O Brasil começa muito bem a temporada, conquistando as duas primeiras etapas do QS 6000, na Austrália. O paulista Jessé Mendes foi finalista nas duas etapas do Australian Open. Em Newcastle, perdeu a decisão verde-amarela para o catarinense Yago Dora, 20, mas em Sydney festejou uma vitória fantástica no Australian Open of Surfing. Por um incrível placar de 18,13 a 18,00 pontos, bateu o favorito ao título, Julian Wilson. Garantiu o título com uma nota 9,40 logo após o australiano receber 9,33 nas melhores ondas da bateria. O top da elite da World Surf League impediu outra final brasileira ao barrar o paulista Alex Ribeiro nas semifinais, porém amargou mais uma derrota como na decisão de 2014, contra o hoje campeão mundial Adriano de Souza, 30 anos.
“Estou muito feliz por essa vitória (no Australian Open), pois vencer o Julian (Wilson) numa final é uma coisa incrível”, disse Jessé Mendes. “Eu sabia que teria que surfar o meu melhor e foi isso o que eu fiz. Eu nunca tinha passado das quartas de final em campeonatos aqui na Austrália, então fazer duas finais e ganhar o título aqui foi fantástico para mim. Eu ganhei uma etapa importante do QS no ano passado (QS 10000 em Cascais, Portugal), mas não me qualifiquei para o CT. Então, começar a temporada com um segundo e um primeiro lugar me dá muito mais confiança para ir em busca do meu sonho esse ano, que é entrar no CT”.
Jessé Mendes já tinha tirado a primeira posição no WSL Qualifying Series 2017 de Yago Dora quando se classificou para as quartas de final, que abriram o domingo decisivo do Australian Open. Yago caiu para o segundo lugar. Mais dois brasileiros estão na lista dos dez primeiros que se classificam para a elite dos top-34 da World Surf League pelo ranking de acesso, após a décima etapa em Sydney. Alex Ribeiro subiu para a oitava posição com o terceiro lugar no domingo e o catarinense Alejo Muniz está fechando o G-10 no momento.
A DISPUTA NO AUSTRALIAN OPEN
Julian Wilson entrou na final querendo vingar a derrota sofrida em 2014 para Adriano de Souza e começou bem com nota 8,67, contra 5,33 de Jessé Mendes. As ondas estavam mais lisas, porém com as séries muito espaçadas e demorando a entrar na bateria. Enquanto o brasileiro tinha a prioridade de escolha da próxima onda e ficava esperando por uma boa, o australiano foi pegando as que passavam buscando uma segunda nota para somar. Ele foi em cinco antes de Jessé surfar sua segunda onda e o máximo que conseguiu foi nota 4,87.
Jessé só pegou outra quando faltavam 13 minutos para o término da bateria e escolheu bem. Uma esquerda de bom tamanho que abriu uma parede lisa para ele variar uma série de seis manobras modernas e vibrar na finalização. Os juízes deram nota 8,73 e o brasileiro passou a frente, mas a vantagem era pequena ainda, 5,40 pontos que o australiano poderia tirar facilmente numa onda boa também. Mas, Jessé bota pressão ficando mais ativo na bateria. Logo ele surfa outra esquerda e tenta o aéreo, sem completar. Julian pega uma direita, faz duas grandes manobras, erra a terceira e continua precisando de 5,40 para vencer.
O australiano pega uma esquerda na prioridade de Jessé e a onda abriu para mandar quatro manobras muito fortes abrindo grandes leques de água, completando com outras três para arrancar 9,33 dos juízes e já totalizar incríveis 18 pontos de 20 possíveis. Mas Jessé Mendes também surfa de forma impressionante outra boa esquerda da mesma série, atacando a onda com grandes arcos, batidas, rasgadas invertendo a rabeta da prancha e segue variando manobras até a beira para conseguir uma virada sensacional com nota 9,40. Ela foi anunciada quando restavam 3 minutos para o término e não entrou mais nada de ondas, com a segunda vitória brasileira consecutiva na Austrália sendo confirmada por 18,13 a 18,00 pontos.
