Pela terceira vez esse ano, uma etapa do WSL Qualifying Series é encerrada com uma final brasileira e agora foi Alex Ribeiro quem festejou o título no QS 3000 da África do Sul. A decisão do Volkswagen SA Open of Surfing no domingo em Durban foi contra Hizunomê Bettero e ainda teve mais um brasileiro, Victor Bernardo, dividindo o terceiro lugar com o peruano Miguel Tudela nas semifinais. Outro paulista, Deivid Silva, e o catarinense Tomas Hermes, perderam nas quartas de final e ficaram em quinto lugar na verdadeira invasão brasileira na África do Sul.
“Estou muito feliz, é um sentimento muito bom. Eu nem consegui dormir direito essa noite, só ficava pensando no campeonato e eu estava muito instigado pra competir”, contou Alex Ribeiro, que comandou a festa brasileira num dos principais palcos do surfe na África do Sul, que sempre sediava as etapas do CT antes de Jeffreys Bay. “Eu estou amarradão em vencer aqui e em fazer a final com meu amigo, Hizunomê Bettero, que é um grande surfista também”.
A decisão com Hizunomê Bettero na África do Sul foi a terceira 100% brasileira em etapas do WSL Qualifying Series esse ano. A primeira aconteceu no QS 6000 de Newcastle, na Austrália, onde o catarinense Yago Dora derrotou o líder do ranking, Jessé Mendes. A segunda foi no QS 1500 Rip Curl Pro Argentina em Mar del Plata, que abriu a corrida pelo título sul-americano da WSL South America com vitória paulista de Thiago Camarão sobre o capixaba Krystian Kymerson. E ainda teve uma final sul-americana numa etapa do QS 3000 em Portugal, com o uruguaio Marco Giorgi vencendo o próprio Thiago Camarão em Santa Cruz.
Com o título no QS 3000 Volkswagen SA Open of Surfing, Alex Ribeiro deu um grande passo para recuperar a vaga na elite dos top-34 da World Surf League perdida no ano passado. Com os 3.000 pontos no ranking, entrou na lista dos dez que se classificam pelo QS, subindo do 12.o para o quinto lugar no ranking, logo abaixo de Yago Dora, que não competiu na África do Sul, como o líder Jessé Mendes. Já o vice-campeão Hizunomê Bettero somou 2.250 pontos e saltou de 82 para 26 na classificação geral das 29 etapas completadas no domingo em Durban.
“Foi um ótimo resultado na minha primeira competição aqui na África do Sul”, disse Hizunomê Bettero. “Agora eu vou ter um tempo para visitar alguns lugares turísticos aqui e também surfar algumas boas ondas até o evento de Ballito, que será muito importante, o primeiro QS 10000 do ano. Parabéns ao Alex (Ribeiro) e obrigado a todos os organizadores do evento”.
Hizunomê já venceu uma etapa esse ano, o QS 1500 Jack´s Surfboard Pro no maior palco do esporte nos Estados Unidos, Huntington Beach, na Califórnia. Mas, na grande final do QS 3000 da África do Sul, Alex Ribeiro pegou as melhores ondas que entraram na bateria para ganhar notas 8,67 e 7,00 e faturar o prêmio máximo de 12.000 dólares por 15,67 a 11,57 pontos. Hizunomê já tinha garantido metade disso quando derrotou Miguel Tudela por uma pequena vantagem de 14,80 a 13,60 pontos nas semifinais. O peruano chegou perto de fazer outra final nessa temporada, pois ficou em quarto lugar na do QS 1000 de Sunset Beach, no Havaí.
“Fico feliz pelo Hizunomê (Bettero), que é realmente um bom surfista, mas estou triste também porque perdi”, disse Miguel Tudela, que acabou eliminado na última onda surfada pelo brasileiro nos minutos finais. “Foi uma boa bateria. Eu estava liderando e achei que, talvez, ele não conseguisse a nota que precisava naquela onda que eu deixei passar. Mesmo assim, esse é o meu melhor resultado esse ano e agora estou me sentindo mais confiante para o segundo semestre”.
A outra semifinal foi bem mais eletrizante, com os dois brasileiros destruindo as ondas de Durban com grandes apresentações. O placar de 17,37 a 16,23 da vitória de Alex Ribeiro sobre o também paulista Victor Bernardo comprova o alto nível da bateria. Com os 1.680 pontos do terceiro lugar no Volkswagen SA Open of Surfing, Vitinho subiu da 48.a para 17.a colocação no QS e Miguel Tudela foi da 58.a para a 32.a. O peruano barrou o catarinense Tomas Hermes nas quartas de final, que saltou de 143 para 71 no ranking com os 1.260 pontos do quinto lugar.
