Italo Ferreira terá de superar uma epopeia se quiser levantar pela segunda vez o troféu de campeão mundial de surfe. Como ele entra como o quinto melhor ranqueado no WSL Finals, terá de vencer literalmente todos os quatro rivais para ficar com o troféu, algo que ninguém nunca conseguiu. Em 2022 o brasileiro estava em situação parecida e quase chegou lá, perdeu só a última disputa. Então já sabe o que fazer para repetir a história de dois anos atrás, mudando apenas o último capítulo.
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“Sou o único goofy do Finals, então sobra mais onda pra mim, porque todos olham pra direita e acabam sobrando as esquerdas. Tenho a opção de ir pros dois lados a todo momento. Foi o jogo que diz dois anos atrás e consegui sufocar o adversário o tempo inteiro tanto pra direita quanto pra esquerda. Não ficava preso a um tipo de onda”, disse Italo Ferreira, em entrevista coletiva concedida nesta quarta (4), direto da Trestles, nos Estados Unidos, palco do Finals desde 2021. Goofy é o surfista que se posiciona na prancha com o pé direito na frente. Quem faz o oposto é chamado de regular.
Tiro de um dia
O Finals reúne os cinco melhores ranqueados da temporada da elite do surfe. O formato é simples. O quinto e o quarto abrem a competição e quem ganhar a bateria enfrenta o terceiro. O vencedor deste confronto pega o segundo e, a seguir, o primeiro ranqueado na grande final. A decisão é uma melhor de três baterias. Ou seja, para ser campeão, Italo terá que ganhar, no mínimo cinco baterias, sendo as três primeiras consecutivas. A janela da competição começa na sexta-feira (6).
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O primeiro adversário de Italo será o australiano Ethan Ewing. Se vencer, pega o também australiano Jack Robinson. A seguir, o rival é Griffin Colapinto, dos Estados Unidos e, na final, o havaiano John John Florence. “É um tiro de um dia só. Vou começar às oito e meia da manhã e campeonato acaba às três da tarde. Competindo em alta performance”, disse. “É tentar matar logo no início, pra que eu consiga salvar energia pra ir de uma a uma e manter o ritmo até o final. Preciso ter inteligência em alguns momentos e jogar o jogo até o final.”
Mais forte
“Estou muito mais forte mentalmente e fisicamente. Isso dá uma vantagem nas manobras pra ter um pouco mais de explosão. Ser um pouco mais inteligente também”, continua Italo Ferreira. “Vivi esse jogo há dois anos, saí da primeira bateria até a última contra o número um do mundo. Acabei perdendo, mas fiquei muito feliz com o que aconteceu e aquilo vai servir de experiência para ser colocado nesse ano. Aqui tem muitas opções. Tanto pra direita quanto pra esquerda. Depende um pouco da maré. Se tiver um pouco mais cheia, a esquerda funciona melhor, a direita fica mais curta. Quando seca, a direita fica melhor, a esquerda fica com menos parede”, acrescenta.
Espírito de campeão
Em 2022, Italo chegou como o quarto ranqueado e passou bateria a bateria até chegar à final, perdendo para Filipe Toledo. Derrotou o japonês Kanoa Igarashi e os australianos Ethan Ewing e Jack Robinson antes de encarar Filipinho. O potiguar foi campeão em 2019, o último campeonato antes da criação do Finals. Em 2020, o circuito foi cancelado por conta da pandemia da Covid-19. Nas três primeiras edições do Finals, só seu Brasil no masculino. Primeiro com Gabriel Medina e as duas seguintes com Filipe Toledo.
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Italo também é o primeiro campeão olímpico de surfe, venceu em Tóquio-2020. Agora em 2024, não foi para os Jogos de Paris, pelo menos não para competir. Esteve no Taiti, palco da competição, para comentar para um canal de televisão. “Foi um momento diferente e deu pra analisar como que eles (adversários) jogam o jogo. Não tive essa oportunidade antes, porque quando você tá na competição, fica muito no automático, faz só autoanálise”, diz.