennis-AFP)

Apesar de tudo o que conquistou já em 2022, Bia Haddad Maia quer mais. A jogadora só pensa em evoluir e melhorar seu jogo para que os momentos vividos nos últimos meses possam se repetir. “O que me aguarda é trabalhar mais. Os jogos agora são mais duros, os torneios são mais duros a partir de agora… O meu objetivo será jogar em alto nível nos torneios maiores, e não só nos menores. Acho que o fato de eu ter perdido Wimbledon (na primeira rodada) me deixou claro mais uma vez que eu tenho que ser mesmo cada vez mais uma jogadora agressiva independente da quadra em que eu estiver jogando. Eu tenho alguns pontos do meu jogo que eu ainda preciso melhorar. Eu acho que todos os meus golpes eu ainda posso elevar de patamar”, acredita.

“Já em termos de ranking… provavelmente serei a 25 de simples e 24 de duplas na semana que vem. Então, agora que a gente está 25, a gente colocou esse objetivo até o final do ano porque no tênis a gente tem que defender os pontos do ano passado. Então, a gente achou esse um objetivo muito bom se a gente conseguir conquistar. Quando começou o ano e a gente estava em 85, traçamos estar em 50 no final do ano. Então, agora é trabalhar duro pra coisas acontecerem no tempo em que tiverem que acontecer”, completou.

Fundador e diretor de conteúdo do Olimpíada Todo Dia

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