Sophia Medina, é a nova campeã sul-americana da temporada 2021/2022 da World Surf League Latin America. O título foi confirmado com sua classificação para as quartas de final do QS de Florianópolis, na bateria que fechou a sexta-feira de boas ondas na Praia Mole. A catarinense Laura Raupp já havia tirado a maior nota do dia entre as meninas para seguir na busca do bicampeonato nesta etapa que estreou em 2021. E novos recordes foram registrados por Michael Rodrigues e Wesley Leite na categoria masculina. O show de surfe continua neste sábado, a partir das 8h00 ao vivo pelo WorldSurfLeague.com.
“Nem sei o que falar, porque a ficha não caiu ainda, mas estou muito feliz”, vibrou Sophia Medina. “Eu nem sabia que seria campeã sul-americana se passasse essa bateria, então foi emocionante. Mas, toda honra e toda a glória para Deus, porque sem Ele eu não estaria aqui. Eu sempre falo que a gente não merece nada, mas eu pude treinar para colher todo o fruto do meu trabalho, junto com o meu pai, minha mãe, com o Juca, minha família toda. Agradeço aos meus patrocinadores por acreditarem em mim e agora vamos rumo ao Challenger”.
Sophia tem apenas 16 anos de idade e repetiu até mais jovem, o feito do seu irmão, Gabriel Medina, que conquistou o primeiro dos seus dois títulos sul-americanos de surfe profissional em 2011, com 17 anos. O primeiro lugar no ranking 2021/2022 da WSL Latin America, foi confirmado com a passagem para as quartas de final do QS de Florianópolis. Com os 500 pontos já garantidos no ranking, atingiu imbatíveis 4.000 pontos, somando com os mesmos 500 pontos do quinto lugar na Praia Mole em 2021 e os 3.000 da vitória na etapa de Saquarema.
Ela dominou toda a sua bateria, que fechou a sexta-feira de chuva e céu nublado em Florianópolis, mas com boas ondas na Praia Mole. Sophia já largou na frente com notas 4,33 e 6,17 nas primeiras que surfou. Depois, conseguiu um 6,57 para totalizar 12,74 pontos. A cearense Yanca Costa ficou com a última vaga para as quartas de final, eliminando a paranaense Gabriely Vasque e a paulista Isabela Saldanha. A meta da campeã sul-americana agora é fechar a temporada com vitória na Ilha de Santa Catarina.
“Estou muito empolgada com essa conquista, mas agora é colocar a cabeça no lugar, pôr o pezinho no chão, porque esse foi só o começo desse campeonato”, disse Sophia Medina. “É preciso focar bateria por bateria, porque tem algumas baterias ainda pra passar até a final. Com certeza, o objetivo num campeonato é sempre ganhar, então tem um longo caminho ainda e, se Deus quiser, vai dar tudo certo”.
Quem também tem o mesmo objetivo é a defensora do título do QS de Florianópolis. A catarinense Laura Raupp iniciou sua carreira profissional com vitória em sua primeira etapa do WSL Qualifying Series, com apenas 15 anos de idade. Ela não começou bem sua bateria na sexta-feira, mas achou uma boa onda para mostrar a potência do seu surfe e conseguir a maior nota do dia entre as meninas, 8,00. Com ela, saiu do último para o primeiro lugar e já garantiu sua classificação para o Challenger Series 2022, com a passagem para as quartas de final.
Junto com ela, estreou uma concorrente direta por vaga, Arena Rodriguez Vargas. A peruana ocupava a terceira posição no ranking regional da WSL Latin America, que indica quatro surfistas para a divisão de acesso a elite do World Surf League Championship Tour. Laura era a quarta colocada e já ultrapassou a peruana, que acabou eliminada pela cearense Juliana Santos. Arena agora pode perder a última vaga para o Challenger Series, caso a brasileira Summer Macedo chegue na grande final em Florianópolis.
“Estou muito feliz, tanto pelo resultado, como pela onda que consegui achar na bateria”, disse Laura Raupp. “Estava muito difícil, porque não vinha onda pra mim e todas as meninas estavam pegando ondas, fazendo notas. Daí me afastei um pouco delas, fui mais pra direita e graças a Deus veio a onda. Aí consegui fazer uma manobra com potência e estou mega feliz por passar essa primeira bateria. Eu estava muito nervosa, mas agora é se preparar para amanhã”.
As quartas de final femininas do serão realizadas neste sábado. A primeira bateria será entre a bicampeã sul-americana de 2019 e 2020/2021, Daniella Rosas, do Peru, e a cearense Juliana Santos. Laura Raupp disputa a segunda vaga nas semifinais, com a também catarinense Kiany Hyakutake. Na bateria seguinte, a cearense Yanca Costa enfrenta outra catarinense, Maya Carpinelli. E a última é a da nova campeã sul-americana, Sophia Medina, com a concorrente pela última vaga para o Challenger Series, Summer Macedo, que sempre morou no Havaí e é filha de pais brasileiros.
NOVOS RECORDES – Antes das meninas competirem na sexta-feira, os homens comandaram o show nas ondas da Praia Mole, registrando novos recordes na história do QS de Florianópolis. O cearense Michael Rodrigues aumentou seu próprio recorde de pontos do ano passado, de 16,30 para 16,33. Ele igualou a nota 9,00, que foi a maior de 2021, com um aéreo “full rotation stalefish” incrível de frontside, colocando a mão de trás na borda da prancha.
