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Bellucci faz avaliação do ano e espera 2020 melhor que 2019

Em entrevista exclusiva, Thomaz Bellucci analisa ano ruim que teve lesões e grande queda no ranking da ATP

Thomaz Bellucci - Foto: Caio Poltronieri/OTD
Foto: Caio Poltronieri/OTD

O ano de 2019 foi cruel para Thomaz Bellucci. Uma lesão no tornozelo direito o deixou dois meses parado. Eliminações e sequências negativas foram inevitáveis. Resultado: o tenista que havia começado o ano na posição 226 do ranking da ATP terminou 2019 fora do top 300, na 324ª posição.

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Para quem já foi número 21 do ranking em 2010, as grandes quedas de rendimento incomodam.  Mesmo não conseguindo retomar seu melhor tênis, Bellucci se mostra otimista e garante que “2020 vai ser um ano com certeza melhor que 2019.”. “Foi um ano difícil para mim, mas eu acho que ano que vem, se eu conseguir jogar o ano inteiro sem lesões, se eu estiver bem fisicamente, eu consigo recuperar meu ranking.”, prevê.

Thomaz Bellucci já foi o melhor tenista brasileiro do mundo. Profissional há 15 anos, o paulistano de 31 anos já venceu 4 torneios de ATP: Gstaad (2009), Santiago (2010), Gstaad (2012) e Geneva (2015). Chegou a ser número 21 do ranking mundial. Desde então, as constantes quedas fizeram a torcida perder a confiança e um pouco da paciência. “O pessoal acho que pega um pouco no pé por conta disso, mas acho que com a minha experiência eu não posso deixar isso interferir no meu jogo”, avalia. “Com tão poucos jogadores no Brasil eu acho que as vezes a crítica é sempre forte, e acaba saindo sempre sobre a gente, mas eu acho que com o tempo você vai sabendo administrar isso e deixar isso de lado para não interferir no seu dia-a-dia.”, completa Bellucci.

Com uma bagagem experiente, Bellucci falou ainda sobre o atual momento do tênis brasileiro e viu com otimismo a chegada de nomes novos no cenário como Orlando Luz e Felipe Meligeni Alves. “Eu acho que o Brasil tem um bom futuro, tem potencial de encontrar jogadores que possam ser top 100, acho que esses caras estão evoluindo.” Mesmo assim, Bellucci faz um alerta aos mais jovens: “Hoje em dia é muito difícil entrar entre os 100, então as vezes o jogador tem uma boa carreira de juvenil e demora 4 ou 5 anos para deslanchar no profissional. E a torcida não entende muito isso e acaba colocando muita expectativa nesses garotos e eles acabam sentindo e se prejudicando.”, completa.

Confira como foi a entrevista completa com Thomaz Bellucci:

– Qual a avaliação que você faz de 2019?

“Foi um ano difícil, tive muitas lesões, e a lesão sempre é chata porque você acaba destreinando muito e depois para voltar também leva um tempo. Então foi um ano difícil para mim, mas eu acho que ano que vem, se eu conseguir jogar o ano inteiro sem lesões, se eu estiver bem fisicamente, eu consigo recuperar meu ranking. Eu não vejo que nada me limita hoje em dia para voltar ao ranking que eu estava antes. A idade eu também acho que não interfere em nada. Eu estou bem fisicamente, por mais que eu já esteja com quase 32 anos eu estou bem, estou motivado para seguir jogando.”

– Agora você está 100% fisicamente?

“Sim estou bem, estou sem lesões, estou conseguindo treinar bastante. Acho que 2020 vai ser um ano com certeza melhor que 2019.”

– Grandes quedas no ranking da ATP podem mexer com o psicológico do atleta?

