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Deivid Silva revela medos e estratégia por vaga no CT 2019

WSL/Dunbar

Atual  6º colocado no QS, Deivid Silva revela medos, conta em quais etapas aposta para subir à elite e diz qual surfista é aquele “chato” no free surfe.

Deivid Silva é um dos surfistas mais promissores da geração brasileira, que vem assombrando o mundo do surfe. Aos 23 anos, natural do Guarujá e recém-papai, Deivid coleciona vitórias no QS, divisão de acesso à elite. Já venceu em Casablanca (MAR), Itacaré (BA), Maresias (SP) e Sidney (AUS), por exemplo, e atualmente está em 6º lugar na tabela – os 10 primeiros sobem para o CT 2019. No entanto, o que poucos sabem é que por trás de um especialista em aéreos, há um homem com medos, sim senhor, e que faz grandes planos para a sua carreira.

Assista à entrevista completa com Deivid Silva, em parceria do OTD com o Canal Parafina:

– Você está em 6º no QS. Como está se sentindo? É o melhor momento da sua carreira?

Com certeza, esse ano eu estou vivendo o melhor momento da carreira. Depois da etapa de Ballito, eu subi para 6º no ranking e espero subir mais um pouco para até o final do ano confirmar essa classificação para o CT.

– Ainda tem 5 etapas de 10.000 pontos do QS. Em quais você aposta para conseguir os melhores resultados?

A expectativa está boa. Eu estou bem esse ano, ano passado eu comecei mal e terminei muito bem. Então, nesse ano eu tentei fazer o que eu estava fazendo no fim do ano passado e deu certo. Eu venci a etapa de Sidney, que era 6.000 pontos. Agora estou indo pra Huntington Beach, que não é uma onda tão perfeita, mas que tem momentos bons. Então, espero fazer um bom resultado lá. E também vai ter uma etapa em Ribeira D’Ilhas, em Portugal, que é um point break de direita, que eu gostava muito de treinar, e agora espero fazer um bom resultado lá.

– Para o seu surfe as ondas do Havaí são mais pesadas, mais difíceis. Sua ideia é ir para lá garantido no CT, sem depender de resultado?

Deixar para as últimas etapas nunca foi fácil, porque o Havaí é um lugar muito pesado, que você não consegue surfar direito por causa do localismo, que não dá para treinar nas ondas direito. Para mim, são as duas ondas favoritas do ano todo (Haleiwa e Sunset Beach). Sempre tem onda forte, onda grande, mas é muito difícil deixar para dar os últimos dois tiros lá. Tem muitos caras que não correm o circuito o ano todo e só correm lá porque são locais. Então, eles conhecem muito bem as ondas. Então, esse ano eu vou tentar fazer diferente, fazer os resultados antes, até Maresias, que é o foco. Se der me garantir até Ribeira D’Ilhas, fazer bom resultado em Huntigton e lá. Nos dois anos que eu tentei me classificar pro CT no Havaí não deu certo, então agora quero me garantir antes.

– Essa questão do localismo no Havaí acontece com pessoas de todo o mundo ou mais com brasileiros?

Deivid Silva surfando no Havaí. Foto: Divulgação/WSL

Acontece com pessoas de todo mundo, mas com brasileiros é um pouco pior. Antigamente, tiveram brigas com muitos brasileiros e isso acabou atrapalhando. Mas não justifica nada porque no Brasil a gente acolhe muito bem. Eu não curto localismo, acho que todos tem que surfar as ondas que quiserem. Você respeita os locais, ele te respeita e todos surfam.

Deivid Silva também tem medos

– Você tem muito medo de tubarão?

Tenho. A gente está no habitat dele ali…eu já fui pra Jeffreys Bay, onde foi o pior lugar, que eu já tive mais medo, porque a água é escura. Então, eu tenho medo, é difícil você encontrar algum surfista que não tenha.

– Esse ano a etapa de Margaret River foi cancelada devido a ataques de tubarão. Alguns surfistas brasileiros se posicionaram a respeito e sofreram críticas de surfistas estrangeiros. O que você acha da realização de competição lá?

