Os dias 11 e 12 de dezembro vão ficar marcados na vida de Ícaro Miguel e não por conta de alguma conquista no taekwondo, mas por uma vitória fora dos tatamis. Foi nesse final de semana que ele lançou o instituto que leva seu nome com o intuito de oferecer para as pessoas de Betim, em Minas Gerais, o que ele não teve quando começou a carreira no esporte. “A ideia é levar oportunidade, conhecimento, em várias áreas. Com o passar dos anos, o intuito é não ficar somente em Betim ou Minas Gerais, Brasil. É levar isso para o mundo. Entregar taekwondo, conhecimento, educação”, resumiu o próprio atleta, atual número um do ranking mundial da categoria até 80 quilos.
Ele explicou melhor o que quer. “Como a ideia é levar oportunidades para as pessoas, quis fazer isso já no lançamento. Fizemos um final de semana bem imersivo, com palestras voltadas para o meio esportivo, mas não tão comuns no meio esportivo. Meus treinadores, que também são da seleção brasileira, vieram ministrar um treinamento e ficamos mesclando entre as palestras e os treinamentos. Teve palestra de marketing esportivo, capacidade mental, a minha ‘Ícaro Miguel Além do Esporte’, um médico falando sobre doping e uma sobre educação financeira. Tudo voltado para a realidade que o atleta se encontra. Eu só tive contato com esse tipo de conteúdo quando eu saí de Minas e fui para São Paulo. Talvez se eu tivesse tido uma palestra sobre educação financeira quando eu tinha 14 anos de idade, minha vida estivesse um pouquinho melhor. Se eu tivesse oportunidade de treinar com técnicos e atletas da seleção, talvez hoje nosso esporte estaria diferente”, detalha.
Referência e responsabilidade
A ideia do instituto nasceu em uma conversa com os amigos. Ícaro Miguel conta que naquele momento eles perceberam como a história do atleta é impactante na vida das pessoas e a responsabilidade que tinha com aqueles que o acompanham e torcem. “Mas eu sempre me sentia com as mãos atadas, não conseguia entregar o que eu achava que poderia fazer. Então decidi criar uma ferramenta para ajudar essa galera”.
O lançamento contou com cerca de 200 pessoas, quase metade delas isentas de inscrição. “Foram 117 pagantes, mas abrimos para o pessoal da minha equipe (Two Brothers Team). Os treinadores que levassem mais de 5 alunos também ficaram isentos. Se o cara está com mais de cinco alunos, acredito que ele está trabalhando e pagar para trabalhar não acho justo.” Ele fez questão de deixar um agradecimento a todos que compareceram. “Me sinto grato por tudo o que está acontecendo. As pessoas que estiveram no lançamento foram fantásticas. Queria deixar um agradecimento a todas. Foi fantástico. Não teria como fazer melhor.”
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Presidente, sede e primeiros passos
O nome do primeiro presidente do Instituto é Horoni Rosa. O pai de Ícaro Miguel. “Ele tem uma visão diferenciada da vida, me formou, e eu não via outra pessoa para assumir esse cargo, até porque eu não pretendo me aposentar. Então decidi passar essa função para o meu pai. Fiz o convite e ele aceitou. Ele sempre trabalhou pro meio social, sempre foi envolvido. Acho que veio para o mundo com a proposta de ajudar as pessoas. Quando falei, ele me abraçou e falou ‘bora fazer acontecer’. E já está acontecendo alguma coisinha”, conta o atleta. O instituto ainda não tem sede e está começando com taekwondo e judô. “Assim que conseguirmos a sede, terá um esforço (complemento) escolar para as crianças que precisem ou para as que precisam fazer um dever e os pais não conseguem ajudar porque estão trabalhando.”
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Para montar a estrutura, nesses primeiros passos o foco será com parcerias. Pretendem trazer professores oferecendo mentoria sobre metodologia com os técnicos da seleção brasileira. Depois, expandir para outras modalidades esportivas e, assim, passo a passo, manter em 2022 o ano “infinitamente positivo”, que foi no taekwondo o que está chegando ao fim. “O ano de 2021 foi de aprendizagem. Ano olímpico, líder do ranking mundial, me mantendo. Não saí de uma boa Olimpíada, mas foi um ano que carreguei uma bagagem para 2022 para tocar a vida com certeza muito mais forte.”
*colaboração de André Rossi