Ela é uma das inspirações de Wiggolly Dantas, seu irmão, para surfar. E foi, justamente, o grande destaque no primeiro dia do Brasileiro de Surfe Feminino, nesta sexta-feira (22), na Praia de Itamambuca, em Ubatuba. Bicampeã brasileira profissional, Suelen Naraísa garantiu as melhores performances, nas duas apresentações, com a maior nota, 7,75 pontos e as maiores somatórias, 14,0 e depois 14,5, num dia de ondas de 1 metro e muito sol.
O campeonato segue até domingo (24) e está reunindo mais de 130 surfistas de oito estados e também uma convidada da Costa Rica, Emily Gussoni, outro grande destaque do dia. No total, são sete categorias em ação, com a atração principal o título brasileiro profissional, distribuindo R$ 15 mil de premiação. Também estarão no mar a longboard profissional e as disputas de base sub-10, sub-12, sub-14, sub-16 e sub-18.
Para Suelen, prevaleceu o conhecimento do pico e a experiência, além da dedicação. “Foi um pouco de cada, mas o foco. Este ano estou bem mais concentrada, sabendo o que estou fazendo. Apesar do conhecimento, da experiência, o treino e a dedicação contam bastante”, afirmou a surfista de 33 anos.
“Esse ano fiz o meu trabalho, o que fiz a minha vida toda, o que não aconteceu nos dois últimos anos”, argumentou. “Estava bem desanimada. Desde o meu resultado do ano passado, eu coloquei na cabeça que esse ano seria diferente”, desabafou a atleta, que foi apenas a 17ª colocada em 2016. “Agora, quero me divertir, estou no quintal de casa, com a família”, afirmou.
A melhor do Brasil em 2009 e 2010 falou com carinho e orgulho da iniciativa de seu irmão, um dos brasileiros do WCT, em patrocinar e revitalizar o surfe feminino, pelo terceiro ano seguido. “Fico muito orgulhosa. Sempre falo em casa: a gente tem de retribuir tudo o que nos foi dado um dia. Ele, como o nome que tem, os patrocinadores acreditam decidiu ajudar, retribuir para o surfe feminino, por ter uma atleta dentro de casa, por sempre ter visto a dificuldade que foi o surfe feminino”, relatou.
Atualmente, Suelen tem uma escola de surfe em Itamambuca. “Me formei em Educação Física em 2005 e, desde então, já trabalho com isso. Nos últimos anos têm sido mais intenso. Também tem aulas com grupos de mulheres na iniciação e surftrips. Passo meu conhecimento de uma vida inteira de surfista. Levo essas meninas para ondas gringas. Hoje eu realizo sonhos”, destacou.
SUPERAÇÃO – Mas muitos que acompanham Suelen e sua trajetória de campeã, não conhecem a sua história de superação. Aos dez anos de idade, ela venceu um câncer no rim esquerdo. Operou a veia cava e a veia renal e chegou a ser desenganada pelos médicos. Lutou e antes de ser campeã nas ondas, foi vitoriosa na vida. “Fiquei três anos parada e voltei aos 13 anos e comecei a ganhar no surf e as coisas foram acontecendo. Escrevi a minha história”, lembrou Suelen, que ainda almeja um novo capítulo neste domingo, com o tricampeonato brasileiro.
No caminho, terá uma bateria forte, neste sábado logo cedo, enfrentando a catarinense Jacqueline Silva, campeã em 2015 e que já foi vice-campeã mundial do WCT, além de Lousie Frumento e Juliana Meneghel (ambas de Guarujá). Para quem não puder ir até a praia, tem a transmissão ao vivo pela internet, no site www.fpsurf.com.br.
JULIAS – Ainda na sexta-feira, outro grande destaque do evento, Sophia Medina, irmã caçula do primeiro brasileiro campeão mundial, Gabriel Medina, surfou na sub-12 e se classificou. Quem também fez bonito foi Isabela Saldanha, de São Sebastião, competindo em três categorias sub-14, sub-16 e sub-18. A carioca Maria Julia Freitas, a Maju, filha do campeão mundial de longboard, Marcelo Freitas, foi mais uma surfista com ótima atuação, somando 13,65 na sub-16, junto com suas conterrâneas Julia Camargo e Julia Duarte.