A famosa etapa de Teahupoo, no Taiti, é palco da 7ª parada do Mundial de Surfe 2019, entre 21 de agosto e 1º de setembro. A “Praia dos Crânios Quebrados”, conhecida por suas ondas gigantes e poderosas, receberá os 36 melhores surfistas do planeta, em uma disputa que promete ser acirrada e decisiva, tanto para os que angariam entrar na briga pelo título mundial, quanto por aqueles que almejam vagas olímpicas. Você assiste tudo isso ao vivo e com comentários em tempo real aqui no OTD, nessa mesma página!
+ Confira o ranking do circuito mundial de 2019
Assista abaixo à análise do Canal Parafina, parceiro do OTD, sobre a etapa de Teahupoo:
Em 7º, Medina busca o tri para se aproximar dos líderes
Pode-se dizer que Gabriel Medina é o verdadeiro ‘favoritaço’ para a etapa de Teahupoo. Nos últimos 5 anos lá, ele fez 4 finais e chegou em todas as semis. É, sem dúvidas, o melhor do mundo nessa onda atualmente. E vem embalado. Conquistou a etapa de Jeffreys Bay, na qual ele não era apontado como um dos favoritos, dando um show. Agora, o brasileiro quer embalar, em sua etapa preferida, para embalar no 2º semestre, a exemplo do que vem fazendo nas últimas temporadas. O tri mundial começa a se desenhar, mesmo com o paulista estando em 7º do ranking.
Kelly Slater ainda pode incomodar?
Ninguém foi tão dominante no Taiti como Kelly Slater. O norte-americano, 11x campeão do mundo, já venceu a etapa 5 vezes, fazendo 7 finais no local. São números impressionantes, mas que poderiam até ser maiores para demonstrar o quanto ele surfou bem naquela onda. Por sinal, sua última conquista na elite foi, justamente, em Teahupoo, em 2016. Em 2019, focado como poucas vezes vimos nessa década, será que ele volta a incomodar e se consolida na briga por uma vaga olímpica?
Filipe Toledo pode assumir a liderança
Depois de chegar bem cedo em Teahupoo em 2018 para treinar e machucar as costas, Filipe Toledo conseguiu seu melhor resultado no evento, um 3º lugar. Dessa vez, ele optou por ficar com a família e chega ao local como vice-líder do ranking, apenas 565 pontos atrás do líder, o norte-americano Kolohe Andino, que não venceu nenhuma etapa na temporada, mas vem bastante sólido. Isso significa que se Filipe Toledo ficar à frente de Kolohe na etapa, ele o ultrapassa e pode, assim, assumir a liderança do ranking mundial. Seria emblemático, por ser justamente a etapa em que Toledo teve mais dificuldade no CT. Os perigos são os convidados locais, que sempre são complicados de enfrentar por conhecerem a onda como ninguém.
Brasileiros buscam recuperação
Se Filipe, Ítalo e Medina têm um ano muito bom, o mesmo não pode ser dito dos outros brasileiros. Só os 22 melhores do ranking asseguram vaga para o CT do ano que vem e o melhor dentre os outros 8 brasileiros, é Michael Rodrigues, em 17º. Nomes como Caio Ibelli, Yago Dora e Jesse Mendes correm risco. Adriano de Souza, o Mineirinho, está em 38º, mas perdeu 4 etapas por lesão e pode ganhar o wildcard para 2020. Já, Jadson André, em 35º, está praticamente garantido pelo ranking do Qualifying Series (QS). Para alguns, chegou a hora de acordar, antes que seja tarde demais.
