O tênis, de maneira geral, sempre foi considerado um esporte de elite, com difícil acesso à modalidade. Mas esta realidade tem mudado nos últimos anos, graças a iniciativas privadas, como a Rede Tênis Brasil, criada em 2020, que busca fomentar e democratizar o esporte no país. Para isso, a instituição atua em duas frentes: na popularização do tênis, através de escolas públicas, e no investimento ao alto rendimento, com parcerias com atletas como Bia Haddad.
“O tenista é um atleta solitário, faz tudo muito sozinho. Minha formação sempre foi pensada no que era melhor para mim e nunca pensei em estar inserida em um projeto desse porte. Nós juntos somos muito mais fortes e estamos fazendo o possível dentro do impossível, porque o Brasil é muito grande. A gente vê países pequenos com muitos atletas, centros enormes… E o que a gente está fazendo agora é para colher nos próximos anos, não só olhando para o tênis profissional, mas levando o tênis para pessoas que talvez nunca o conheceriam”, destacou Bia Haddad em coletiva de imprensa nesta sexta-feira (25).
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“É um sonho, não só meu, de ver o tênis crescendo, com mais oportunidades. A gente sabe que tem muita gente boa no Brasil, mas muitas vezes travado por não ter oportunidades condizentes com sua capacidade. A gente vê nosso alto rendimento sofrendo com estrutura e muitas vezes é desleal em relação a outros países. Então a gente vai lutando com as armas que têm e a ideia inicial é juntar forças, criar um sistema mais coeso, organizado, que possa dar uma estrutura melhor, um financiamento melhor. Nesse meu tempo todo como treinador, esse é o movimento mais sólido que vi acontecer no Brasil”, completou João Zwetsch, diretor-técnico da Rede Tênis Brasil e treinador de vários atletas, como Thiago Wild.
Formando cidadãos
Desde a criação do projeto, mais de 40 mil crianças já foram apresentadas ao tênis em escolas públicas. E hoje, a Rede Tênis Brasil está nas cinco regiões do Brasil, em oito estados mais o Distrito Federal. Além disso, a iniciativa busca capacitar professores e treinadores, além de sustentar academias e locais de treino.
“Hoje, é difícil achar um lugar para jogar, o tênis ainda é caro…. Então nosso objetivo é basicamente ser o grande fomentador do tênis no Brasil. E aqui a gente fala de escola pública para crianças que nunca teriam acesso. A gente sabe que a porta de entrada é difícil e por isso também não temos tantos atletas. Esse é um dos pontos que poucas pessoas dão atenção, mas que é fundamental para reverter esse quadro que temos hoje. É fortalecer o ecossistema”, explicou Raphael Barone, diretor executivo da Rede Tênis Brasil.
Mas mais do que formar tenistas, o objetivo é formar cidadãos. Por isso, os centros da Rede Tênis Brasil contam com acesso à internet e aulas gratuitas de inglês e, em breve, português e matemática. “Quando a gente leva o tênis, vemos o impacto em vários outros pontos da vida das crianças, na disciplina, por exemplo. Então a gente está oferecendo mais do que jogar tênis. Queremos formar tenistas, mas também cidadãos. Teremos tenistas, professores capacitados, mas universitários também. E nisso, você encontra os talentos. Essa é a nossa lógica”, completou.
Por fim, o projeto pretende expandir ainda mais sua atuação nos próximos anos, especialmente com o retorno às aulas presenciais quando a situação sanitária do Brasil melhorar. E vai continuar investindo também no alto rendimento, como Bia Haddad, Marcelo Demoliner e Thiago Wild. Afinal de contas, eles promovem inspiração.
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“Se a gente não tiver atletas como a Bia, não adianta apresentar o tênis nas escolas. É preciso deixar legado. A gente vê vários países que estão na vanguarda e eles fazem isso, com muitos profissionais capacitados. E é isso que a gente quer fazer para mudar o cenário do tênis no Brasil”, finalizou Barone.