Dois meses depois da medalha de bronze conquistada na Olimpíada, Maicon Andrade, do taekwondo, esperava que sua vida estivesse muito diferente, que estivesse melhor do que antes da Rio 2016, mas pelo jeito está pior. A premiação pelo pódio foi depositada pela Petrobrás, a patrocinadora da Confederação Brasileira, mas não foi repassada para o atleta.
“O prazo era até sexta-feira (dia 21) e a confederação só enrolou e deu calote em mim. A Confederação está em um descaso total comigo, tento ligar, mando e-mail, eles não respondem, se fecharam e pelo jeito não querem saber do atleta. A confederação não está nem aí para o atleta que levou o nome do taekwondo para o mundo”, desabafou o atleta nesta quinta-feira.
Para piorar, o atraso da premiação olímpica não é a única pendência financeira da Confederação com Maicon Andrade. “Eu estava recebendo salário da Petrobrás e antecipei tudo para pagar a vinda de dois atletas do Irã que treinaram comigo antes da Olimpíada. “A Confederação falou que ia me reembolsar até hoje não reembolsou. Faz três meses que está me prometendo”, reclamou. “O valor que eles me devem é de R$ 12500 referente à premiação e mais R$ 10.375 que não me reembolsaram”, conta.
Quase 23 mil reais de dívida com um atleta, que hoje está vivendo apenas com os R$ 1700 reais que recebe da prefeitura de São Caetano do Sul. “Só a prefeitura mesmo que está me apoiando até o momento”, afirmou, lembrando que a cidade lhe paga a moradia e mantém o local de treinamento. Mas o valor é muito reduzido para ele arcar com as despesas com seu estafe e também para bancar as viagens para as competições. Por isso, durante ao último ciclo, Maicon e seus treinadores tiveram que recorrer a festas e rifas para arrecadar o valor necessário para que ele pudesse se preparar para competir no Rio.
Maicon Andrade está na expectativa de entrar em breve de novo para o programa bolsa-atleta do Governo Federal, que até abril de 2016, lhe pagava R$ 1500 reais e também vai começar a receber apoio da Aeronáutica. Por enquanto, não houve interesse da iniciativa privada em patrociná-lo.
Mas o que mais o revolta é ver a situação atual do atleta e saber que o presidente da Confederação, Carlos Fernandes, foi afastado do cargo pela Justiça logo depois da Olimpíada acusado de corrupção, de desvio de dinheiro público e fraudes em licitações.
Se continuar assim, Maicon Andrade admite que será difícil seguir competindo em alto nível no ciclo olímpico para 2020, mas garante que não vai desistir. “Desistir jamais, não vai ser uma confederação ruim que vai me tirar e o sonho de estar em Tóquio 2020. A gente nem começou ainda os quatro anos e está tudo parado. Se continuar deste jeito, vai ser difícil, mas o sonho segue. Já fiquei fora de duas competições muito importantes, um torneio nos EUA, um torneio na Rússia e isso me classificaria para o Grand Prix que ainda é neste ano. O ciclo olímpico já começou”.