“Eu quase não acerto esse aéreo no freesurf, mas na hora estava bem confortável pra arriscar a manobra e deu certo”, disse Michael Rodrigues. “Eu estou tranquilão, já classificado para o Challenger Series que era a principal meta e fiquei a semana passada inteira sem surfar, fazendo toda a logística de viagem para a Austrália. Esse evento vou aproveitar bem mais do que o do ano passado, que eu precisava muito de um bom resultado. Eu moro aqui há mais de 10 anos, surfo quase todos os dias na Praia Mole e espero bater mais recordes de novo”.
Michael Rodrigues só tinha perdido uma das seis baterias que disputou na Praia Mole em 2021, justamente a grande final do campeonato, para o paulista Eduardo Motta. O defensor do título acabou eliminado em sua estreia pelos também paulistas Ryan Kainalo e Kim Matheus. Michael agora pode tentar a vitória que escapou no ano passado, mas seu recorde de nota já foi batido na bateria seguinte à da sua estreia na sexta-feira, por outro paulista, Wesley Leite.
Assim como Michael Rodrigues, Wesley já está garantido na lista dos dez surfistas que o ranking da WSL Latin America classifica para o Challenger Series, único caminho para se chegar na elite do World Surf League Championship Tour. Wesley acertou um aéreo muito alto de frontside com a mão na borda numa esquerda, com grande amplitude e fazendo um giro rápido na aterrissagem. Um dos cinco juízes deu nota 10 para a manobra e a média ficou 9,10, a maior das duas edições do QS de Florianópolis até agora.
“Eu venho treinando muito, estou aqui na Mole surfando há mais de 1 mês, treinando como nunca. Já consegui minha vaga pro Challenger Series, então é um sonho realizado e vou com tudo, com muita garra, porque nunca foi nada fácil na minha vida”, disse Wesley Leite. “Eu treino bastante os aéreos e estou feliz porque agora tenho um patrocinador de bico, a Freesurf, que dá uma motivação a mais. Estou amarradão com tudo e dedico isso ao meu irmão, minha família, amigos, patrocinadores e à Deus, por poder estar vivendo esse sonho”.
VAGAS NO CHALLENGER SERIES – A batalha pelas últimas vagas para o Challenger Series 2022 foi intensa durante toda a sexta-feira na Praia Mole. Na lista dos dez nomes indicados pelo ranking regional da WSL Latin America, sete já estão definidos, Willian Cardoso, Eduardo Motta, Alex Ribeiro, Michael Rodrigues, Wesley Leite, Marco Fernandez e Raoni Monteiro. Além deles, Robson Santos, Matheus Navarro e Santiago Muniz, chegaram em Florianópolis dentro do G-10, defendendo as três últimas vagas contra 14 surfistas com chances matemáticas.
Robson Santos e o último colocado na lista, Santiago Muniz, estrearam na segunda bateria do dia e já tiraram um concorrente da briga, Daniel Templar. Santiago é irmão mais jovem do ex-top do CT, Alejo Muniz, que mais tarde também foi eliminado e saiu da disputa por vaga no Challenger Series 2022. “Toda bateria é importante e essa primeira do campeonato, sempre tem aquela ansiedade”, disse Santiago Muniz, após a estreia com vitória. “Graças a Deus, consegui pegar duas ondas pra avançar e vamo que vamo, porque tem bastante coisa ainda para acontecer até domingo”.
Na bateria que Wesley Leite conseguiu a maior nota da história do QS de Florianópolis até agora, tinham mais dois concorrentes diretos por vagas no Challenger Series e somente um passou, o paulista Jessé Mendes. O baiano Bino Lopes foi barrado e saiu da briga pela classificação para o Challenger Series 2022. Jessé é o 11.o colocado na lista dos 10 indicados pelo ranking regional da WSL Latin America e quatro que estão atrás dele já haviam avançado, Thiago Camarão, José Francisco, Ryan Kainalo e o argentino José Gundesen.
“Sem dúvidas, é um evento superimportante não só pra mim, como para mais uns dez que estão ali no bololô da classificação pro Challenger Series”, disse Jessé Mendes. “O Santiago (Muniz) passou a bateria dele de manhã, o Thiago Camarão, o José Gundesen, o José Francisco também. Enfim, eu sabia que o mínimo que eu tinha que fazer era passar, senão já estava fora da briga. Agora o foco é pra próxima, porque eu tenho que passar mais baterias. Tem muita gente boa para poucas vagas, então tenho que seguir avançando”.
A batalha da classificação para o Challenger Series 2022 prossegue neste sábado na Praia Mole. Santiago Muniz defende a última vaga no G-10 na primeira bateria do dia. Robson Santos está na segunda com um concorrente direto, José Gundesen, além de um dos destaques da sexta-feira, Mateus Herdy. E Matheus Navarro, que divide a última posição no G-10 com Santiago Muniz, enfrentará os recordistas da história do QS de Florianópolis, Michael Rodrigues e Wesley Leite, na penúltima bateria desta quinta fase.