O taekwondo brasileiro fez história em terras peruanas. Dos oito atletas que representaram o país, sete subiram no pódio em Lima. Foi a melhor participação do país na modalidade em todos os tempos nos Jogos Pan-Americanos. O último dia de competição foi marcado pelo ouro de Milena Titoneli, a prata de Ícaro Miguel e os bronzes de Maicon Andrade e Raiany Fidélis.
Ao todo, o Brasil ganhou dois ouros, duas pratas e três bronzes, superando a melhor participação até então, nos Jogos do Rio, em 2007, quando o país teve um campeão, dois vices e um terceiro colocado. Medalha de prata há 12 anos, Natália Falavigna foi fundamental para a campanha de 2019. A medalhista olímpica em Pequim 2008 é atualmente a gerente técnica da Seleção Brasileira.
“Estou muito feliz, o taekwondo brasileiro está em festa. Os resultados mostram que estamos no caminho certo. Sabíamos do nosso potencial, trabalhamos em conjunto com o Comitê Olímpico do Brasil para buscar isso. Essas conquistas são dos atletas, dos treinadores, da confederação, de todos que torcem. É um resultado construído a muitas mãos”, disse uma emocionada Natalia Falavigna, chefe de equipe da modalidade em Lima.
Depois das três medalhas conquistadas nos dois primeiros dias (ouro de Netinho, prata de Talisca Reis e bronze de Paulo Ricardo Melo), a expectiva era muito grande quanto à participação do Brasil na despedida do taekwondo de Lima. E o resultado não poderia ser melhor com a conquista de mais quatro pódios.
Milena Titoneli teve lutas muito complicadas desde o começo do torneio. Na estreia, contra a colombiana Katherine Dumar, ele só conseguiu vencer por um ponto: 9 a 8. Na semifinal, ela começou perdendo por 4 a 0 para a cubana Arlettys Acosta, mas embalou no último round e conseguiu uma virada incrível para se garantir na final com uma vitória por 10 a 5. Na decisão do título, ela venceu a Paige McPherson, dos Estados Unidos, que foi medalha de bronze na Olimpíada de Londres em 2012.
“Essa atleta americana é muito experiente e é muito difícil de defender os chutes dela porque, além de forte, ela é muito flexível e muito potente também. Ela tem um soco muito bom, tanto que tomei alguns”, ressalta a brasileira, que passou boa parte da luta atrás no placar, mas conseguiu reagir e virar na reta final. “Consegui fazer tudo na hora certa e, no final, deu até para administrar o placar”, explica a campeã dos Jogos Pan-Americanos, que estudou minuciosamente as adversárias para alcançar o título.
“Nada como o trabalho, né? Meus treinadores lá da Two Brothers Team, de São Caetano, me pegavam todos os dias para treinar específico sobre cada atleta da chave e a gente achou uma forma de encaixar o meu estilo de luta no estilo de luta de todas elas e foi aí que eu me senti confiante porque cada treino duro que eu superava me dava a certeza de que eu ia chegar preparada para levar esse ouro para o Brasil”, revelou a atleta de 20 anos, que se diz pronta para vôos mais altos. “Não para por aí! Se Deus quiser, vou estar na Olimpíada e vou dar meu máximo para chegar numa medalha de ouro”.
Prata de Ícaro Miguel
Já Ícaro Miguel, que contou com a torcida dos pais, Aroni e Margarete na arquibancada, superou o portorriquenho Elvis Barbosa (21 a 17) na estreia, sofreu para passar pelo dominicano Moises Hernandez (8 a 7) na semifinal, mas acabou sendo derrotado, numa luta muito parelha, pelo colombiano Miguel Angel Trejos na decisão.
Bronze de Maicon Andrade
O mais conhecido de toda a delegação brasileira que esteve em Lima, Maicon Andrade, medalha de bronze na Olimpíada do Rio de Janeiro, ficou também em terceiro lugar na capital peruana. Ele derrotou Stuart Smit, de Aruba, nas oitavas de final, passou por Jordan Stewart, do Canadá, nas quartas, mas não conseguiu superar o americano Jonathan Healy na semifinal. Derrotado, ele foi disputar um lugar no pódio contra o equatoriano Jesus Perea e venceu com tranquilidade por 15 a 4.
Com a conquista desta segunda-feira, Maicon Andrade fechou uma espécie de tríplice coroa com as medalhas olímpica, mundial e pan-americana.
Bronze de Raiany Fidélis
A outra medalha de bronze conquistada pelo Brasil no último dia de competições do taekwondo nos Jogos Pan-Americanos foi garantida por Raiany Fidélis. A atleta venceu, na estreia, a haitiana Aniya Louissaint com tranquilidade, mas teve uma luta muito dura nas quartas de final contra a dominicana Katherine Rodriguez. Ela estava perdendo até que a adversária precisou de atendimento médico. Mancando muito, a caribenha voltou para a luta e a brasileira conseguiu empatar. Mas, logo depois, gritando de dor, a atleta da República Dominicana desistiu do combate.
Assim, Raiany Fidélis chegou até a semifinal, mas foi dominada pela colombiana Gloria Mosquera e foi derrotada. Na disputa do bronze, quem dominou foi a brasileira, que fez 7 a 0 sobre a venezuelana Carolina Fernandez para garantir o terceiro lugar.