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Surfe

Novo líder do Mundial, Filipe Toledo vence Bells Beach pela primeira vez

Após assumir a liderança do Mundial no sábado ao bater John John Florence, Filipe Toledo vence dois australianos no domingo para ser campeão em Bells Beach

Filipe Toledo campeão Bells Beach Mundial de surfe WSL
(@WSL / Matt Dunbar)

O novo líder do ranking mundial, Filipe Toledo, e a australiana Tyler Wright, viveram pela primeira vez a sensação única de badalar o sino do troféu da vitória da etapa de Bells Beach do Mundial de surfe, na madrugada deste domingo na Austrália. Tyler ganhou o título no confronto de campeãs mundiais com Carissa Moore e Filipe derrotou um novato na elite deste ano, Callum Robson. Ele já tinha garantido a liderança da temporada 2022 da WSL no sábado e o australiano saltou do 15º para o sexto lugar, com o vice-campeonato conquistado.

“Quero parabenizar a WSL, porque tivemos momentos difíceis, campeonatos cancelados, num ano que o mundo parou, mas trabalharam duro para voltar o circuito no ano passado e agora aqui para Bells. É muito bom poder estar aqui nesse lugar especial, com muita história e eu não poderia estar mais feliz com esse presente”, disse Filipe Toledo, que pegou o troféu de Bells Beach para badalar o sino com muita força e felicidade. Ele completou 27 anos de idade no sábado, quando assumiu a liderança no ranking da temporada 2022. 

Tyler Wrigth e Filipe Toledo badalam o sino em Bells Beach
Tyler Wright e Filipe Toledo com o troféu da etapa de Bells Beach (@WSL / Ed Sloane)

O troféu do evento mais tradicional do Circuito Mundial é um dos mais desejados por todos. Filipe Toledo é o quarto surfista do Brasil a ter o seu nome escrito nos degraus da escada que sobe da praia até o alto do penhasco de Bells, onde estão homenageados todos os campeões e campeãs da longa e rica história da etapa. A primeira vitória foi de Silvana Lima em 2009. Depois, os campeões mundiais Adriano de Souza e Italo Ferreira também badalaram o sino em 2013 e em 2018, respectivamente.

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Essa foi a quarta final seguida com um brasileiro disputando o título em Bells Beach. Antes de Italo ganhar em 2018, Caio Ibelli tinha sido vice-campeão contra o sul-africano Jordy Smith em 2017. E Filipe também perdeu a última decisão em 2019 para o havaiano John John Florence. A derrota foi devidamente vingada no novo confronto entre eles, pelas quartas de final no sábado. Essa foi, também, a segunda final consecutiva de Filipe Toledo em 2022, pois decidiu o título da etapa de Portugal, vencida pelo californiano Griffin Colapinto.   

Ainda no pódio, Filipe foi perguntado sobre a reedição da final de 2019 com John John Florence: “Sim, todo mundo estava esperando essa bateria, mas eu me preparei mentalmente para vir com tudo pra vencer. Eu estava muito confiante em surfar o meu melhor em cada onda. Na verdade, eu orei bastante antes da bateria, pedindo a Deus para me mandar a primeira onda e minhas preces foram atendidas. Veio aquela onda incrível (9,63) e eu ganhei mais confiança para o restante da bateria”. 

A 11ª vitória na 16ª final da sua carreira em etapas do Mundial de surfe foi como um presente de aniversário para Filipe. Ele completou 27 anos de idade no sábado, quando tirou a liderança do ranking do japonês Kanoa Igarashi. Agora, vai defender o título da próxima etapa, que começa no dia 24 na Austrália, vestindo a lycra amarela de número 1 da World Surf League. No ano passado, ele e Tatiana Weston-Webb fizeram uma dobradinha brasileira no alto do pódio de Margaret River.

Filipe Toledo vibrando pela primeira vitíra no Rip Curl Pro Bells Beach (Crédito: @WSL / Aaron Hughes)
Filipe Toledo vibrando pela primeira vitória em Bells Beach (@WSL / Aaron Hughes)

SEMIFINAL

A disputa deste domingo começou nas semifinais. Filipe enfrentou o australiano Ethan Ewing numa bateria de poucas ondas. A primeira só foi surfada após 12 minutos e pelo brasileiro. Ele já mostrou que ia usar manobras inovadoras nessa condição de mar e voou em dois aéreos rodando na mesma onda, que valeram nota 6,00. Logo, ele pega outra para tentar o giro completo no ar e até consegue, porém cai na aterrissagem. Filipe então decide mudar de prancha e pede outra para sua equipe, então pega mais uma onda e dessa vez usa a borda, fazendo uma série de batidas e rasgadas, até sair do mar para trocar o equipamento.

A bateria já chegava nos 15 minutos finais, sem Ethan Ewing surfar nenhuma onda. Filipe está na areia, quando é divulgada nota 4,73 na sua última onda. Com ela, atingiu 10,73 pontos e o australiano já não poderia vencê-lo em uma única nota, teria que surfar duas nos últimos 10 minutos. O tempo vai passando e, enfim, Ethan pega sua primeira onda, há 6 minutos do fim. Era pequena, mas ele sai da “combination” com nota 3,43 e passa a precisar de 7,30. Mas, a bateria acaba, com Filipe Toledo avançando para sua segunda final consecutiva em Bells.

Filipe Toledo na semifinal contra Ethan Ewing (Crédito: @WSL / Ed Sloane)
Filipe Toledo na semifinal contra Ethan Ewing (@WSL / Ed Sloane)

FINAIS EM RINCON

As finais aconteceram em Rincon, que fica mais a direita do palco principal, o Bowl de Bells. Lá as ondas são mais rápidas, favorecendo o surfe de alta performance como o de Filipe Toledo. Mas, as condições estavam difíceis no domingo, com muito vento agindo negativamente na formação das direitas de 3-4 pés e deixando o mar mexido, balançando bastante. O evento chegou a ficar parado por cerca de 3 horas para aguardar que as ondas melhorassem para decidir os títulos.  

