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CBSk publica carta aberta reivindicando a representação do skate

A nota oficial trata da indefinição do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) sobre qual federação, entre a CBSk e a Confederação Brasileira de Hóquei e Patinação (CBHP), irá representar a modalidade nos próximos anos

Confederação Brasileira de Skateboarding (CBSk) divulga carta aberta contra o COB (Divulgação/CBSk)
(Divulgação/CBSk)

Através do seu site oficial e de seus perfis nas redes sociais, a Confederação Brasileira de Skateboarding (CBSk) publicou uma carta aberta ao público, que ressalta a situação de indefinição do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) sobre qual federação irá representar o skate nos Jogos Olímpicos de Paris-2024 e nos anos seguintes.

Anteriormente, no mês de dezembro, uma campanha foi realizada nas redes sociais, contando com o apoio dos principais nomes do país, como Rayssa Leal, Pâmela Rosa, Giovanni Viana e Pedro Barros. Assim, a disputa da CBSk é com a Confederação Brasileira de Hóquei e Patinação (CBHP), entidade essa que teve uma tentativa de fusão negada pelos próprios skatistas, em fevereiro.

Carta aberta publicada pela CBSk na íntegra

“O Skateboarding brasileiro começa 2024 com sua autonomia em risco. A menos de seis meses das Olimpíadas, a Confederação Brasileira de Skateboarding (CBSk) ainda não tem a garantia de que representará a modalidade nos Jogos de Paris.

Não há como dizer que a preparação dos skatistas não será prejudicada. Ela já está sendo prejudicada. Em países como Canadá, Holanda e Suécia, essa questão se resolveu com as federações nacionais de Hóquei e Patins reconhecendo o que é justo e deixando as federações nacionais de Skateboarding seguirem representando a modalidade.

No Brasil, o fantasma que nos assombrou em 2017 volta a aparecer. Naquele momento, o Comitê Olímpico do Brasil (COB) reconheceu a legitimidade da Confederação Brasileira de Skateboarding (CBSk). O que mudou de lá para cá? Por que agora o presidente do COB não reconhece mais essa legitimidade?

Essa postura faz com que, cada vez mais, a Confederação Brasileira de Hóquei e Patinação (CBHP) avance nessa tentativa espúria de se apropriar do Skateboarding.

Primeiro, o COB adotou o silêncio. Depois, cometeu o equívoco técnico grotesco de dizer num documento oficial que a representatividade única é uma exigência da Carta Olímpica. Isso não é verdade. Não desrespeitamos a Carta Olímpica em Tóquio 2020. E não estamos desrespeitando agora. A representatividade única é apenas uma vontade política da Federação Internacional de Roller Sports (World Skate – WS).

Só para citar dois exemplos, dentre tantos, de que cada modalidade pode contar com uma representação, temos Austrália e Estados Unidos, potências da Natação. Os dois países possuem federações nacionais específicas para Natação, Polo, Saltos Ornamentais, entre outras. Todas filiadas diretamente à Federação Internacional de Natação (World Aquatics).

Lamentavelmente, não possuímos rigorosamente nenhum respaldo do COB, a quem cumpria, a exemplo de como fez o Ministério do Esporte, ter se posicionado de modo firme e objetivo no sentido de defender concretamente a autonomia das modalidades, como aliás garante a Constituição brasileira. Na prática, que o Skateboarding seja tocado pelo Skateboarding. E que o Hóquei e o Patins sejam tocados pelo Hóquei e pelo Patins.

Importante frisar que enviamos uma proposta à CBHP alguns dias depois da Federação Internacional de Roller Sports informar que não postergaria o prazo de 31 de dezembro para um entendimento entre CBSk e CBHP. 

Pela proposta, a CBSk seria a representante junto à Federação Internacional pelo fato do Skateboarding ser olímpico. Caso alguma modalidade do Hóquei e da Patinação se torne olímpica, alternaríamos a representatividade por ciclo olímpico. Essa proposta foi rejeitada pelo presidente da CBHP.

Além disso, desde já, a CBHP faria a representação junto à Federação Internacional sempre que o assunto fosse Hóquei e Patins. Não queremos nos apropriar de nada que não seja nosso. A Federação Internacional de Roller Sports segue em silêncio, sem dar resposta às nossas comunicações recentes.

