A decisão de mudar o ano, mas não as marcas e nem o nome do evento, mantendo-o como Tóquio 2020 chamou atenção em meio às repercussões geradas pela decisão anunciada pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) e pelo Comitê Organizador dos Jogos. Muita gente não entendeu, mas existem algumas razões para isso.
Antes de mais nada, há uma questão conceitual. Uma olimpíada é uma unidade de tempo de quatro anos civis, conforme estabelecido pela Carta Olímpica de 1896. Portanto, o intervalo de tempo entre os anos de duas edições dos Jogos Olímpicos se chama olimpíada.
+INSCREVA-SE EM NOSSO CANAL NO YOUTUBE
Em toda a comunidade do esporte, há um cuidado em não se confundir os termos Olimpíadas (incorreto, no plural) e Jogos Olímpicos para nomear às disputas dos atletas. O certo sempre é se referir como os Jogos Olímpicos de tal cidade, em tal ano. Não as “Olimpíadas” de tal cidade e tal ano.
A marca Tóquio 2020 se refere portanto aos Jogos Olímpicos que concluem a 31ª Olimpíada, que será concluída com a realização da 32ª edição dos Jogos. Portanto, é algo que se conecta diretamente ao fim do ciclo olímpico, que segue sendo 2020. Os Jogos mudarem de ano não muda o fato que as olimpíadas duram quatro anos.
É uma questão casual e logística que os Jogos não aconteçam dentro daquele ano, mas eles seguem representativos desta Olimpíada. Não é simples pela confusão semântica que está consagrada no inconsciente coletivo, mas dá para entender.
Questões comerciais
Na sequência desta questão, temos a sinalização para a comunidade internacional de que o adiamento destes Jogos, não altera os próximos, que vão manter seus ciclos olímpicos. A próxima olimpíada se encerrará em 2024. A seguinte, em 2028. Ao confirmar a marca Tóquio 2020, o COI reafirma estes valores de marca do movimento olímpico.
Além dessas questões, evidentemente, temos todas as questões de natureza comercial, operacional e de logística. Seria impossível refazer todos os pontos de contato com marcas oficiais utilizadas por toda a comunidade internacional e com isso haveria um ambiente de ruído, com duas marcas circulando.
Do lado do COI e do Comitê Organizador, isso geraria custos altos pois os obrigaria a se posicionar a respeito de como eles iriam sinalizar os jogos em seus produtos oficiais e todas as comunicações, levando muito do que já foi feito para o lixo.
+ COI abre espaço para Jogos no 1º semestre
Ao fim, não seria inteligente do ponto de vista financeiro, não combinaria com a austeridade ecológica que o mundo pede, nem tampouco estaria espelhado nos valores essenciais do movimento olímpico. As setas convergiram e fazem com que a decisão seja quase que natural, ou pelo menos possa ser explicada desta maneira.
Veja AQUI o artigo original no LinkedIn.
Bruno Maia é CEO da Agência 14. Especialista em marketing de conteúdo e esportes, foi VP de Marketing do C.R. Vasco da Gama em 2018 e 2019. Pós-graduação executiva pela Berlin School of Creative Leadership. Sua agência é responsável pela comunicação digital do Comitê Olímpico Brasileiro desde 2017.