Margaret é um lugar muito arriscado para ter campeonato. Eu nunca fui, mas a galera fala que o lugar é muito selvagem. Eu achei certo terem cancelado o campeonato, porque era um risco muito grande para os atletas, um risco desnecessário. Tem outros lugares que dá para ter evento, como em Uluwatu, que acabou dando altas ondas e ainda era uma esquerda, que quase não tem no tour.

Gostos do “DVD”

– Qual a onda preferida da sua carreira?

Deivid Silva eliminou Matt Wilkinson, que na ocasião era líder do CT 2016, no Rio Pro. Foto: Kin Carlos.

A contra o Matt Wilkinson no Rio Pro em 2016 marcou bastante. Um 8.30, que foi a virada no finalzinho, ele era o atual líder do ranking. E esse ano, em Sidney, teve um 10 na final contra o Alejo Muniz, que eu dei um fake aéreo e um aéreo rodando.

– Qual foi a onda que mais te botou medo até hoje?

Uma onda que eu gosto bastante, mas coloca medo é Sunset Beach, no Havaí. É uma onda que quebra muito lá fora, tem bastante volume e é muito forte. Além disso, a bancada é muito funda, então a onda não perde pressão. Para mim, a onda mais tenebrosa é Sunset.

– Qual a onda que você mais gostou de surfar?

Minha onda favorita é Padang Padang, na Indonésia, onde teve evento especial lá essa semana. Quando eu fui para lá eu peguei três dias de mar muito perfeito. E a galera respeitava, tinha uma fila…você ficava em uma filazinha e quando chegava sua vez você pegava a onda, ninguém te rabeava, nem nada. Então achei isso muito legal.

– Tem algum surfista do CT ou do QS que é aquele cara “chato” no free surfe? Que quer pegar todas as ondas?

Tem uns caras chatos, mas são meus amigos. Um cara que está sempre ali querendo pegar todas, que se você deixar passar ele vai entrar, é o Michael Rodrigues. É um cara muito pilhado, engraçado…é o jeito dele, de pegar todas as ondas, não consegue ficar parado.

Michael Rodrigues surfando . Foto: WSL

Futuro e passado

– O que você acha que precisa mais aprimorar no seu surfe?

Acho que para entrar no CT você precisa aprimorar tudo. Entrando no circuito você aprimora mais ainda, porque a qualidade das ondas é incrível. Mas, o que eu pretendo aprimorar mais é meu aéreo de backside e também a linha de surfe perfeita. Quando entrar no CT quero fazer umas viagens para aprimorar isso.

– Você tem uma projeção de pontos para entrar no CT?

Esse ano eu não estou pensando muito em pontos, porque há dois anos, quando eu quase me classifiquei, eu fiquei pensando muito nisso e acabou me atrapalhando, me deixou nervoso, ansioso…esse ano eu estou pensando só em surfar, em cada bateria, em cada campeonato.

+ Confira a classificação completa do QS

– Você tem um ídolo no surfe?

Um cara que eu admiro muito assim, que viajou muito tempo comigo e me ensinou muita coisa, é o Willian Cardoso. Eu comecei a viajar com ele muito novo, ele já tinha mais experiência de circuito. Esse ano ele realizou o sonho de entrar para o CT, espero estar ano que vem lá com ele. Filipe Toledo, Alejo Muniz, Miguel Pupo são outros caras que eu admiro bastante.

Willian Cardoso, o grande ídolo de Deivid Silva, em Uluwatu. Foto: WSL/Cestari

– Quem você acha que vai ser campeão mundial de 2018?

O Filipe Toledo, pela consistência dele esse ano, pela cabeça dele. Dá para ver que ele mudou totalmente a cabeça, está com um pensamento diferente. Vai ser difícil alguém bater ele esse ano. Vai ter Teahupoo agora, que espero que ele se dê bem, depois a piscina de ondas do Kelly, que vai ser brincadeira para ele. Depois França e Portugal, que ele vai bem também. E Pipeline, que ele já mostrou que é muito bom em Backdoor.

Deivid Silva sonha alto…

– Qual o maior sonho da sua carreira?

O maior sonho da minha carreira é poder entrar para o CT e poder ser campeão mundial. Sei que não é fácil, tem que treinar bastante, estar bastante focado. Esse ano eu estou me dedicando bastante, tentando ver tudo o que a galera que foi campeã mundial fez para ser campeã e fazer tudo parecido. Acho que os dois maiores sonhos que eu tenho são esses.

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