Veteranos sim. E favoritos também. Em 2021, Marcelo Melo e Bruno Soares, aos 37 e 39 anos respectivamente, vão em busca da cereja do bolo de suas carreiras: uma medalha olímpica. E daqui exatos 365 dias, a vitoriosa dupla vai estrear em Tóquio-2020 com a missão de colocar o Brasil em um pódio olímpico no tênis pela primeira vez na história. O melhor resultado até hoje é o de Fernando Meligeni em Atlanta-1996, quando ficou em quarto lugar na chave de simples.
Marcelo Melo e Bruno Soares serão, provavelmente, os únicos representantes brasileiros na chave de duplas, sendo que na de simples, João Menezes, campeão do Pan de Lima-2019, deverá levar as cores verde e amarela, caso siga no top 300. Isso porque nos critérios de classificação é difícil que o Brasil consiga uma vaga no feminino.
Para marcar a contagem regressiva para a estreia das duplas do tênis em Tóquio-2020, o Olimpíada Todo Dia conversou com Marcelo Melo e explica o processo de classificação. Confira!
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Garantindo a vaga
Ao todo, a Olimpíada de Tóquio-2020 terá 32 duplas na chave masculina e o mesmo número na feminina. Trinta e uma parcerias vão se classificar através dos critérios definidos e a outra vaga será dada ao país sede, independente de já haver uma dupla classificada pelo ranking.
Existem, portanto, dois critérios de classificação: top 10 do ranking de duplas e ranking combinado. No primeiro critério, os 10 melhores colocados do ranking de duplas, no dia 7 de junho de 2021, poderão escolher um parceiro de seu país, desde que ele esteja no top 300.
Já no ranking combinado, as vagas remanescentes se dão pela soma mais baixa entre os ranking de duplas e de simples dos atletas. Ou seja, vale o melhor ranking de cada tenista e o menor somatório tem preferência pela vaga olímpica.
Nas duplas mistas, por sua vez, serão 16 parcerias formadas por tenistas já classificados para as chaves de duplas ou simples, com limite máximo de duas equipes por nação. O número de tenistas de um mesmo país, no entanto, não pode passar de seis por gênero, contando simples e dupla.
Situação dos brasileiros
Hoje, Marcelo Melo é o número cinco do mundo, enquanto Bruno Soares está em 25º lugar. Assim, a vaga deles em Tóquio-2020 virá pelo primeiro critério, quando o top 10 escolhe seu parceiro.
Os brasileiros mais próximos deles são Marcelo Demoliner e Fernando Romboli, que ocupam os postos de número 48 e 93, respectivamente. Eles poderiam entrar pelo segundo critério, de ranking combinado, mas é difícil que aconteça, já que a soma de suas posições os deixam na 141ª colocação.
Melo e Soares no auge
Melo e Soares estão no auge há anos e vão chegar forte em Tóquio. Em 2019, Melo não teve o melhor de seus desempenhos e mesmo assim faturou cinco vice-campeonatos e um título, enquanto Soares levantou três taças e fez outras duas finais.
Desde que conquistou seu primeiro título, Bruno não passou em branco em nenhuma temporada, somando 32 e 30 finais e sendo vice-líder do ranking em 2016. O mesmo aconteceu com Melo, que levantou uma taça de nível ATP pela primeira vez em 2007. Desde então, já tem 34 títulos no currículo, além de ter alcançando 29 finais e o topo do mundo. Assim, a experiência e veia vencedora os credencia a uma potencial medalha.
“Eu e o Bruno ainda estamos jogando em alto nível, conseguimos resultados grandes, então a expectativa é muito boa. E espero conquistar uma medalha. Eu quase cheguei a ganhar medalha em outras Olimpíadas, faltou um pouquinho… Então espero conquistar agora em Tóquio e nessa parte da nossa carreira vai ser muito especial”, disse Melo em entrevista ao Olimpíada Todo Dia.
E o feminino?
No feminino, a situação é mais complicada. Luisa Stefani é a brasileira mais bem colocada, estando na 46ª posição do ranking de duplas. É muito difícil que ela chegue ao top 10 até junho do ano que vem para poder escolher sua parceira. Por isso, ela precisaria combinar o ranking com alguma compatriota. No entanto, a brasileira mais próxima nas duplas é Laura Pigossi, que está em 141º lugar, enquanto na chave de simples é Gabriela Cé, número 232 do mundo.
A esperança era que Bia Haddad Maia estivesse com um bom ranking de simples para combinar com o de duplas de Stefani e assim ter uma chance de conquistar a vaga. Mas a tenista acabou pega no doping e hoje ocupa a posição de número 286 do ranking.
A suspensão terminou em maio e com o adiamento dos Jogos e com o circuito retornando em agosto, é possível que Bia melhore sua posição até junho de 2021, mas é difícil que seja suficiente para garantir a vaga. É mais provável que isso aconteça em Paris-2024.
A preparação
Ao longo da temporada da ATP, Marcelo Melo e Bruno Soares não jogam juntos, tendo parceiros diferentes. Eles só se juntam, geralmente, para defender as cores do Brasil na Copa Davis e em Olimpíadas. Por isso, o ano pré olímpico é sempre diferente para os tenistas, que precisam “trocar de parceiro” no circuito em algum momento para tentar encaixar o jogo antes da Olimpíada.
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“A preparação vai ser feita de acordo com o calendário e temos que ver como vai ser ano que vem. Com certeza vamos treinar um tempo juntos, tentar jogar alguns torneios para chegar lá da melhor maneira possível, como a gente fez nas outras Olimpíadas. Acho que é importante, mas temos que esperar um pouco para ver por causa da pandemia para tentar organizar tudo. E com certeza vai ser muito legal. Eu e o Bruno já jogamos há tantos anos, jogamos Olimpíada juntos… E vai ser uma vez para continuar representando o Brasil”, explicou Melo.
Em alguns casos, o adiamentos dos Jogos por causa da pandemia acabou sendo positivo. Para Marcelo é difícil dizer, mas uma coisa é fato: ele estava preparado.
“No meu caso, eu e o (Lukasz) Kubot vínhamos jogando muito bem, tínhamos acabado de ganhar Acapulco… Eu já estava realmente me preparando bem, me sentindo confiante, jogando bem e iria chegar em Tóquio jogando em alto nível com certeza. Agora ano que vem, falta um ano ainda… É difícil dizer se foi positivo ou não o adiamento, mas a gente estava muito bem preparado”.
A cereja do bolo
Marcelo Melo e Bruno Soares já conquistaram quase tudo na carreira e tem um currículo de dar inveja. Juntos eles somam 66 títulos e já levaram ao Brasil às duas melhores posições do ranking mundial. Mas nenhum deles conseguiu a tão sonhada medalha olímpica. Esse sonho pode enfim ser realizado em Tóquio-2020.
E fato é que jogando em 2020 ou 2021, Marcelo Melo e Bruno Soares vão com tudo para tentar fazer história. “Com certeza a medalha de ouro seria a cereja do bolo da minha carreira. Eu conquistei todos os torneios 250, 500, 1000, Grand Slam, cheguei ao número um do mundo… Acho que realmente o que está faltando é uma medalha olímpica. Vamos torcer e vou fazer de tudo para dar certo”, concluiu Melo.