Vai começar o mundial de surfe 2019! A partir de 3 de abril, a Gold Coast australiana recebe os 54 melhores atletas do planeta para o ano mais importante da história do esporte. Às vésperas da estreia olímpica, o surfe conhecerá boa parte dos classificados a partir do circuito deste ano. Além disso, será a última chance de ver o 11 vezes campeão mundial, Kelly Slater, em ação, pois ele se aposentará ao final da temporada. Com mudanças no formato, na disposição das etapas e na duração dos eventos, confira um guia completo para ficar por dentro do mundial de surfe 2019!
Brasileiros no mundial de surfe 2019
O time brasileiro será composto por 13 atletas, sendo 11 no masculino e 2 no feminino. Além deles, Caio Ibelli também deve receber o convite de wildcard para a maioria dos eventos.
Confira abaixo o esquadrão brasileiro de 2019:
Yago Dora (SC), 22 anos – vem para sua segunda temporada no CT. Depois de começar mal em 2018 embalou na reta final e conseguiu a permanência. O objetivo é claro: top-10. E, para isso, o surfista aposta nos aéreos estratosféricos.
Tatiana Weston-Webb (RS), 22 anos – a meia havaiana meia brasileira faz sua segunda temporada defendendo as cores verde e amarela. Ano passado surpreendeu, chegando a brigar pelo título, mas viu as adversárias distanciarem e acabou em 4ª. Esse ano quer a taça!
Filipe Toledo (SP), 23 anos – para acabar com a fama de “eterna promessa”, Filipinho vem forte na briga pelo titulo. A última impressão não é boa, porque vacilou na reta final e viu o troféu escorregar entre seus dedos, caindo para a 3ª posição do ranking final.
Italo Ferreira (RN), 24 anos – a evolução do potiguar é notável. Ano passado, foi, ao lado de Medina, o surfista que mais ganhou etapas. Devido à irregularidade acabou em 4º do ranking. É a aposta de muitos para campeão mundial de surfe 2019.
Michael Rodrigues (CE), 24 anos – entre polêmicas e grandes performances, o cearense tenta focar só no surfe. Sofre com a desconfiança dos estrangeiros após o episódio em que trocou socos com o havaiano Tanner Hendrickson e pelos resultados medianos em ondas grandes. Terminou seu ano de estreia no CT em 15º do ranking.
Deivid Silva (SP), 24 anos – um dos estreantes no CT 2019, “DVD” parece ser o mais subestimado dos brasileiros. Muitos acham que ele não vai durar muito na elite, mas o paulista já mostrou que pode ir longe, como quando eliminou Gabriel Medina, “em casa”, no QS de Maresias de 2017.
Gabriel Medina (SP) – bicampeão mundial (2014-2018), 25 anos – falando no craque, Gabriel Medina já afirmou que sonhava desde criança em ser tricampeão mundial. É difícil não apostar nele. Medina é o mais regular em ondas grandes e tubulares, um dos melhores aerealistas, o maior estrategista e está embalado. Alguém duvida?
Jesse Mendes (SP), 26 anos – depois de um início tenebroso em seu ano de estreia no CT, Jesse empolgou na reta final de 2018, conquistando a Tríplice Coroa Havaiana, um dos prêmios mais relevantes do surfe. Sendo assim, garantiu a permanência e o respeito dos competidores e da imprensa mundo afora.
Peterson Crisanto (PR), 27 anos – “Petersinho” batalhou muitos anos no QS e, finalmente, fará sua estreia na elite do surfe mundial. Natural de Matinhos, no Paraná, ele aposta em um “power surf” avantajado e na experiência adquirida em todos os anos na divisão de acesso. É a aposta de muitos para “rookie of the year”.
Jadson Andre (RN), 29 anos – Depois de conseguir uma classificação heroica no Havaí, “Jadshow” vem para a sua terceira reclassificação para a elite. E começou o ano com 3 finais em 3 eventos valiosos do QS, que praticamente já lhe garantem no CT 2020. Vai surfar relaxado e, por isso, tem tudo para brigar entre os primeiros colocados.
Adriano de Souza (SP) – campeão mundial (2015), 32 anos – Seria um dos grandes nomes para ir a Tóquio, se não fosse uma lesão, que lhe tirou da etapa do Havaí e lhe tirará das três primeiras de 2019. O objetivo é voltar bem e conseguir um posto no top-22.