“Foi um grande campeonato e estou feliz por ter feito boas baterias aqui”, disse Julian Wilson. “Eu sinto que surfei bem durante todo o evento e na final também, mas parabéns para o Jessé (Mendes), que achou uma boa onda no final para me vencer. Certamente, foi uma boa semana de preparação para Snnaper Rocks (palco da primeira etapa do CT 2017 na Austrália) e espero repetir as boas atuações que fiz aqui, lá também”.
Jessé mostrou um surfe moderno na “perna australiana”, atacando as ondas de Manly Beach com uma incrível variedade de manobras progressivas usando a borda da prancha e aéreas também para liquidar seus adversários nas diferentes condições do mar. A primeira vítima do domingo foi o francês Jorgann Couzinet, 23 anos, da Ilha Reunião, único concorrente pela liderança do ranking, que não teve qualquer chance e foi facilmente batido por uma tranquila vantagem de 15,17 a 11,43 pontos.
SEMIFINAIS – Depois, Jessé enfrentou o perigoso japonês Hiroto Ohhara, 20 anos, campeão do US Open of Surfing de 2015 na Califórnia, que vinha surfando bem e tinha feito a maior nota – 9,83 – do dia contra o pernambucano Luel Felipe, no sábado, em Manly Beach. O japonês logo mostrou seu surfe agressivo, manobrando forte com velocidade para assumir a dianteira com notas 8,43 e 6,50, contra 6,40 e 7,00 de Jessé Mendes. A batalha foi onda a onda e o brasileiro garantiu a vitória com um aéreo full-rotation de frontside incrível que valeu nota 8,00. Com ela, virou o placar para 15,00 a 14,93 pontos e se classificou para a sua segunda final consecutiva nas etapas do QS 6000 na Austrália.
A outra semifinal já tinha sido igualmente eletrizante. Alex Ribeiro foi rápido contra Julian Wilson e logo pegou uma boa esquerda para detonar uma série de cinco manobras com pressão e velocidade e largar na frente com nota 8,83. Ele ainda fez um 5,33 antes do australiano surfar sua primeira onda, que valeu 7,67. O brasileiro aumentou a vantagem com o 6,83 recebido na onda seguinte, deixando Julian Wilson precisando de 8 pontos. E o australiano consegue quase a conta exata para a virada numa direita que ele começou com um giro completo no ar e foi manobrando até a beira para ganhar nota 8,33 e assumir a ponta.
Outra série de boas ondas só entrou quando restavam 10 minutos para terminar a bateria. Alex Ribeiro vem na da frente e manda um aéreo rodando, mas a onda não fluiu para tentar aumentar a nota, que ficou em 4,93. Já o australiano destrói uma esquerda com quatro batidas e rasgadas muito fortes e recebe 8,10 para aumentar a vantagem para 7,60. O brasileiro ainda tenta a vitória no final com três manobras potentes, mas não consegue reverter o resultado no placar encerrado em 16,43 a 15,66 pontos.
NOVIDADES NO G-10 – Mesmo assim, o terceiro lugar foi muito bom para Alex Ribeiro, pois com os 3.550 pontos recebidos subiu para o oitavo lugar no ranking, sendo um dos três únicos surfistas que entraram no G-10 do WSL Qualifying Series em Sydney. Os outros foram o também terceiro colocado no Australian Open, Hiroto Ohhara, que assumiu a quarta posição, e o vice-campeão Julian Wilson, que está logo acima de Alex Ribeiro, em sétimo lugar.
O outro brasileiro que competiu no domingo foi o baiano Marco Fernandez, 25 anos, que perdeu a bateria que abriu as quartas de final para o mesmo Julian Wilson. O australiano praticamente liquidou a fatura em sua primeira onda, quando completou um aéreo “full rotation” perfeito que arrancou nota 9,70 dos juízes. O brasileiro só conseguiu reagir no final com uma nota 7,33, mas já era tarde e o australiano confirmou o favoritismo vencendo por 14,87 a 12,33 pontos. O baiano terminou em quinto lugar e subiu para a 18.a posição no ranking com o bom resultado. Mas, quem está mais próximo da zona de classificação para o CT é o catarinense Willian Cardoso, empatado em 14.o lugar com o norte-americano Nat Young.