Filipe Toledo pegou a primeira e começou com uma rasgada grande, seguida por uma batida passando a rabeta do lip da onda e seguiu fazendo rasgadas, tail slides, manobrando sem parar até a beira do mar. Callum Robson entra na onda de trás e manobra forte na borda também, mas cai no meio do caminho. A nota do Filipe sai 6,00 e o australiano recebe 5,17. Na segunda onda, Filipe usa seu repertorio de manobras inovadoras e progressivas, com batidas, rasgadas, voa num alley-oop, segue atacando e finaliza com um aéreo reverse. 

Os juízes dão 8,17 nessa onda, que abre 9,00 pontos de vantagem sobre Callum. Faltando 15 minutos, o australiano surfa forte de novo e volta para a briga com 7,77. Filipe vem na onda de trás, faz uma série de cutbacks, acelera e completa outro aéreo rodando mais alto, para trocar o 6,00 por 6,57. O australiano fica precisando de 6,98, mas falha nas chances que teve para conseguir a vitória e a bateria termina com vitória brasileira por 14,74 a 12,94 pontos.

“Eu levei 9 anos para finalmente badalar esse sino e o Callum (Robson) já chegou tão próximo no seu primeiro ano, então ele pode esperar um pouco mais né”, brincou Filipe Toledo. “Infelizmente, a final não foi no Bowl, mas em Rincon e tinha muito vento, tava bem difícil. Mas foi divertido porque deu para surfar umas ondas boas ainda. Quero agradecer a todo o meu time porque sem eles eu não estaria aqui e parabenizar todos os surfistas que chegaram nesse dia final”.

DECISÃO FEMININA

Owen e Mikey Wright levando a campeã Tyler Wright nos ombros pela praia lotada no domingo em Bells Beach (Crédito- @WSL / Ed Sloane)
Owen e Mikey Wright levando a campeã Tyler Wright nos ombros em Bells Beach (@WSL / Ed Sloane)

A decisão feminina começou com Tyler Wright logo pegando uma onda abrindo uma longa parede, que foi detonada por uma série interminável de manobras, já começando com uma nota excelente, 8,93. Era a décima final entre ela e Carissa Moore em etapas do CT. A havaiana tinha vencido sete, duas delas em Bells Beach, em 2013 e 2014. Mas, a australiana ganhou as duas últimas, em 2016 na ilha de Maui e em 2021, na primeira final de CT feminino em Pipeline, na etapa que começou também em Maui. 

No domingo, a bicampeã mundial não deu qualquer chance para a pentacampeã e nova líder do ranking 2022. Tyler foi aumentando a vantagem a cada onda, até sacramentar a 15ª vitória da sua carreira com uma nota 8,00 em outra destruída pela força das suas batidas e rasgadas. A torcida que lotou a praia, vibrou intensamente e ela foi carregada pelos irmãos Owen e Mikey Wright após sair do mar com seu primeiro título de campeã em Bells Beach.

“Eu ganhei dois títulos mundiais, mas esta vitória parece tão grande quanto eles. Era o único evento que eu realmente sempre quis vencer e aqui estou eu, muito feliz”, disse Tyler Wright. “Já venho competir aqui, descendo essas escadas há 12 anos, para conseguir a vitória com toda minha família aqui, então estou me sentindo na lua agora. Foram 4 longos anos para me recuperar (síndrome pós-viral) e nunca me senti tão forte. Muitas vezes, pensei em desistir. Mas, trabalhei muito para estar aqui e agradeço por todo apoio, amor e cuidado que tive de tantas pessoas”.

RESULTADOS DO ÚLTIMO DIA EM BELLS BEACH 

DECISÃO DO TÍTULO MASCULINO:
Campeão: Filipe Toledo (BRA) por 14,74 pts (8,17+6,57) – US$ 100.000 e 10.000 pts
Vice-campeão: Callum Robson (AUS) com 12,94 pts (7,77+5,17) – US$ 45.000 e 7.800 pts

SEMIFINAIS – 3.o lugar com US$ 25.000 e 6.085 pontos:
1.a: Filipe Toledo (BRA) 10,73 x 4,10 Ethan Ewing (AUS)
2.a: Callum Robson (AUS) 11,86 x 11,50 Jack Robinson (AUS)

DECISÃO DO TÍTULO FEMININO:
Campeã: Tyler Wright (AUS) por 16,93 pts (8,93+8,00) – US$ 100.000 e 10.000 pts
Vice-campeã: Carissa Moore (HAV) com 10,57 pts (5,77+4,80) – US$ 45.000 e 7.800 pts

SEMIFINAIS – 3.o lugar com US$ 25.000 e 6.085 pontos:
1.a: Tyler Wright (AUS) 14,23 x 13,90 Courtney Conlogue (EUA)
2.a: Carissa Moore (HAV) 14,50 x 13,77 Brisa Hennessy (CRI)

MUNDIAL DE SURFE MASCULINO

PosTimePts
122625
25320
33320
4Billy Kemper (HAV)1330
51330
61330
7265
8Koa Smith (HAV)265
9Tully Wyllie (AUS)265
10Vasco Ribeiro (POR)265
1115
126
136
143
153
163
173
183
193
203
213
220
230
240
250
260
270
280
290
300
310
320

MUNDIAL DE SURFE FEMININO

PosTimePts
157670
250220
348695
448085
546370
643750
742100
839070
937765
1037285
1127110
1226810
1317765
1414710
1514710
1614485
1712575
1811045
1910785
202610
212610
221045

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