Willian Cardoso (SC), 33 anos – depois de quase se aposentar e conseguir a tão sonhada classificação para o CT de 2018, Willian Cardoso está nas nuvens. Vencer a etapa de Uluwatu, em cima do australiano Julian Wilson, foi o ápice da sua carreira. Terminou em 13º no ranking e quer uma vaga no top-10 para coroar a carreira.
Silvana Lima (CE), 34 anos – Ano vai, ano vem e Silvana Lima segue entre as 16 melhores surfistas do mundo. Vem fazendo uma pré-temporada para se recuperar de uma grave lesão no joelho, mas deve estar 100% até o início da etapa da Gold Coast. É candidata a uma das vagas em Tóquio.
Candidatos ao título
Há quem diga que o título mundial de surfe 2019 será decidido entre 5 surfistas. Os brasileiros Gabriel Medina, Filipe Toledo e Ítalo Ferreira, o australiano Julian Wilson e o havaiano John John Florence. E faz sentido. São os 5 melhores da atualidades e os que chamam a atenção quando vão para a água.
Dos 5, John John e Medina são bicampeões mundiais. Os outros três tiveram seus melhores desempenhos em 2018: Julian com o vice, Filipe em 3º e Italo em 4º. Todos venceram etapas e chegaram a liderar o circuito em algum momento do ano passado, exceto John John que estava machucado.
No entanto, há também aqueles que podem surpreender, como o veterano Kelly Slater, o jovem norte-americano Griffin Colapinto, o australiano Owen Wright e o sul-africano Jordy Smith. A disputa será de altíssimo nível.
Estreantes no mundial de surfe 2019
O mundial de surfe 2019 terá seis estreantes, quatro no masculino e duas no feminino. Vamos conhece-los:
Deivid Silva (BRA), 24 anos
“DVD” é local de Bertioga e Guarujá, litoral paulista. Ele batalhou por 4 anos no QS, conquistou 7 eventos e, finalmente, após vencer o QS 6.000 de Sidney em 2018, conseguiu pontos suficientes para o acesso. Já participou de dois eventos da elite, ambos no Rio, como convidados. Seu melhor desempenho foi em 2016, quando chegou ao round 3 e perdeu para Medina. Mas, no ano seguinte, teve revanche e, no QS de Maresias, ele superou o compatriota. No seu surfe dá sinais de que ainda precisa evoluir se quiser se manter na elite, mas tem um potencial gigante.
Peterson Crisanto (BRA), 27 anos
O paranaense Peterson Crisanto lutou muito no QS. Foram 7 anos de derrotas, aprendizados e daquele gostinho de “quero mais”, até conseguir a classificação para o CT 2019. Seu grande momento foi no QS de Ballito, na África do Sul, que lhe rendeu 10.000 pontos, que praticamente, colocaram-o na elite. Com outros resultados consistentes, Crisanto finalizou o ano no top-5 do QS 2018. É o estreante mais guerreiro e que reflete isso no seu surfe.
Seth Moniz (HAV), 21 anos
Seth Moniz é o típico surfista de família havaiana. Seu pai Tony foi um dos pioneiros do esporte nos anos 80, sua irmã Kelia é bicampeã mundial de longboard e o seu irmão Josh compete no QS. Mas, mesmo assim, o que Seth conquistou nos 2 últimos anos foi de se encher os olhos. Ele saiu da 142ª posição do QS, em 2016, para a 2ª em 2018. Uma ascensão meteórica. Ganhou o convite para participar do Pipe Masters ano passado e fez bonito ao eliminar o notável Owen Wright, com um tubaço e um aéreo na sequência. É, provavelmente, o estreante mais forte.
Soli Bailey (AUS), 23 anos
A trajetória de Soli é parecida com a de Peterson Crisanto. Ele estava no QS desde 2012 e já havia batido na trave algumas vezes. Em 2018 foi diferente. Ele não conseguiu nenhum resultado espetacular, mas vários consistentes e, assim chegou ao CT com a penúltima vaga. É apontado como o rookie mais frágil, mas quantos já não foram e surpreenderam? Italo Ferreira foi um deles.
