Confederação Brasileira de Tênis anunciou o forte investimento que vem sendo realizado nos atletas de base brasileiros e que têm sido revertidos em grandes resultados dentro das quadras. A CBT apoia com passagens, despesas de viagens, seguro saúde e outras necessidades que os atletas necessitam pontualmente. “O objetivo da CBT é o de que o atleta se concentre apenas nos treinos físicos, técnicos e em quadra, sem se preocupar com a logística de ir de um torneio a outro, na compra e troca de passagens aéreas, com burocracias”, destaca Rafael Westrupp.
A tenista Beatriz Haddad Maia é um dos exemplos de como esse investimento vem colhendo resultados. Apoiada pela CBT desde que era juvenil, a atleta passou pelo delicado período de transição entre o juvenil e o profissional e vem fazendo a melhor campanha de sua carreira, dando um salto em seu ranking, chegando a número 100 do mundo, com apenas 20 anos.
“Por experiência própria posso falar que o trabalho vem sendo feito da melhor maneira. É muito importante para os juvenis terem a possibilidade de viajarem com treinador, de viajar com equipe, de disputar os sul-americanos, de poder estar vivenciando os ITFs e classificando para estar nos grand slams juvenis, pois estes torneios trazem muita experiência para a gente, para quando chegar no profissional não ser um susto. A CBT proporciona tudo isso pois é muito duro, é muito caro viajar, as despesas são muito altas. Eu estou colhendo os frutos agora de todo esse trabalho que a gente vem fazendo. E agora saindo do juvenil para o profissional faz muita diferença eu ter tido esse apoio. Estou indo agora disputar um grand slam (Roland-Garros) que só no juvenil eu disputei três vezes e isso ajuda muito o atleta dentro da quadra. E fora da quadra a gente consegue fazer o trabalho melhor, ter o meu técnico e preparador físico comigo, ter a melhor estrutura para estar viajando, oportunidade de estar jogando com as melhores aqui fora, na Europa, nos Estados Unidos, onde o tênis é jogado de alto nível. Sou muito grata à CBT e esse trabalho ainda vai durar muitos anos pois ainda estou no início de minha carreira”, disse Bia Maia.
No domingo, Bia foi campeã do ITF de Cagnes-Sur-Mer, Com os pontos obtidos neste torneio, a tenista número 1 do Brasil entrou para o top 100, tornando-se a oitava brasileira a realizar esse feito. As outras sete foram Maria Esther Bueno, Niege Dias, Claudia Monteiro, Patricia Medrado, Gisele Miró, Andrea Vieira e Teliana Pereira.
No WTA de Praga, na semana retrasada, Bia chegou às quartas de final após derrotar duas Top 100 do mundo, ainda no qualifying, uma Top 50 e uma Top 20, a experiente australiana Samantha Stosur, de 33 anos. Em 2017 Bia já foi campeã do ITF de Clare, na Austrália, triunfou nas duplas no WTA de Bogotá e ganhou uma partida no Premier de Miami. De quebra, enfrentou Venus Williams na segunda rodada e fez uma partida de igual para igual (6/4, 6/3 para a americana).
“Comecei a jogar há 20 anos atrás e isso não se tinha. Não tinha apoio nenhum, nem de confederação, de governo, apoio nenhum nem de patrocinador privado. Tênis é um esporte muito complicado, que demanda várias viagens, muito tempo fora de casa e isso se torna gastos. Então foi fundamental o apoio da CBT. Pra mim fez uma diferença enorme, todos os outros atletas que tem apoio também. Para cada lugar que vamos jogar temos que viajar pelo menos 10 horas e isso gera gastos. Esse apoio da tranquilidade para o atleta viajar. Acredito que com esse apoio podemos formar novos tenistas campeões”, salientou André Sá.
A CBT também possui um projeto de Transição, para os atletas juvenis que irão começar a jogar o profissional. Com investimento de R$ 400 mil por ano, a CBT escolheu juvenis com claro potencial de se tornarem profissionais para ganharem experiência em grandes torneios do circuito da ATP e da WTA. Na prática, eles acompanham tenistas profissionais, como Thomaz Bellucci, Thiago Monteiro, Bruno Soares e Teliana Pereira, nas competições e têm a chance de se tornarem “sparrings” de atletas do Top 10 do ranking mundial.
O objetivo do projeto é colocar os juvenis em contato com os grandes tenistas da atualidade, principalmente nos momentos de treinamento. Mateus Alves, por exemplo, pôde treinar com o espanhol Rafael Nadal, um dos maiores da história, e o escocês Andy Murray, atual número 1 do mundo, no Masters 1000 de Cincinnati, nos Estados Unidos, em agosto do ano passado.
“Foi uma experiência muito boa, é incrível a sensação de treinar com os caras que eu sempre vi na TV. São ídolos mundiais”, disse ao Estado o tenista de 16 anos. “Pude aprender um pouco da intensidade deles, de como eles treinam, como se preparam. Foi muito importante para o meu crescimento dentro de quadra”, afirmou Mateus, que treinou também com o espanhol David Ferrer e os franceses Gilles Simon e Jo-Wilfried Tsonga.
A experiência em Cincinnati marcou o projeto piloto do Transição, que terá um calendário regular ao longo de 2017 para os juvenis do Brasil. Serão até oito torneios que servirão de oportunidade para os jovens fazerem uma imersão no mundo do tênis profissional.
“E não é só treinar ou aquecer, é vivenciar o dia a dia, o bastidor do circuito. É numa conversa informal, na janta ou indo para o clube que o menino aprende alguma coisa importante”, afirma Eduardo Frick, gerente esportivo da CBT.
Para tanto, os juvenis brasileiros têm “padrinhos” e “madrinhas” nos torneios. Mateus contou com o apoio e experiência de Bruno Soares em Cincinnati. No Brasil Open, no primeiro evento do projeto neste ano, os juvenis João Ferreira e Gabriel Decamps contaram com o apadrinhamento do veterano André Sá, em São Paulo.
“Os padrinhos e madrinhas participam do aquecimento dos meninos e meninas, contam como é o dia a dia, convivem com eles, explicam como funciona e apresentam a eles o circuito de alto nível”, diz Frick. “Me atrevo a dizer que ir a um torneio do projeto é dez vezes melhor do que jogar uma competição para pontuar na ATP. Torneios futures têm toda semana. Mas não é toda semana que você tem a oportunidade de aquecer com o Murray ou treinar com o Nadal. Isso não tem preço.”
Pelo projeto, a CBT banca passagens aéreas e hospedagens do juvenil e também do seu treinador “A estrutura que estamos oferecendo, vai além das despesas em viagens (nos custos de passagens aéreas, etc). Oferecemos estrutura, ou seja, conseguimos disponibilizar para que treinadores viagem com os jogadores e também, temos parcerias importantes que nos disponibilizam a infra estrutura local. É o exemplo da Federação Francesa, na qual temos um convênio, e a Bia já está treinando em Roland Garros por conta disso”, explica o presidente da CBT, Rafael Westrupp.
Durante o anúncio, na coletiva de imprensa em Florianópolis, o Ministro do Esporte também salientou o investimento que vem sendo feito no tênis. “O Ministério vem buscando apoiar o esporte brasileiro ao longo das preparações dos ciclos olímpicos. Já iniciamos a preparação para o próximo ciclo olímpico em parceria com as confederações. Hoje nós temos 81 atletas brasileiros do tênis que são contemplados pela bolsa pódio, pela bolsa atleta, mostrando compromisso com o governo brasileiro com a evolução do nosso esporte com a consciência de que o esporte tem um extraordinário poder”, finalizou o Ministro.