G- 10 PARA O CT – O paulista Deivid Silva foi batido no duelo seguinte por Hizunomê Bettero e também ficou em quinto lugar no QS 3000 da África do Sul, subindo da quinquagésima para a 34.a posição. Apenas dois surfistas entraram no G-10 do WSL Qualifying Series nesta 29.a etapa em Durban, o campeão Alex Ribeiro e outro brasileiro, Flavio Nakagima. Ele passou a ocupar a última vaga na lista dos indicados para o World Surf League Championship Tour, quando avançou para a rodada classificatória para as quartas de final. E permaneceu no G-10, mesmo após perder nesta fase para Alex Ribeiro e o australiano Soli Bailey.
O cearense Michael Rodrigues, o paulista Victor Mendes e o catarinense Mateus Herdy, que na sexta-feira conquistou o título da categoria Pro Junior em Durban, também passaram pela fase dos 32 finalistas que abriu o domingo decisivo do QS 3000 da África do Sul. O mais jovem deles, Mateus, ficou em último na segunda batalha por vagas nas quartas de final, vencida por Victor Bernardo. Na terceira, Victor Mendes foi barrado por Hizunomê Bettero e Tomas Hermes. E Michael Rodrigues caiu na última, que classificou Deivid Silva e Miguel Tudela.
TEMPESTADE BRASILEIRA – O termo “Brazilian Storm” já havia sido usado no título da notícia oficial do evento na quinta-feira, quando doze brasileiros passaram para a rodada de estreia dos 32 cabeças de chave mais bem colocados no ranking mundial. E nessa lista, o Brasil já tinha maioria, com mais quatorze surfistas entrando na fase mais avançada da competição. Eram tantos, que duas baterias ficaram 100% verde-amarelas e outras duas tinham três também disputando apenas duas vagas. Essa quarta e última fase de dezesseis baterias aconteceu no sábado, treze delas com brasileiros, que conquistaram 14 das 32 vagas para o domingo.
Na primeira bateria brasileira nas ondas de Durban, o vencedor foi o jovem catarinense Mateus Herdy, derrotando Alex Ribeiro na estreia do campeão do QS 3000 Volkswagen SA Open of Surfing. Ele teve que ganhar a briga pela segunda vaga do também paulista Weslley Dantas e do capixaba Krystian Kymerson. Na outra, os cabeças de chave confirmaram o favoritismo sobre os dois que vieram da terceira fase, com o cearense Michael Rodrigues e o catarinense Alejo Muniz superando o paulista Marcos Correa e o capixaba Rafael Teixeira.
A batalha pelas 32 vagas para o domingo terminou nas duas baterias com participação tripla do Brasil. Na penúltima do dia, o sul-africano Beyrick De Vries derrotou os três, com Wesley Leite passando em segundo e o também paulista Thiago Camarão e o carioca Lucas Silveira sendo eliminados. Já na disputa pelas duas últimas vagas, deu dobradinha verde-amarela do baiano Marco Fernandez e o paulista Deivid Silva sobre o outro brasileiro, Yage Araujo, e o sul-africano Joshe Faulkner.
PARTICIPAÇÃO PERUANA – Além dos brasileiros, os peruanos também tiveram boas atuações no QS 3000 da África do Sul. Miguel Tudela passou para o último dia no confronto vencido pelo catarinense Tomas Hermes, contra o paulista Samuel Pupo e o francês Jorgan Couzinet, número 3 no ranking do WSL Qualifying Series. Os dois voltaram a se enfrentar nas quartas de final e o peruano derrotou o brasileiro. Já Cristobal de Col passou duas baterias eliminando os chilenos Manuel Selman e Maximiliano Cross, mas perdeu no sábado junto com o atual vice-líder do QS, Hiroto Ohhara, para outro japonês, Hiroto Arai, e o francês Diego Mignot.
PRÓXIMAS ETAPAS – A “perna sul-africana” do WSL Qualifying Series continua nesta semana, com uma etapa do QS 1000 promovida pelo top do CT, Jordy Smith, em Cape Town, que no ano passado foi vencida pelo peruano Joaquin del Castillo. No entanto, a mais importante acontece na próxima semana, de 3 a 9 de julho, o primeiro QS 10000 do ano, Ballito Pro, em KwaZulu-Natal. Esse evento pode provocar grandes mudanças no ranking e são apenas cinco etapas com status máximo de 10.000 pontos nesse ano.
Também no mês de julho, serão realizadas duas provas seguidas da WSL South America valendo pontos para o QS e para o ranking que define o campeão sul-americano da temporada. A primeira marca a volta de San Bartolo e do Peru ao Circuito Mundial depois de três anos com duas etapas do QS 1000 nos dias 13 a 15 de julho, o Rip Curl Pro para os homens e o Jeep Pro para as mulheres. E na semana seguinte, de 17 a 23, tem o já tradicional Maui and Sons Arica Pro Tour no Chile, que dobrou o seu status esse ano de QS 1500 para QS 3000, aumentando a importância do desafio nas grandes ondas de El Gringo.