“Mexe, com certeza mexe. Eu sempre estive acostumado a jogar os torneios grandes, os Grand Slams, os torneios da ATP e nos últimos 2 anos eu joguei praticamente só torneios menores, só Challengers. Isso acaba em certo ponto desmotivando, são torneios menores, têm menos gente assistindo aos jogos. Se você não está com a cabeça firme em saber que aquilo é um processo, que aquilo que você quer conquistar você tem que passar por isso tudo, você acaba desmotivando, você acaba deixando isso te levar, então eu tento sempre jogar motivado independente do torneio que eu estou jogando, de saber que é um processo, que eu tenho que passar por esses torneios para passar por onde eu quero.”

– Você se sente injustiçado pelas críticas da torcida?

“O pessoal acho que pega um pouco no pé, mas acho que com a minha experiência eu não posso deixar isso interferir no meu jogo. É claro que queremos ser valorizados, reconhecidos pelo o que nós conquistamos, mas eu acho que também não podemos cobrar de ninguém esse reconhecimento.  Então o que eu tento fazer hoje em dia é ser um bom exemplo para as crianças, tentar inspirar as pessoas a jogar tênis, a estarem dentro de quadra. E é claro, com tão poucos jogadores no Brasil eu acho que as vezes a crítica é sempre forte, com tão poucos jogadores acaba saindo sempre sobre a gente. Mas eu acho que, com o tempo, você vai sabendo administrar isso e deixar de lado para não interferir no seu dia-a-dia.”

– Qual o planejamento para 2020?

“Vou começar nos Estados Unidos em janeiro, mas com o meu ranking é um pouco difícil planejar calendário porque depende dos meus resultados. Eu espero jogar os qualificatórios dos torneios ATP e  jogar torneios maiores. A princípio eu jogo os challengers no começo do ano nos Estados Unidos e daí vou vendo pouco a pouco.”

–  Existem certos cuidados para o final de ano, época de festas?

“No Natal você acaba sempre passando um pouco do ponto, mas não existe muito data festiva para tenista. As vezes estamos treinando de sábado e domingo, dia de natal, dia 24, então você tem que estar com a cabeça no lugar. Você não pode deixar de treinar independente da data, porque nós não tem muito isso de feriado, de ‘hoje não vou treinar porque não estou com vontade’, a gente sempre tem que treinar, então acho que isso para um atleta de alto rendimento não pode interferir tanto.”

– Como você vê o momento do tênis brasileiro?

“Tem vindo uns garotos jogando bem. O Orlando (Luz) esse ano jogou muito bem, o Meligeni (Felipe Meligeni Alves),  tem o Mateus Alves que é um pouquinho mais novo que está jogando bem. Eu acho que o Brasil tem um bom futuro, tem potencial de encontrar jogadores que possam ser top 100. Esses caras estão evoluindo, mas ainda são novos. Hoje em dia é muito difícil entrar entre os 100, então as vezes o jogador tem uma boa carreira de juvenil e demora 4 ou 5 anos para deslanchar no profissional e a torcida não entende muito isso e acaba colocando muita expectativa nesses garotos. E esses garotos acabam sentindo e sendo prejudicados. A gente do tênis sabe que é um percurso longo. Mas eu acho que o Brasil está bem encaminhado. Nós nunca tivemos muitos jogadores igual a Argentina, por exemplo. Sempre vivemos de 3 ou 4 talentos e é isso que eu acho que tem que mudar um pouco no nosso país. A gente tem que ter mais gente jogando tênis, mais gente chegando a competir, e acho que quanto mais volume você tiver, mais fácil vai ser de tirar um cara com talento, com potencial de ser um grande jogador.”

– Com 15 anos de experiência, como você pode passar essa experiência aos mais jovens?

 “Eu acho que é diferente você jogar 15 anos e ensinar dentro da quadra, passar sua experiência em diante. Como jogador eu tenho bastante experiência, já passei milhares de horas dentro de quadra, mas quando eu parar de jogar tênis eu espero usar essa experiência para passar adiante, ensinar a molecada e tentar formar outros jogadores. Eu acho que o Brasil está carente de técnicos que possam passar essa experiência adiante. E eu sou um cara que, com o que eu construí no tênis, eu espero usar isso e conseguir contribuir também para a vida das pessoas.”

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