“Será que semana que vem eu vou estar bem?”. A frase, volta e meia, passava pela cabeça de Bia Haddad. Ora devido às lesões que sofreu, que a afastaram das quadras no último ano, ora por questões mais simples, como a gripe que a transformou em dúvida no Aberto Australiano. Fato é que, em solos australianos, ela esteve bem e, até, furou o qualifying. E se, depois disso, ela já estava comemorando o ótimo início de ano, agora, Bia tem ainda mais motivos para celebrar.
Isso porque, na última quarta-feira (27), a brasileira conquistou um feito inédito em sua carreira e, ainda, quebrou um jejum nacional. Pela primeira vez, Bia conseguiu dominar uma top 5 ao vencer a norte-americana Sloane Stephens com duplo 6/3. Além disso, antes, a última vez que uma brasileira superou uma top 10 havia sido em julho de 1989. “Acredito que comecei 2019 com o pé direito”, destacou a tenista em entrevista exclusiva ao Olimpíada Todo Dia.
Na Austrália, acabou caindo para a então número 2, Angelique Kerber. Apesar do resultado negativo, Bia analisou com entusiasmo seu desempenho.”Ela é uma jogadora incrível. Foi um jogo que, realmente, eu me senti enfrentando e atacando até, com uma atitude muito positiva na quadra”, analisou.
“Começei esse ano jogando da forma como eu queria começar”, destaca Bia, com otimismo. Recentemente, ela foi campeã da Fed Cup ao lado de outras brasileiras. “Foi uma semana incrível. Aproveitamento 100%. Conseguimos mostrar que, realmente, a união e o respeito que a gente tinha uma pela outra faz muita diferença”.
Tranquilidade compartilhada
Na Fed Cup depois de terminar na liderança do grupo B na primeira fase, o Brasil enfrentou o Paraguai na decisão e levou a melhor em Medelim, na Colômbia. Conseguindo ditar o ritmo desde o começo, a equipe brasileira conseguiu vencer os dois jogos de simples para conquistar o torneio. Para Bia, o jogo coletivo diminiu a pressão.
“Eu começei esse ano jogando da forma como eu queria começar”, destaca Bia Haddad, em entrevista ao OTD.
Iniciando 2019 com o pé direito, a brasileira celebra o título da Fed Cup e destaca o bom trabalho da equipe brasileira.
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— Olimpíada Todo Dia (@otd_oficial) 28 de fevereiro de 2019
“Dentro de quatro confrontos, cada ponto ele é importante, mas ele não vai te deixar fora. É uma competição em que seu jogo não vai te dizer nada. Porque se você perder, tem outra menina. Se ela ganhar, você tem a dupla”, conta a número um do Brasil. “É uma semana muito especial e que, com certeza, ter tido essa energia fez a gente ter o resultado que a gente teve.”
A troca entre o grupo não só tranquilizava Bia como também deu à tenista uma maior chance de desfrutar da disputa. “Consegui me divertir muito na quadra. Todos os momentos em que estavamos mais tensas, ou sentindo a pressão, ou que errando, não nos importávamos. Olhavamos para fora e todos estavam positivos, vibrando, sorrindo e deixando muito tranquila”, ressalta.
“Como uma família”
Na disputa, a equipe capitaneada por Roberta Burzagli era formada pelas paulistas Beatriz Haddad Maia e Carolina Meligeni, números 1 e 2 do país no ranking de simples da WTA, respectivamente; pela gaúcha Gabriela Cé, terceira do país, além de Luisa Stefani, melhor tenista nacional no ranking de duplas e da jovem Thaísa Pedretti, de 19 anos, como atleta de transição do juvenil para o profissional, para adquirir experiência. Para Bia, o relacionamento construido entre elas e até a comissão técnica se parece com o de uma família.
“Era muito louco que a gente ficava o dia inteiro juntas, jogava, treinava, jogava, jogava dupla, almoçava, jantava e ainda chegava no final do dia pegava o violão e ficavamos tocando juntas”, destaca a representante do verde e amarelo no WTA de Acapulco. “Acho que de muitas vitórias, conquistas, que eu tive na minha carreira e na minha vida, talvez essa tenha sido uma das minhas três favoritas. Foi algo muito marcante mesmo”.