Solicitamos que o prazo (31 de dezembro) para um entendimento entre CBSk e CBHP fosse postergado. Já que a definição por uma representatividade única não tem urgência, ela não muda em nada o funcionamento da Federação Internacional.

Comunicamos também que o Ministério do Esporte, enquanto órgão máximo do esporte brasileiro, é quem deve ser consultado diante do impasse que se criou. O estatuto da Federação Internacional cita essa consulta em caso de impasse. Até o presente momento, essa consulta não foi realizada. Também propusemos a criação de um grupo de trabalho em prol do Skateboarding. Mas ainda não obtivemos qualquer resposta. Seguimos contando com o amparo do Ministério do Esporte para um diálogo entre CBSk, COB e CBHP.

De qualquer sorte, não podemos deixar de traçar um breve comparativo entre as duas confederações, pois o contraste evidente entre ambas seguramente contribuirá para a correta formação da opinião pública, bem como para a tomada da decisão mais racional e justa por parte das autoridades esportivas competentes. 

De um lado, temos a CBSk, a Confederação Brasileira de Skateboarding, reconhecida pelo próprio COB pela excelência em prestação de contas, premiada pelo movimento Sou do Esporte por dar voz aos skatistas e com conquistas esportivas e de gestão que nos garantiram o 4º maior orçamento de 2024 dentre as entidades olímpicas.

Do outro lado, temos a CBHP, a Confederação Brasileira de Hóquei e Patinação, cujo presidente, ao perpetuar-se no poder, acaba castigando a sua própria Confederação, uma vez que a reeleição por ciclos indeterminados é um dos impeditivos legais para o recebimento de verbas públicas. Isso torna a entidade praticamente refém do COB, pois dependerá dele para executar, ainda que de modo precário, qualquer iniciativa ou projeto das modalidades que alberga; que não tem qualquer experiência no Skateboarding, jamais tendo trabalhado com a modalidade em toda a sua história, como aliás reconhece seu presidente; e que tenta, mais uma vez, se apropriar do Skateboarding com um discurso cínico, ao sustentar que Skateboarding, Hóquei e Patins no fundo são a mesma coisa, pelo simples fato de que Skate em inglês significa Patins.

Como a CBHP não pode receber verbas públicas e o COB sabe disso, o Comitê estaria disposto a executar de forma “indireta”, por assim dizer, um orçamento que foi conquistado legitimamente, com muito trabalho e esforço, pela CBSk?

Sabendo-se que a lei veda essa forma de execução, não nos parece que esta seja a via adequada. Dentro deste contexto, fica claro que a questão da legitimidade para representar o Skateboarding possui consequências financeiras significativas para a modalidade, correndo-se o risco – dependendo do desfecho deste capítulo – de que o Skateboarding brasileiro perca mais de dez milhões de reais já aprovados para este ano. Esse tratamento “desinteressado” do COB é uma ação premeditada? Qual o objetivo? Infelizmente, a postura do presidente do Comitê Olímpico do Brasil abre espaço para esse tipo de dúvidas.

Com todas essas implicações e riscos, analisada sob qualquer viés positivo (legalidade, compliance, transparência, gestão, performance esportiva etc.), a postura do COB se mostra incompreensível e injustificável. A insegurança, a angústia, e a incerteza que estão sendo geradas em razão desta falta de apoio já acarreta prejuízos relevantes à preparação para os Jogos, bem como à continuidade das políticas que têm levado o Skateboarding brasileiro ao fantástico crescimento que temos o prazer de testemunhar. Mas obviamente que os prejuízos serão ainda maiores e mais graves, irreparáveis, ousamos dizer, caso a administração do Skateboarding brasileiro seja arrancada à força, de modo ilegítimo, violento e abrupto, das mãos da CBSk.

Nossa legitimidade para representar o Skateboarding brasileiro é amparada por escrito tanto pelo Ministério do Esporte quanto pelo COB. Esperamos que essa cortina de fumaça criada pelo próprio COB e pela CBHP não prejudique a análise objetiva do tema.

Nosso trabalho nos últimos anos fez com que a Confederação Brasileira de Skateboarding conquistasse respeito e admiração. A conclusão a que se chega não pode ser outra: o Skateboarding está muito bem, obrigado, com a CBSk, e é aqui que deve permanecer. Vida longa ao Skateboarding Brasileiro!”

*Com informações da Confederação Brasileira de Skateboarding

Jornalista capixaba formado na PUC-SP e amante dos esportes olímpicos e paralímpicos.

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