O skate sempre andou ao lado do público mais jovem. No entanto, foi na Olimpíada de Tóquio 2020 que caiu nas graças dos amantes das grandes competições. Na esteira desse sucesso, muitos skatistas brasileiros cativam o público com suas manobras e seu jeito despojado. Em entrevista exclusiva ao Olimpíada Todo Dia, um dos principais nomes do Vert no Brasil e campeão mundial em 2013, Rony Gomes lamenta que sua modalidade tenha sido preterida inicialmente pelo street e pelo park, mas disse que espera vê-la no programa de Los Angeles-2028.
Antes dessa febre provocada pelos Jogos Olímpicos, que fez o skate furar a bolha do esporte, Rony Gomes lembra que o Vert (vertical ou Half Pipe) era a modalidade mais popular. Nela, além dele, o Brasil já teve campeões mundiais como Bob Burnquist (2x) e Sandro Dias, o Mineirinho (6x).
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Rony Gomes acaba de voltar dos X-Games, competição em que já foi medalhista e teve um quinto lugar na última edição. Ele não só compete, mas também idealiza e organiza campeonatos de vertical, como o Skate Vert Battle 2023. A primeira etapa da temporada deste ano ocorrerá na recém-inaugurada pista de Half Pipe do Centro Esportivo Tietê, na Zona Norte de São Paulo. Os competidores serão divididos nas categorias amador masculino, feminino open e profissional, no fim de semana dos dias 05 e 06 de agosto. A entrada será gratuita e a grande final terá transmissão da TV Globo para quem não puder comparecer.
Na entrevista, Rony Gomes falou um pouco de sua carreira e também apresentou a competição que organiza. Assim, aproveitou a ocasião para conversar da cena atual do skate de forma geral e, mais especificamente, do vertical. Confira alguns trechos do que o skatista falou:
Quem é Rony Gomes e a importância do Vert
“Eu sou Rony Gomes, estou no circuito profissional desde 2010. Na verdade, eu comecei a andar de skate na rua com meus amigos. Sou medalhista dos X-Games, tenho alguns bons resultados fora do país e já fui campeão brasileiro algumas vezes. Sou um cara que defendo muito o vertical. Além de gostar muito da modalidade, sei o quanto é importante hoje para quem também quer participar de uma Olimpíada, no Park, por exemplo. Acho uma pena o vertical ainda não estar na Olimpíada. Eu acredito que vai ser anunciado como modalidade olímpica. Mas, enquanto não acontece, gosto de reforçar e mostrar para a galera o quanto é importante o vertical. Desse modo, você aprende a voar, aprende manobras de giro, manobras de flip. É o vertical que vai te dar essa base“.
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Tempos áureos do skate vertical
“Fico meio triste de não ter ainda o vertical nos Jogos Olímpicos. Porque é ainda realmente, como você falou, o lugar dos maiores nomes do skate. Se perguntar para alguém na rua que não anda, com certeza, vai saber quem é Tony Hawk, quem é Bob Burnquist e não vai saber quem é um cara como Nyjah Huston, por exemplo, um dos maiores nomes do skate Street de hoje em dia. Então, o vertical tem uma baita de uma história. Contudo, não é uma modalidade tão acessível, pois é necessária uma rampa de madeira e alta. A gente precisa muito do incentivo dos torcedores, de incentivo de órgãos públicos, de empresas que invistam“.
Retomada
“O vertical nunca desapareceu. Sempre foi uma modalidade importante, tanto que o próprio Pedro Barros, por exemplo, que foi medalhista olímpico pelo Brasil, foi um baita de um verticaneiro. Ele manda uma manobra de 540º por causa do vertical. Após o anúncio do Park e do Street na Olimpíada, deu uma ofuscada no Vert. Não ficou totalmente sumido. Entretanto, depois da primeira edição, depois de ter visto os resultados de quem se deu bem, voltaram a dar realmente uma importância e olhar nós do vertical“.
Skate nos Jogos Olímpicos e Los Angeles 2028
“Foi uma junção muito boa. Acho que não só para skate, mas como pra Olimpíada também. Trouxe um público mais jovem. Teve audiência para a Olimpíada e, para o skate, também deu uma visibilidade para pessoas que talvez não se interessassem tanto com o esporte. Essa questão de estar ali, competindo. Mas não torce contra seu adversário, está preocupado com suas manobras, com o seu ‘rolê’. Eu acho que foi legal para a Olimpíada ter esse público mais jovem, mais descolado“.
“A minha expectativa é sempre a melhor. Vemos que até nos Estados Unidos está rolando um movimento. Tony Hawk tem organizado eventos de vertical. Eu acabei de voltar de lá, competi em dois eventos muito grandes. Um foi o Tony Hawk’s Vert Alert, é campeonato organizado pelo Tony, focado em Olimpíada, mostrando para o público quanto vertical é forte. E o X-Games, que tem a modalidade vertical e este ano voltou a fazer a prova para o feminino. Vemos uma cena fora forte, então acredito que, em breve, a gente vai ter algum anúncio aí. Espero que o vertical esteja na Olimpíada.”
O Vert Battle
“Comecei a organizar o evento na minha rampa, no interior de São Paulo. Portanto, está cada vez melhor. No ano passado, a gente teve um baita de um circuito com três etapas. É com muita alegria que a primeira etapa é nesse half pipe novo (no Centro Esportivo Tietê, equipamento administrado pela Secretaria Municipal de Esportes e Lazer de São Paulo). Desse modo, teremos grandes nomes, o Ed(ouard) Damestoy, que é atual campeão mundial, o Gui Khury, que acabou de ganhar uma medalha de ouro nos X-Games no Mega Park, tem o Ítalo Penarrubia, que também tem medalha de X-Games na Mega Rampa. Além de ser a etapa com maior número de meninas inscritas. Com certeza, vai ser uma das maiores que a gente já fez“.
Favoritos
“Cara, bom… eu sou um dos que vai brigar. O Ed, esse francês, é um dos favoritos e Gui Khury. Acho que esses três nomes que mais vão para as cabeças. Claro, como eu falei, vai ter o Ítalo, vai ter o Dan César, vai ter o Fujikawa. Hoje o nível está muito alto, então, às vezes, um vacilo de um ou acerto de outro pode mudar a competição“.