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Surfe

Filipinho vence o Finals e entra no clube de campeões mundiais

Filipinho chegou como o grande favorito a Trestles e confirmou vencendo Ítalo Ferreira com autoridade na decisão. Ítalo sai com o vice com uma campanha memorável e, no feminino, Tati caiu para a agora octocampeã Stephanie Gilmore

Filipe Toledo WSL Ítalo Ferreira campeão mundial de surfe - Filipinho, vestindo lycra amarela e boné, segura e beija o troféu de campeão
(Thiago Diz/WSL)

Chegou o dia do Filipinho! Ele sagrou-se campeão mundial de surfe ao vencer uma final verde e amarela no WSL Finals disputado em Lower Trestles, na Califórnia. Filipe Toledo bateu ninguém menos do que o campeão olímpico Ítalo Ferreira nesta quinta-feira (8). Ítalo buscava o bi, já que levou o título em 2019. Filipinho torna-se o quarto brasileiro campeão mundial, juntando-se ao tricampeão Gabriel Medina e Adriano de Souza, além de Ítalo Ferreira. No feminino, Tatiana Weston-Webb ficou em quarto lugar.

Filipinho era o grande favorito para o título, já que chegou como primeiro do ranking mundial. Somou 54.690 pontos na temporada, vencendo duas das dez etapas, uma em Bells Beach e a outra em Saquarema. Como líder do ranking, entrou classificado para a final e, no aguardo da definição do adversário, viu Ítalo Ferreira bater o japonês Kanoa Igarashi, numa reedição da final dos Jogos Olímpicos de Tóquio, e os australianos Ethan Ewing e Jack Robinson.

Final

A final foi em uma melhor de três baterias e Filipinho ganhou já na segunda. Na primeira, começou melhor e depois da quarta onda estava na frente por 14,57 a 7,83. Dentro dos últimos dez minutos, porém, Ítalo Ferreira encaixou uma nota oito e se aproximou, precisando de um 7,13 para virar. Chegou a 6,97 na última onda que pegou, mas a bateria foi mesmo para Filipinho por 15,13 a 14,97.

Na segunda bateria, Filipe novamente saiu na frente somando 13,50 contra 11,23 de Ítalo, faltando 12 minutos para o final. O campeão olímpico precisava de 7,18 para virar. Faltando 5 minutos, os dois entraram na mesma onda, indo para lados diferente. Com dois aéreos, Ítalo conseguiu 8,60, mas no outro lado, Filipe Toledo fez cinco manobras boas para levar 8,67. Fim de bateria: 16,5 para Filipinho e 14,93 para Ítalo Ferreira.

Escalada do Ítalo

Para enfrentar Filipe Toledo na final, Ítalo Ferreira precisou vencer três adversários no WSL Finals. Ele chegou na competição como o quarto do mundo, então enfrentou o quinto, o japonês Kanoa Igarashi, na primeira rodada. O duelo reeditou a final olímpica de 2021 e novamente deu Ítalo, desta vez por 13,37 a 11,83. A seguir, dois australianos pela frente. Primeiro ele derrotou Ethan Ewing por 13,10 a 11,83 e depois, já na semifinal, Jack Robinson por 16,10 a 13,30. Nas duas últimas, o brasileiro passou por cima dos rivais.

O confronto contra Kanoa Igarashi começou em um mar sem ondas. A primeira que um deles conseguiu surfar saiu depois de mais de quinze minutos de bateria. Foi do Ítalo e arrancou um 4,33. Kanoa tentou dar a resposta, com um aéreo, e recebeu um 5,00. Logo depois entrou uma sessão e os dois partiram para cima. A 13min do fim, Kanoa pegou um ondão, com um aéreo melhor e tirou a maior nota até então, 6,83. Mas Ítalo veio logo a seguir e mostrou o que é aéreo! Emplacou um 8,17 só com uma manobra e entrou nos dez minutos finais na frente, 12,50 a 11,83, obrigando Igarashi a tirar um 5,68. Aumentou a vantagem para 6,55 logo a seguir, ao encaixar uma onda de 5,20, e sacramentou a vitória.

Filipe Toledo WSL Ítalo Ferreira campeão mundial de surfe WSL Finals
O recém campeão Filipe e o campeão de 2019 Ítalo logo após a decisão do título (Thiago Diz)

Sem resistência

O segundo adversário de Ítalo no Finals foi Ethan Ewing. O potiguar emplacou logo de cara duas notas na casa dos seis e se posicionou no placar com 12,83 e o australiano zerado. A vinte minutos do fim, dominava a bateria com 13,10 a 3,17. Mas ele parou e Ethan Ewing começou a descontar a desvantagem onda a onda. Tanto que as duas melhores notas do australiano foram as duas últimas, 5,33 e 6,50, batendo em 11,83. Ameaçou, mas não o suficiente para superar os 13,10 do brasileiro. A seguir, na semifinal, Ítalo amassou Jack Robinson. Abusando dos aéreos e muita potência, colocou vantagem logo no começo e desnorteou o rival. No final, Robinson pegou um ondão e descontou, mas não o suficiente. Assim, Ítalo foi decidir com Filipe Toleto se teríamos neste ano um bicampeão ou um campeão mundial de surfe inédito.

Menos de meio ponto

Tatiana Weston-Webb chegou no WSL Finals como a terceira melhor colocada do ranking mundial com 48,695 pontos. Venceu duas etapas, em Portugal e na África do Sul. Sendo assim, entrou no WSL Finals pela segunda rodada contra a multicampeã australiana Stephanie Gilmore, que havia batido a costarriquenha Brisa Hennessy na abertura. Foi derrotada por menos de 0,5 ponto e encerra a temporada do mundial de surfe na quarta colocação.

Tati Weston-Webb Tatiana Weston-Webb Filipe Toledo WSL Ítalo Ferreira campeão mundial de surfe WSL Finals
Tati perdeu para Stephanie Gilmore, que viria a ser campeã pela oitava vez (Pat Nolan/wSL)

Tati começou com tudo a bateria contra Gilmore e em dois minutos já tinha uma onda de 5,17. Na segunda foi ainda melhor e emplacou um 8,00 indo a 13,17. Stephanie Gilmore deu a resposta com um 6,50 que, somados a uns pontinhos que ela tinha de duas ondas, levou a 8,17, precisando de 6,68 para virar. A cerca de 15min do fim, Tati tirou um 6,87 e foi a 14,87, mas Gilmore emplacou um 7,00 e um 8,30 e assumiu a primeira colocação. Faltando 10 minutos, Tati precisava de 7,31 e a menos de dois minutos, foi pro tudo ou nada em um ondão. Saiu um 6,83, a menos de 0,50 para a virada.

Gilmore acabou ficando com o título do WSL Finals. Na final, ela venceu as duas baterias contra a havaiana Carissa Moore. Na primeira, a australiana venceu por 15,00 a 10,90; enquanto na segunda ela venceu por 15,93 a 11,97 para levar o seu oitavo título mundial de surfe aos 34 anos de idade.

*com Gabriel Gentile

Jornalista com mais de 20 anos de profissão, mais da metade deles na área de esportes. Está no OTD desde 2019 e, por ele, já cobriu 'in loco' os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Tóquio, os Olímpicos de Paris, além dos Jogos Pan-Americanos de Lima e de Santiago

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