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Surfe

Surfe brasileiro segue se consolidando como protagonista mundial

Mesmo sem título olímpico e mundial, Brasil terminou nas “cabeças” das principais competições da temporada e assume papel de potência no surfe

Gabriel Medina - Surfe dos Jogos Olímpicos de Paris-2024 Foto: William Lucas/COB, wsl, lesão
Foto: William Lucas/COB

O surfe brasileiro teve um ano de altos e baixos ao longo de 2024, mas ainda sim segue se consolidando como a nova potência no cenário mundial. Após o título no ISA Games, o país terminou conquistou duas medalhas nos Jogos Olímpicos de Paris-2024. Na WSL (Liga Mundial), Italo Ferreira e Tati Weston-Webb passaram perto do título, mas a Brazilian Storm deu show na divisão de acesso e vai ter número recorde na elite em 2025.

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“Bicho-papão” no ISA Games

O ano do surfe brasileiro realmente começou com a campanha histórica no ISA Games, Campeonato Mundial da Federação Internacional de Surfe realizado entre fevereiro e março no Porto Rico. O país já tinha João Chianca, Filipe Toledo e Tati Weston-Webb classificados aos Jogos Olímpicos via WSL e tinha como missão buscar mais três vagas.

Time Brasil no ISA Games
Time Brasil (Foto: Pablo Jimenez/ISA Surfing)

No masculino, o Brasil só tinha condição de conquistar uma vaga extra em caso de título por equipes. Entre as mulheres, restava uma pelo campeonato e a extra por equipes. De maneira surreal, o país conseguiu sucesso em todas as possiblidades e garantiu seis surfistas em Paris-2024.

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No naipe feminino, a jovem Tainá Hinckel conquistou a primeira vaga brasileira. A classificação extra veio com o vice-campeonato de Tati Weston-Webb, fazendo o time feminino do país levar o título do ISA Games e a vaga para Luana Silva.

Entre os homens, as coisas eram mais complicadas. Para conquistar a vaga extra, Gabriel Medina teria que conquistar o título do torneio masculino. Em uma campanha histórica, o tricampeão da WSL venceu todas as baterias que disputou e levou o troféu e vaga para Paris.

Sem ondas no Taiti e exclusão de juiz

Pelo bom retrospecto em Teahupo’o , Gabriel Medina e Tati Weston-Webb chegaram como principais esperanças de medalhas douradas para o Brasil nos Jogos Olímpicos de Paris-2024. Os títulos não vieram, mas os surfistas brasileros saíram da praia taitiana com medalhas e uma sensação de que eram capazes de mais.

Por ironia, o principal problemas dos surfistas no Taiti foram aos ondas. Mais precisamente, a falta delas. A janela de comeptições do surfe nos Jogos Olímpicos quase não teve dias com ondas tubulares, principal característica de Teahupo’o. Outra polêmica na Olimpíada foi exclusão do juiz australiano Benjamin Lowe por conta de uma foto ao lado do surfista compatriota Ethan Ewing.

Foto icônica e bronze agridoce

Apesar do “festival de marolas”, Medina teve oportunidade de surfar uma das poucas ondas boas e conseguiu fazer história. Em uma “revanche” com o japonês Kanoa Igarashi pelas oitavas de final, ele tirou 9.90, a maior nota do surfe em Jogos Olímpicos. Além disso, a saída do tubo rendeu uma das fotos mais icónicas da edição e do esporte.

As frustrações vieram nas finais, realizadas no último dia da janela. Pode-se dizer que a maior foi na chave masculina, quando Medina enfrentou o australiano Jack Robinson e só conseguiu pegar uma onda em 30 minutos de bateria. Apesar disso, ele conseguiu conquistar o bronze contra o peruano Alonso Correa.

Tati faz história

Tatiana Weston-Webb surfe WSL Finals Paris 2024 medalha de prata
Tati Weston-Webb (William Lucas/COB)

Por outro lado, Tati Weston-Webb conseguiu se virar bem com as marolas e fez uma campanha com vitórias contra as líderes do ranking na época. Na decisão contra a norte-americana Caroline Marks, a brasileira surfou a última onda da bateria, mas não conseguiu nota suficiente para a virada. Embora avaliação dos juízes não foi bem aceita. Mesmo assim, Tati conquistou a primeira medalha olímpica do surfe feminino brasileiro.

Fim da sequência de títulos brasileiros da WSL

Em 2024, o Brasil encerrou uma sequência de cinco edições consecutivas com um campeão do Championship Tour. Assim como nos últimos 10 anos, o havaiano John John Florence foi o algoz da Brazilian Storm. John John chegou ao seu tricampeonato mundial após derrotar Italo Ferreira na última bateria do Finals.

Na chave feminina, Tati Weston-Webb seguiu representando bem o país e ficou de mais uma final. A brasileira teve uma excelente reação na reta final da temporada regular e conseguiu a vaga no Finals. Contudo, ela acabou parando na semifinal contra Caroline Marks, sua algoz na final olímpica. Dessa forma terminou com o 3º lugar.

Festa brazuca na Challenger Series

A etapa de Saquarema da Challenger Series fechou a temporada quase perfeita do Brasil na Liga Mundial de Surfe. No circuito de acesso à elite da modalidade, o Brasil conseguiu seis das 10 vagas no masculino e garantiu um número recorde de participantes no Championship Tour de 2025.

Samuel Pupo Challenger Series Ericeira Foto: Laurent Masurel/World Surf League
Samuel Pupo foi o campeão da Challenger Series 2024 (Foto: Laurent Masurel/World Surf League)

Além disso, Samuel Pupo conquistou o título do CS. Ia Gouveia fechou com o vice-campeonato. Após quase 10 anos, Alejo Muniz retornou ao CT. Deivid Silva, Miguel Pupo e o Edgard Groggia completam a lista de brasileiros que subiram de divisão. Eles vão se juntar à Tati Weston-Webb, Gabriel Medina, Italo Ferreira, Filipe Toledo e João Chianca na elite do próximo ano.

Jornalista recifense formado na Faculdade Boa Viagem apaixonado por futebol e grandes histórias. Trabalhando no movimento olímpico e paralímpico desde 2022.

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