O bicampeão mundial Gabriel Medina usou os aéreos para vencer a primeira disputa por vagas para as oitavas de final do Oi Hang Loose Pro Contest em Fernando de Noronha. O potiguar Jadson André também se classificou depois, mas surfando o melhor tubo da sexta-feira na Cacimba do Padre. O catarinense Yago Dora também se destacou com seus aéreos fazendo os recordes do dia. A sua bateria pela quarta fase, valendo duas vagas para as oitavas de final, ficou para abrir o sábado, às 7h00 em Fernando de Noronha, 6h00 no restante do Brasil.
Na sexta-feira, os famosos tubos vindos do Morro Dois Irmãos não apareceram e as baterias aconteceram nas esquerdas e direitas que rolam mais no meio da praia. Medina só competiu após a paralisação por causa da maré seca, as 12h00, com sua bateria acontecendo quando ela começou a encher, as 15h00. As condições ainda estavam difíceis, com poucas ondas boas e sem tubos. O bicampeão mundial já mostrou que ia procurar as rampas pra voar em suas primeiras ondas, porém sem conseguir completar os aéreos.
Após três tentativas, decidiu fazer manobras de borda numa direita para tirar a liderança do português Miguel Blanco com uma nota 5,27. Medina seguiu arriscando os aéreos como seus oponentes. Mas, o português manda duas batidas fortes de backside numa esquerda para voltar ao primeiro lugar com 5,57. Só que o melhor do mundo vem numa onda melhor, abre um grande leque de água com um rasgadão e emenda um aéreo reverse perfeito, com mais uma manobra na finalização. Essa onda valeu nota 7,0 e confirmou a vitória. A briga pela segunda vaga para as oitavas de final foi intensa e decidida no minuto final, com o australiano Reef Heazlewood avançando junto com Gabriel Medina em sua última onda.
“O mar estava bem difícil. Difícil de achar onda boa, fechando bastante porque a maré tá seca ainda, mas estou feliz por ter passado”, disse Gabriel Medina. “Os outros dois caras da bateria eram muito bons, então estou feliz por ter achado duas ondas suficientes para vencer. Hoje (sexta-feira) eu tive que aproveitar ao máximo os aéreos. Só tinha chance de uma ou duas manobras, então tive que arriscar pra conseguir boas notas. Eu caí em algumas que poderiam ser as notas mais altas da bateria, mas faz parte. Agora é ir pra próxima e corrigir”.
A bateria seguinte a do bicampeão mundial também foi bem disputada, com o jovem norte-americano Nolan Rapoza acertando os aéreos para liderar do início ao fim praticamente. O pernambucano Ian Gouveia ficou brigando pelo segundo lugar com Jadson André, que surfou sozinho mais a direita da praia, como Gabriel Medina na anterior. Ali ele conseguiu um 7,33 num aéreo para superar Ian e nos últimos segundos achou um tubaço que foi o melhor do dia disparado, sumindo lá dentro para ressurgir com a vitória pela nota 8,77 recebida.
“Esse lugar é muito especial. Aquele tubo, o famoso Coqueirinho, está sempre ali, eu sabia que poderia rolar, mas a bateria foi bem difícil”, disse Jadson André, que está retornando a elite do CT esse ano. “Quando eu fiz meus dois scores (notas) e passei pra segundo, fiquei ali administrando. Quando vi que o Ian (Gouveia) perdeu a prioridade (de escolha da próxima onda), fui pra perto dele porque eu sabia que essa onda sempre vem. E dei sorte, porque se não tivesse descido pra cá, essa onda seria do Ian e ele é um excelente tuberider, então sem dúvidas iria fazer esse tubo. Graças a Deus deu tudo certo pra mim e consegui passar em primeiro lugar”.
Jadson confessou que buscava esse resultado para não ter que enfrentar o bicampeão mundial nas oitavas de final. “É um rounde a menos sem cair contra o Gabriel Medina né. O cara é incrível, um fenômeno. Não tem como comparar qualquer competidor com o atual bicampeão do mundo. Espero avançar as oitavas, que ele vença também sua bateria, para que a gente possa fazer as quartas de final juntos”.