Brisa Hennessy (CRC), 19 anos
Não é comum ver uma surfista costarriquenha na elite. Por isso, causou surpresa para quem vê de fora a entrada de Brisa Hennessy. Mas para quem a conhece, certamente, não foi algo de outro planeta. Isso porque ela morava no Havaí desde pequena e sempre se destacou em ondas maiores. Recentemente, sua família se mudou para Fiji. Portanto, pode se esperar que em ondas grandes, ela se destaque.
Macy Callaghan (AUS), 18 anos
Ao lado da norte-americana Caroline Marks, Macy Callaghan é a surfista mais promissora do mundo. Ela já vem chamando a atenção desde os 15 anos de idade no QS e bateu na trave em 2017. Devido às várias lesões no ano, foi chamada para competir em 7 das 10 etapas, conquistando um 2º lugar na França. Terminou na 6ª colocação do QS 2018 para sacramentar sua entrada na elite.
Calendário das etapas do mundial de surfe 2019
O calendário do CT 2019 não terá mudanças nos locais das etapas, tanto no masculino quanto no feminino. As maiores mudanças estão nas datas e na duração de cada evento. A etapa brasileira, realizada em Saquarema (RJ), por exemplo, antes acontecia em maio e agora só será realizada no final de junho (época de melhores ondas), englobando 4 dias de um feriado nacional. Também é possível observar que ela foi comprimida para apenas 9 dias, enquanto algumas etapas chegarão a 13.
Em relação à ordem das etapas, a única mudança foi a inversão de Margaret River com Keramas. Apesar de Margaret ser na Austrália, pela parte logística faz mais sentido fazer o caminho, saindo de Bells (costa leste australiana) para a Indonésia e depois ir para Margaret (costa oeste australiana).
Ainda sobre Margaret River, depois da pressão por parte dos surfistas para que o evento saísse do calendário, devido aos constantes ataques de tubarão que cancelaram a etapa de 2018 – que posteriormente foi terminada em Uluwatu, na Indonésia -, a World Surf League (WSL) não só confirmou o campeonato, como também disse que renovou o contrato com as autoridades locais até 2021.
Confira abaixo o calendário do mundial de surfe 2019:
Circuito masculino de surfe 2019
1º Quiksilver Pro Gold Coast (AUS): de 3 a 13 de abril
2º Rip Curl Pro Bells Beach (AUS): 17 a 27 de abril
3º Corona Bali Protected (IHO): 13 a 24 de maio
4º Margaret River Pro (AUS): 27 de maio a 7 de junho
5º Oi Rio Pro (BRA): 20 a 28 de junho
6º Corona J-Bay Open (RSA): 9 a 22 de julho
7º Tahiti Pro Teahupoo (PYF): 21 de agosto a 1º de setembro
8º Surf Ranch Pro (EUA): 19 a 22 de setembro
9º Quiksilver Pro France (FRA): de 3 a 13 de outubro
10º MEO Pro Peniche (POR): 16 a 28 de outubro
11º Billabong Pipe Masters (HAV): 8 a 20 de dezembro
Circuito feminino de surfe 2019
Boost Mobile Pro Gold Coast (AUS): 3 a 13 de abril
Rip Curl Pro Bells Beach (AUS): 17 a 27 de abril
Corona Bali Protected (IHO): 13 a 24 de maio
Margaret River Pro (AUS): 27 de maio a 7 de junho
Oi Rio Pro (BRA): 20 a 28 de junho
Corona J-Bay Open (RSA): 9 a 22 de julho
Surf Ranch Pro (EUA): 19 a 22 de setembro
Roxy Pro France (FRA): de 3 a 13 de outubro
Meo Pro Peniche (POR): 16 a 28 de outubro
Hawaii Pro (HAV): de 25 de novembro a 7 de dezembro
Vaga nos Jogos Olímpicos
Pela primeira vez na história do esporte, o surfe estará no programa olímpico. A estreia acontecerá em Tóquio e a principal forma de qualificação para as 20 vagas por gênero, será através do CT 2019.
No masculino, serão 10 vagas. Isso não, necessariamente, significa que os 10 primeiros colocados do mundial de surfe 2019 se classificarão, pois há um limite de dois surfistas por país. Caso o que aconteceu em 2018 se repita e tenhamos 3 brasileiros no top-4, por exemplo, só os dois melhores iriam a Tóquio. Para um país que possui quase um terço dos integrantes da elite, duas vagas é muito pouco.
