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“World Skate não entendeu a essência do esporte”, critica Musa

Em entrevista exclusiva ao Olimpíada Todo Dia, Eduardo Musa, presidente da CBSk, falou sobre a punição da World Skate

Skate - CBSk - Eduardo Musa segura troféu em entrega de premiação em competição
(Foto: Julio Detefon)

Na última semana, Eduardo Musa, presidente da Confederação Brasileira de Skate (CBSk), recebeu uma suspensão da World Skate (WS), a federação internacional responsável pela modalidade. O dirigente pegou um gancho de três anos e está proibido de participar de eventos internacionais do skate até novembro de 2025. O Olimpíada Todo Dia conversou com Eduardo Musa, que criticou a decisão da WS e a ausência de um calendário de eventos classificatórios para Paris-2024 a 18 meses dos Jogos Olímpicos.

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A federação internacional não divulgou publicamente nada sobre a suspensão do brasileiro. “A World Skate faz basicamente três acusações. Todas sem provas documentais: não cumprir um contrato que não existe; ofender a World Skate através de declarações feitas por terceiros; e não me afastar do STU, que é a empresa que mais investe no skate no Brasil”, afirmou Musa

Sem calendário

A CBSk se preparava para sediar os Mundiais de skate street e park em outubro de 2022 no Rio de Janeiro, quando a WS decidiu retirar a chancela do evento. A punição a Eduardo Musa veio após declarações públicas na época, criticando a decisão da federação internacional e a ausência de um calendário definido para a classificação dos atletas a Paris-2024.

Duda Musa, vestindo bermuda azul e camisa polo branca, posa para foto na frente dos aros olímpicos
Eduardo Musa nos Jogos Olímpicos de Tóquio (Foto: Júlio Detefon/CBSk)

Faltando menos de 600 dias para os Jogos Olímpicos, a WS segue sem uma definição na área. “O movimento que eles fizeram ainda é muito pequeno. São apenas três eventos confirmados. Os Mundiais nos Emirados Árabes [aqueles que seriam realizados no Rio] e mais uma competição de Street em Roma. Continuamos na expectativa de um calendário que nos permita efetivamente planejar os próximos meses, mas por enquanto seguimos sem nada concreto. A World Skate não gosta que toquemos nessa ferida, mas esse é um fato: a um ano e meio dos Jogos de Paris, o skate segue sem um calendário e sem critérios claros sobre a classificação”.

Disputa com hóquei e patinação

A briga política na WS começou com a entrada do skate no programa olímpico, através da Federação Internacional de Esportes sobre Rodas (FIRS). A entidade queria que as federações nacionais de hóquei e patinação (a CBHP no caso do Brasil) fossem responsáveis pelo skate. O ponto desagradou os atletas da modalidade, que ameaçaram boicotar a estreia do esporte nos Jogos Olímpicos. A FIRS acabou mudando para World Skate e abrigou as federações nacionais do novo esporte olímpico.

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Mas a disputa interna ainda não está 100% resolvida, com a WS sendo liderada em sua maioria por nomes ligados ao hóquei e à patinação. “A World Skate quer obrigar a fusão das entidades de skate com as entidades de hóquei e patins. A diretoria da CBSk, a assembleia da entidade e principalmente os skatistas já decidiram que não vai haver essa fusão no Brasil”, afirmou Eduardo Musa.

Mesmo sem o envolvimento da WS, as competições seguiram como o planejado no Rio de Janeiro, com a participação de nomes importantes do skate internacional e grande público durante todos os dias de evento. “Sem dúvida foi o maior evento de skate dos últimos anos. Com um alto valor de premiação e ainda preservando toda a cultura do skateboard. Então, até pelo retorno que tivemos dos skatistas, com certeza podemos dizer que foi um grande sucesso. Uma grande vitória para o Brasil ser palco de um evento dessa magnitude”, avalia Musa.

“A gente lamenta que a World Skate ainda não tenha conseguido enxergar a essência do skate e que uma competição de skate, ainda que valendo pontos para uma classificação olímpica, pode ser um evento divertido para os skatistas. Algo que eles participam por prazer e não por obrigação”, completou.

COB segue determinação da World Skate

Conforme noticiado na manhã desta quinta-feira (29) pela coluna “Olhar Olímpico” do portal UOL, Eduardo Musa perdeu o acesso ao sistema de gestão de recursos do Comitê Olímpico do Brasil (COB). Musa criticou a decisão do COB, dizendo que a entidade foi contra o seu próprio estatuto: “O presidente do COB não está seguindo o estatuto. O COB deveria cumprir justamente o papel que o fez surgir: proteger e resguardar os direitos das suas filiadas. Vamos seguir procurando justiça no Tribunal Arbitral do Esporte, para reverter a decisão arbitrária da World Skate, e em foro nacional de direito contestar essa decisão também arbitrária do COB”, declarou.

Em nota, o COB afirmou que apenas seguiu a decisão da World Skate: “O Comitê Olímpico do Brasil (COB) informa que se limitou a cumprir a decisão da federação internacional da modalidade, que suspendeu o dirigente de suas atividades. A Confederação Brasileira de Skate (CBSk) permanece com todos os seus acessos aos sistemas e direitos preservados, agora na pessoa de seu vice-presidente. O COB reitera que todos os projetos realizados em conjunto com a CBSk permanecem inalterados visando a manter a preparação de skatistas a ela filiados”.

Jornalista formado pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e viciado em esportes

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