RECORDISTA DO DIA
A nota 8,77 do tubo de Jadson André e os 16,10 pontos que o potiguar totalizou, só ficaram abaixo das marcas do recordista absoluto da sexta-feira, Yago Dora. No terceiro confronto do dia, ainda pela terceira fase do Oi Hang Loose Pro Contest, o catarinense completou o melhor aéreo do dia, ganhando a maior nota da sexta-feira, 8,83. Ele já havia feito um na onda anterior que valeu 8,07 para totalizar imbatíveis 16,90 pontos. O catarinense Alejo Muniz, campeão em Fernando de Noronha em 2011, estava passando junto com ele, mas o inglês Luke Dillon tirou sua vaga no final da bateria.
“Noronha é um lugar incrível e estou muito feliz em estar aqui. Animal que o campeonato voltou pra cá. Todo mundo está muito feliz de poder competir aqui nesse lugar lindo, com altas ondas e está sendo muito especial”, disse Yago Dora. “O mar baixou um pouco hoje (sexta-feira), o vento está estragando um pouco as ondas, mas tá bem manobrável. Tem umas ondas abrindo e peguei duas esquerdas que fizeram as rampas pra mandar os aéreos. Eram duas ondas curtas, então tinha que arriscar alguma coisa pra sair a nota e estou feliz por ter conseguido acertar as manobras”.
A sexta-feira começou com a maré cheia e ondas menores do que os outros dias na Cacimba do Padre, sem muitos tubos, mas boas para fazer manobras, incluindo as aéreas que decidiram a maioria das baterias. Os oito confrontos que faltavam para fechar a terceira fase, rolaram até quando a maré secante permitiu. Na última, o potiguar Italo Ferreira, cabeça de chave número 2 do Oi Hang Loose Pro Contest, teve dificuldades para se classificar em segundo lugar na bateria vencida pelo espanhol Aritz Aranburu, pois as ondas já eram escassas na maré seca.
MAIORIA ESTRANGEIRA
Gabriel Medina estava na próxima, mas a comissão técnica acertadamente decidiu paralisar a competição para retornar às 15h00 horas, na enchente da maré que funciona melhor na Cacimba do Padre. O bicampeão mundial e o australiano Reef Heazlewood foram os primeiros a passar para as oitavas de final. A bateria seguinte foi a do tubaço do Jadson André no final, com o americano Nolan Rapoza avançando junto com ele.
Depois, deu dobradinha brasileira do catarinense Tomas Hermes e do paulista Miguel Pupo sobre o marroquino Ramzi Boukhiam. Pupo foi o último campeão nos tubos da Cacimba do Padre em 2012 e segue na busca pelo inédito bicampeonato em Fernando de Noronha. E na última do dia, o americano Cam Richards e o sul-africano Adin Masencamp barraram o havaiano Kiron Jabour. Esta foi mais uma bateria 100% gringa na sexta-feira em Noronha.
Os estrangeiros começaram e terminaram o dia em maior número do que o de brasileiros. Dos 140 surfistas que iniciaram a competição na terça-feira, restaram agora vinte concorrentes ao título do Oi Hang Loose Pro Contest, que vale a liderança isolada no ranking do WSL Qualifying Series. E os estrangeiros continuam em maioria com onze surfistas de oito países, contra nove brasileiros. São três norte-americanos, dois japoneses, um australiano, um francês, um espanhol, um inglês, um sul-africano e o peruano Miguel Tudela.
OITAVAS DE FINAL
Entre os oito já classificados para as oitavas de final na tarde da sexta-feira, o placar está empatado em 4 a 4. Gabriel Medina vai enfrentar o americano Nolan Rapoza na primeira bateria. Jadson André entra na seguinte com o australiano Reef Heazlewood. A terceira será entre o catarinense Tomas Hermes e o sul-africano Adin Masencamp. E a quarta vaga para as quartas de final, será disputada pelo defensor do título em Fernando de Noronha, Miguel Pupo, e o norte-americano Cam Richards.