No feminino são 8 vagas através do circuito de 2019, com a mesma restrição de duas vagas por país. Como são poucos países representados, a tendência é que tanto Tatiana Weston-Webb, quanto Silvana Lima, consigam a classificação. Somente uma campanha muito ruim de uma delas não as deixaria com a vaga.
No entanto, para entender como serão distribuídas todas as vagas do surfe nos Jogos Olímpicos de Tóquio clique aqui.
Última temporada de Kelly Slater
A maior lenda do surfe e uma das maiores lendas de todos os esportes, o norte-americano Robert Kelly Slater, deve fazer sua despedida do Circuito Mundial de Surfe. 11 vezes campeão mundial e no alto de seus 47 anos. Depois de desenvolver a piscina de ondas mais tecnológica do planeta (o Surf Ranch) ele volta a competir em alto nível com um objetivo no horizonte: a classificação para Tóquio, o que postergaria sua aposentadoria para 2020.
Envolvido em uma lesão polêmica em 2018, que supostamente havia o tirado de 8 etapas do circuito, ele conseguiu um dos dois convites que a WSL reserva para essa situação. O outro ficou com John John Florence, que perdeu seis campeonatos. Quem não gostou da decisão foi o brasileiro Caio Ibelli, que tinha uma lesão muito mais grave e teve que passar por cirurgia, o que o deixou fora de combate por oito eventos. Posteriormente, o brasileiro ganhou um convite para as primeiras três etapas do mundial de surfe 2019, devido à lesão de Adriano de Souza, o Mineirinho.
No entanto, polêmicas a parte, será uma grande perda para o esporte. Muito mais do que talentoso e vencedor dentro da água, Kelly Slater também trabalhou para que o surfe obtivesse visibilidade, patrocínio e reconhecimento em todos os cantos do mundo. Por isso, em 2019, o surfe perde não só seu maior atleta de todos os tempos, como também o nome que, um dia, já foi maior do que o próprio esporte e que trabalhou para que o ganha-pão fosse respeitado. Com 47 anos e lenha para queimar, já que conseguiu duas semifinais em seus três eventos de 2018, a torcida do mundo todo é para que o “Careca”, o “E.T”, o “Michael Jordan do surfe”, como ele é conhecido em seu país, consiga seu objetivo final: a vaga em Tóquio.
Novo formato do mundial de surfe 2019
Com a intenção de dar mais dinamismo para as etapas masculinas do mundial de surfe 2019, a WSL resolveu fazer mudanças na disposição das baterias nos primeiros rounds.
Veja abaixo o novo formato do masculino:
round 1: 12 baterias de 3 surfistas (2 melhores de cada avançam para o rd 3 e o pior vai para o rd 2)
round 2: 4 baterias de 3 surfistas (2 melhores de cada avançam para o rd 3)
round 3: 16 baterias de 2 surfistas* (o vencedor de cada uma avança para o round 4)
round 4: 8 baterias de 2 surfistas (o vencedor avança).
quartas: 4 baterias de 2 surfistas (o vencedor avança)
semis: 2 baterias de 2 surfistas (o vencedor vai para a final)
final: 1 bateria de 2 surfistas (o vencedor é o campeão).
* No round 3, obrigatoriamente serão cabeças de chave os vencedores das 12 baterias do round 1.
Veja abaixo o novo formato do feminino:
round 1: 6 baterias de 3 surfistas (as 2 melhores de cada avançam para o rd 3 e a pior vai para o rd 2)
round 2: 2 baterias de 3 surfistas (as 2 melhores de cada avançam para o rd 3)
round 3: 8 baterias de 2 surfistas (a melhor de cada avança para as quartas)
quartas: 4 baterias de 2 surfistas (a vencedora avança)
semis: 2 baterias de 2 surfistas (a vencedora vai para a final)
final: 1 bateria de 2 surfistas (a vencedora é campeã).
“Nosso objetivo é elevar ainda mais os níveis de desempenho e mentais dos atletas, ao mesmo tempo visando um maior envolvimento dos fãs. Acreditamos que os confrontos diretos do round 3 irão gerar uma maior competitividade nos eventos, tornando o formato mais atraente para os telespectadores e o público nas praias”, afirmou a CEO da WSL, Sophie Goldschmidt.