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Quando a areia virou gelo! Uma história em South Dakota | por Daniel Robles

Resolvi contar essa história, pois ao assistir um capitulo da série LOSERS da Netflix, um dos capítulos é dedicado à patinadora francesa Surya Bonaly, que esteve em nosso show.

Eu trabalhava na Koch Tavares como Gerente de Eventos Esportivos sendo o responsável pelo eventos relacionados ao futebol, beach soccer e futebol 7 society. Já havia realizado outros eventos, especialmente de praia como futevôlei e vôlei e colaborava nos demais eventos da casa como o tênis, mas sempre fui focado no futebol.

Em outubro de 2011, o CEO da Koch Tavares (KT), Luis Felipe, me pediu que fosse até Miami, para acompanhar um jogo amistoso de futebol entre USA x Honduras pois ele estava negociando painéis de LED para trazer ao Brasil, devido à proximidade da Copa do Mundo e os investimentos que estavam sendo feitos no esporte no Brasil, além de que, naquela época, a KT era a agência de marketing esportivo da Gillette e estávamos realizando vários eventos com este patrocinador. Aproveitando que eu iria aos USA, pedi a ele para visitar o então responsável pelo beach soccer americano, David Gálvez, que ficava em São Francisco, Califórnia. Com a aprovação, planejei a viagem e ficaria 3 dias em Miami, 3 dias em São Francisco e voltaria para São Paulo.

Na semana da viagem, exatamente 2 dias antes do embarque, Luis Felipe volta a me chamar à sua sala. O meu pensamento na hora foi que ele havia desistido do negócio e eu não iria mais. Mas, para minha surpresa, ele disse: Você ficará mais uns dias nos USA, tenho um amigo que produz um evento a muitos anos e queremos trazê-lo para o Brasil. Eu disse, claro, sem problemas, qual o evento e aonde é? Para minha total surpresa, ele me respondeu que o show era em Rapid City, South Dakota e era um evento de patinação no gelo. Minha cara de surpresa deve ter sido tão grande, que ele afirmou que eu gostaria e perguntou:

“-Você não gosta de patinação no gelo?”

Eu disse que nem imaginava como seria um evento desses, mas que iria até lá e fui providenciar as mudanças de passagens e hotéis, uma vez que o jogo em Miami era no sábado 08 de outubro e o show em Rapid City no outro sábado dia 15, o que significava encurtar minha estada em Miami, antecipar a chegada em São Francisco e assim cumprir a agenda.

Vou pular a parte do futebol e ir direto à patinação. Você não sabe aonde fica Rapid City nem South Dakota? Eu também não sabia….

Monte Rushmore - Imagem de Internet

Rapid City é onde fica o Monte Rushmore, esse aí da foto, que todo mundo conhece dos desenhos animados. Cheguei na cidade na sexta à tarde e fui conhecer o ginásio, fui apresentado aos patinadores, e à banda. Quando eu recebi as informações no Brasil, e vi o título do espetáculo “RAIN – A Tribute to the Beatles on Ice” eu imaginei que eles patinariam enquanto estivessem tocando as músicas dos Beatles, o que, para mim, já era uma forma de ficar “menos chato” (perdoem a minha ignorância). Como eu cheguei tarde o ensaio já tinha acabado, então voltamos para o hotel e eu não vi nada do que aconteceria

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No dia seguinte, eu fui ao Monte Rushmore aproveitar o tempo livre, voltei para o hotel e fomos para o Rapid City Plaza Civic Center (https://www.gotmine.com/), essa simpática e enorme arena multiuso, que recebe todos os tipos de esportes e eventos. Eu torcia para que o tempo passasse logo, que a banda fosse razoável, e tudo aquilo acabasse rapidamente.

Quando as luzes se apagaram e o show começou, o meu queixo caiu…. A banda RAIN (https://www.raintribute.com/rain) é fabulosa (desculpem o trocadilho) e os patinadores faziam acrobacias coreografadas espetaculares, que me empolgaram imediatamente.

O show teve um intervalo e a primeira coisa que eu fiz foi pegar o celular e ligar para o Luis Felipe, dizendo: é melhor você fechar esse show agora, porque é simplesmente espetacular!!! Ao encontrar com o promotor do espetáculo, Steve Disson eu afirmei que ele podia se preparar para ir ao Brasil, pois o espetáculo era incrível.

Voltando ao Brasil, trouxe CDs, DVDs, programas e a negociação para trazer o evento ao Brasil teve início. Em novembro eu já estava viajando com o Beach Soccer de novo, voltamos à rotina e o assunto só voltou em 2012, a ideia era fazer no final do ano. Fizemos um projeto para à Lei Rouanet, que demorou mais que o esperado e adiamos para 2013, o tempo ia passando e o assunto esfriando. No final de 2013 eu fui contratado para fazer a Copa do Mundo em Recife, e deixei a agência nos 6 primeiros meses de 2014 e, claro, não pensei mais neste assunto.

Em agosto, ao voltar à KT, a surpesa: O evento “Astros do Gelo – Estrelas da Patinação” tinha data (28 a 30 de novembro), local (Ginásio do Ibirapuera) e eu cuidaria do planejamento e operação, que era meu papel habitual. O único problema foi que a banda RAIN não tinha datas disponíveis, então não teríamos o show dos Beatles. A solução proposta foi fazer um show com musicais clássicos da Broadway, inclusive trazendo o cantor Franc D’Ambrósio que é o interprete mais conhecido do sucesso “O Fantasma da Ópera”.

Foram meses de trabalho intenso, em um mundo totalmente novo, procurando profissionais e pistas de gelo que atendessem às solicitações e preparando um evento com detalhes muito específicos e diferentes do que eu conhecia até então. O show teve uma orquestra tocando ao vivo, cantores, músicas gravadas, patinação coreografada, e tudo foi transmitido pelo Sportv e também gravado um especial para o Esporte Espetacular. Foram 3 noites emocionantes e como pode ser visto na foto inicial deste artigo, sucesso de público, com 15 mil pessoas presentes na noite de sábado.

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A lição que ficou para mim, é que devemos sempre evitar o preconceito, pois quando eu viajei, queria evitar à qualquer custo fazer um evento de patinação no gelo e, no final, acabou sendo um dos eventos que trabalhei com mais paixão e foi um dos mais emocionantes de minha carreira.

Resolvi contar essa história, pois ao assistir um capitulo da série LOSERS da Netflix, um dos capítulos é dedicado à patinadora francesa Surya Bonaly, que esteve em nosso show, veja o backflip dela no vídeo acima (minuto 1:07). E o trailer da série no vídeo abaixo.

Foi uma experiência inesquecível. A Koch Tavares fez uma 2ª edição do evento, mas infelizmente eu não estava mais na agência. Aliás, aproveitando o momento, gostaria de agradecer ao Luis Felipe Tavares e à Koch Tavares e os excelentes profissionais que conheci ali, a KT sempre foi a grande escola de produção de eventos no Brasil.

Daniel Robles é sócio da Field of Play – Ground of Ideas e possui mais de 20 anos de experiência em Gestão e Operação de Arenas, Marketing e Eventos Esportivos. Com passagens pelos Comitês Organizadores da Copa do Mundo, das Olimpíadas e do Mundial Sub-17 no Brasil, também coordenou competições em outras modalidades como Futsal, Beach Soccer, Esportes Radicais, Vôlei, Handebol de Praia, entre outras.

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