Paris – Na segunda edição de Jogos Olímpicos com surfe e skate e o Brasil seguiu mantendo bons resultados em ambos os esportes. Em Tóquio foram 4 medalhas, com 1 ouro de Ítalo Ferreira no surfe e 3 pratas, com Rayssa Leal e Kelvin Hoefler no skate street e Pedro Barros no park. Já em Paris repetimos o número, mas com 1 prata de Tatiana Weston-Webb no surfe e 3 bronzes, com Gabriel Medina também no Taiti, Rayssa Leal no skate street e Augusto Akio no park. Apesar da falta do ouro, o resultado deixa o Brasil entre os protagonistas no cenário mundial.
+Confira o quadro de medalhas dos Jogos Olímpicos de Paris-2024
Rayssa sente pressão, passa sufoco, mas leva bronze no street
Rayssa Leal chegou em Paris como favorita ao pódio. Talvez chegasse mais forte se a competição fosse em 2022, quando passou o ano invicta. Nesses dois anos viu fortes concorrentes tirarem a sua predominância, principalmente as japonesas Liz Akama, Koko Yoshizawa e Funa Nakayama, além da jovem australiana Chloe Covell.
Pressionada pela primeira vez, Rayssa teve voltas com quedas, o que é incomum para a atleta. Isso mostrou o alto nível que a competição a aguardava. Ela quase ficou de fora da final, e passou a depender de erros das adversárias para avançar. Nos tricks, tirou verdadeiros coelhos da cartola na eliminatória e também na decisão, conquistando o bronze só na última manobra.
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O desempenho de Rayssa, somado aos resultados de Pâmela Rosa e Gabi Mazetto, que caíram ainda na primeira fase da Olimpíada, mostra que o skate street feminino do Brasil ainda depende muito da Fadinha. Esse é um fator preocupante para os próximos anos no ciclo de Los Angeles-2028, uma vez que ela já demonstrou querer dar uma pausa na carreira para se dedicar a vida pessoal.
Já no street masculino o sinal de alerta também pode acender ainda mais forte. Com os mesmos três representantes de Tóquio-2020, Kelvin Hoefler, Giovanni Vianna e Felipe Gustavo, o Brasil ficou de fora do pódio em Paris-2024. Com altíssimo nível de competição desde as classificatórias, apenas Kelvin, medalhista de prata em 2020, chegou a decisão. Mesmo assim, o brasileiro viu japoneses e americanos tirarem manobras de dificuldade altas para levarem as medalhas. Kelvin inclusive declarou estar insatisfeito com o modelo de pontuação e não confirma se vai tentar a disputa por LA-2028.
Leveza e descontração levam Japinha ao pódio
No skate park masculino, o Brasil mostrou força e colocou seus três representantes na final com Pedro Barros, vice-campeão em Tóquio-2020, Augusto Akio, vice-campeão mundial em Sharjah-2022, e Luigi Cini, vice-campeão mundial em Roma-2023. Mesmo passando nas últimas posições, os brasileiros surpreenderam na decisão. O destaque ficou com Augusto Akio, o Japinha, que levou muito mais que técnica para a pista, mas sorrisos e malabares. Na sua última tentativa, conseguiu 91.85, mas antes mesmo de sair a nota, o brasileiro pegou seus malabares e ficou entretendo o público, mostrando que a nota era o que menos importava, mas como curtir o momento era o que mais interessava para Japinha.
A medalha de Akio mostra ao mundo como o Brasil se consolida como protagonista do skate park masculino. Outro fato interessante é que Pedro Barros quase desbanca Japinha, já que ficou a apenas 0.2 do conterrâneo, muito similar ao que aconteceu com Luiz Francisco em Tóquio-2020, quando acabou na quarta posição. A mistura de experiência de Barros com a juventude de Japinha e também Luigi Cini aponta que o futuro do Brasil pode seguir com pódios nas principais competições do mundo.
Já no naipe feminino, Dora Varella conquistou um importante quarto lugar na decisão. Entretanto, Isadora Pacheco e Raicca Ventura mal chegaram a final. Apesar de não ter tantas atletas competitivas internacionalmente, o resultado mostrou um variação de skatistas que podem chegar às finais. Raicca era mais cotada a chegar à decisão e disputar medalhas, mas quando falhou, Dora Varella conseguiu preencher o espaço e chegou bem perto do pódio. Resultado positivo.
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Sem mar, Medina leva “só” bronze no Taiti
A escolha por Teahupo’o como sede do surfe olímpico em Paris-2024 foi muito favorável para o Brasil. Com 6 atletas classificados, o país era o que mais levou representantes aos Jogos. Um deles foi Gabriel Medina, tricampeão da WSL e que tem no Taiti o “mar favorito”. Com histórico de duas vitórias e quatro vezes segundos lugares, o brasileiro chegou como favorito e era esperado um ouro para o surfista de Maresias.
Porém, o mar não estava para Medina. O surfista chegou à semifinal contra o australiano Jack Robinson, mas simplesmente não houve ondas durante quase 20 minutos da bateria. Assim, acabou derrotado novamente antes da final. Mas na disputa de bronze, dominou a bateria contra o peruano Alonso Correa e faturou “só” o bronze com gostinho de “quero mais”.
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Tati eleva o surfe feminino brasileiro a outro patamar e conquista prata
Quem brilhou no Taiti foi Tatiana Weston-Webb. A brasileira já tinha familiaridade no mar de Teahupo’o, uma vez que foi lá onde conquistou seu primeiro 10 da carreira e agora chegou até a final olímpica. Desse modo, quase faturou o ouro, ficando a apenas 0.2 de Caroline Marks, atual campeã mundial. Foi a primeira final de uma brasileira no surfe olímpico e Tati quer ser a pioneira para uma geração de outras surfistas que seguirão seus passos.
Além de Gabriel e Tati, o Brasil chegou no Taiti com o atual campeão mundial Filipe Toledo, além de João Chianca. Entre as mulheres, Tainá Hinckel e Luana Silva foram as representantes brasileiras. Apesar de campanhas pouco satisfatórias pelo nível da “Brazilian Storm”, o saldo de duas medalhas é positivo. Medina sofreu com a falta de ondas, enquanto Tati ficou a pouco do ouro. Já Filipinho não tem muitos bons resultados em Teahupo’o, mas claro, era-se esperado mais que apenas uma oitavas de final. Enquanto isso, Chumbinho voltou de uma grave lesão, que o tirou de boa parte da temporada, e foi eliminado da Olimpíada porque encarou Medina nas quartas de final.
Já entre as mulheres, a Olimpíada serviu de preparo para o futuro. Somente Tatiana disputa a WSL, enquanto Tainá e Luana estão no Challenger Series. A experiência olímpica será fundamental para solidificar o surfe feminino com mais brasileiras chegando na elite da modalidade.