Classificação olímpica
Se você acompanha o OTD já está por dentro de como vai funcionar a qualificação do surfe na Olimpíada de Tóquio. Com o limite de dois atletas por país, as 10 vagas do CT estão sendo preenchidas da seguinte forma antes do início da etapa de Teahupoo:
1. Kolohe Andino (EUA)
2. Filipe Toledo (BRA)
3. John John Florence (EUA)
4. Italo Ferreira (BRA)
5. Kanoa Igarashi (JAP)
6. Jordy Smith (AFS)
7. Ryan Callinan (AUS)
8. Julian Wilson (AUS)
9. Michel Bourez (FRA)
10. Jeremy Flores (FRA)
Gabriel Medina, em 7º do ranking, é o surfista com a melhor posição, que não está garantindo a vaga no momento. John John Florence, lesionado, não vai mais competir esse ano. Dessa forma, sua vaga estaria indo para o veterano, 11x campeão mundial, Kelly Slater.
Campeões da etapa de Teahupoo
Veja abaixo os campeões, à esquerda, e os vices à direita:
1999 – Mark Occhilupo (AUS), CJ Hobgood (EUA)
2000 – Kelly Slater (EUA), Shane Dorian (HAV)
2001 – Cory Lopez (EUA), CJ Hobgood (EUA)
2002 – Andy Irons (HAV), Luke Egan (AUS)
2003 – Kelly Slater (EUA), Taj Burrow (AUS)
2004 – CJ Hobgood (EUA), Nathan Hedge (AUS)
2005 – Kelly Slater (EUA), Damien Hobgood (EUA)
2006 – Bobby Martinez (EUA), Fred Patacchia (HAV)
2007 – Damien Hobgood (EUA), Mick Fanning (AUS)
2008 – Bruno Santos (BRA), Manoa Drollet (TAH)
2009 – Bobby Martinez (EUA), Taj Burrow (AUS)
2010 – Andy Irons (HAV), CJ Hobgood (EUA)
2011 – Kelly Slater (EUA), Owen Wright (AUS)
2012 – Mick Fanning (AUS), Joel Parkinson (AUS)
2013 – Adrian Buchan (AUS), Kelly Slater (EUA)
2014 – Gabriel Medina (BRA), Kelly Slater (EUA)
2015 – Jeremy Flores (FRA), Gabriel Medina (BRA)
2016 – Kelly Slater (EUA), John John Florence (HAV)
2017 – Julian Wilson (AUS), Gabriel Medina (BRA)
2018 – Gabriel Medina (BRA), Owen Wright (AUS)
Os maiores campeões:
Kelly Slater – 5 títulos em 7 finais
Gabriel Medina – 2 títulos em 4 finais
Bobby Martinez – 2 títulos em 2 finais
Andy Irons – 2 títulos em 2 finais
E o feminino?
A essa altura do texto você já deve estar se perguntando: e a etapa feminina? Pois é, o calendário feminino possui duas diferenças em relação ao masculino. A primeira é que o Teahupoo não faz parte e a segunda é que a etapa havaiana não é realizada em Pipeline, mas sim em Maui.
Portanto, as mulheres não competem no Taiti. Motivos para isso? Bom, a World Surf League (WSL) não comenta sobre, mas durante as chamadas ao longo do ano fica claro que a organização tem um certo receio de colocar as mulheres para competir em ondas grandes e perigosas. E, diferente de outras etapas, Teahupoo quando pequena não é uma onda boa e nem legal de se assistir.
Temos vários exemplos de atletas que conseguiriam se dar bem em ondas maiores, como a havaiana Carissa Moore, a brasileira Tatiana Weston-Webb, a norte-americana Courtney Conlogue, sem falar em outras que não fazem parte do tour. No entanto, a WSL opta por não colocá-las na água, porque nem todas estão preparadas.
Outros motivos que podem ser apontados são: dinheiro e condições de swell. Primeiramente, etapas em ilhas paradisíacas, como é o caso desta, custam muito caro. Não à toa, Fiji, que era uma das melhores ondas do planeta, acabou saindo do circuito em 2017. E, além disso, Teahupoo precisaria de uma janela muito mais extensa para receber a etapa feminina junto com a masculina. Atualmente já são 12 dias. Os custos subiriam bastante.
Quem sabe essa situação não se modifique nos próximos anos. Afinal, o surfe foi o primeiro esporte a igualar a premiação entre homens e mulheres durante um ano inteiro de competição.