Em entrevista exclusiva ao Olimpíada Todo Dia, o presidente da Confederação Brasileira de Skate (CBSk), Eduardo Musa, confirmou a realização do STU Open Rio, evento que seria o Campeonato Mundial, tanto no park quanto no street, da retirada de chancela por parte da World Skate (WS). As competições acontecerão no Parque Duó, na Barra da Tijuca, entre 03 e 16 de outubro. Duda, como é conhecido, também criticou a falta de planejamento da federação internacional e relatou preocupação pela ausência de um calendário de competições para o restante do ciclo olímpico.
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O Brasil recebeu o direito de receber os Mundiais de skate park e skate street em maio. Após a escolha da World Skate, a CBSk e a plataforma Skate Total Urbe (STU) passaram a se preparar para receber os eventos. No entanto, por conta de um desacerto envolvendo o pagamento de garantias para a organização dos Mundiais, a WS decidiu retirar a chancela das competições, no começo de setembro, faltando pouco menos de um mês para o início das disputas.
“Existiu um desacordo comercial, mas não foi falta de dinheiro, foi ‘quem deveria pagar o quê’. A prova disso é que dos 400 mil dólares de premiação que os dois eventos teriam, hoje o evento vai acontecer com 500 mil. Ou seja, já tem cem mil a mais que vão diretamente para o bolso dos skatistas”, explicou Musa, que chegou a participar das últimas reuniões do evento para tentar “salvar” os Mundiais.
Stu Open Rio confirmado
Apesar de não haver a chancela de um Mundial, a CBSk e a STU decidiram manter a organização do evento no Parque Duó, que agora é chamado de STU Open Rio. Evento que tem se tornado tradicional no skate, o STU Open Rio acontecerá pela quinta vez em terras cariocas. As disputas acontecerão de 03 a 16 de outubro, com o park sendo realizado entre os dias 03 e 09, e o street entre os dias 10 e 16.
As principais estrelas do skate brasileiro estarão presentes, como Rayssa Leal, Pamela Rosa e Pedro Barros. Alguns grandes nomes do skate internacional também estão confirmados, como o australiano Keegan Palmer e a britânica Sky Brown, medalhistas de ouro e bronze nos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020, respectivamente.
Falta de calendário
Além de já estarem em processo de organização, a CBSk e a STU decidiram manter a realização dos eventos pela falta de um calendário com competições de alto nível geridas pela World Skate. Alguns eventos internacionais de skate já foram realizados desde os Jogos Olímpicos de Tóquio, como o Dew Tour e o X Games. No entanto, nenhum deles foi válido para a corrida olímpica da modalidade. Apenas o Pro Tour de Roma, realizado no final de junho, teve a chancela da World Skate e contou pontos para o ranking que definirá os atletas classificados para os Jogos Olímpicos de Paris 2024.
“Os skatistas precisam de eventos para competir. Dizer que um evento não ‘funciona’ ou não ‘serve’, seja lá quais forem os motivos, e não substituí-los, é aí que está o problema. Não estou falando só do Mundial, mas do circuito como um todo. Já temos 14 meses das Olimpíadas e tivemos apenas uma competição, pequena, em Roma”, falou o presidente.
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“Existem problemas de adaptação, de pontos de vista e de entendimento. No ponto de vista da confederação, falando institucionalmente, nós entendemos que houve uma falha de planejamento da federação internacional porque o skate foi um dos destaques da Olimpíada no mundo todo e não temos um calendário. Ano que vem, também não temos nenhuma competição confirmada”, observou Musa.
Mundial no Chile?
Houve uma movimentação para que o Mundial aconteça no Chile ainda neste ano, em substituição ao evento retirado do Rio de Janeiro. No entanto, ainda não há nenhuma informação concreta ou posicionamento oficial da World Skate sobre a competição. “Estamos na expectativa. Tomara que tenha (o campeonato). O esporte precisa dessa competição, porque visamos uma preparação melhor para Paris 2024”, disse Duda.
A Street League Skateboarding (SLS), principal circuito de street do planeta, também não tem seus eventos válidos para a corrida olímpica por decisão da World Skate. O Rio de Janeiro receberá as finais do circuito nesta temporada – “Super Crown” – em novembro. Os principais atletas do mundo estarão presentes em busca do título mundial, mas o torneio em nada afetará o processo classificatório para Paris 2024.
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“Isso nos causa uma apreensão de tentar entender qual é o planejamento da nossa federação internacional. Nos liga um sinal de alerta de que os principais eventos de skate do mundo não estão incluídos na corrida olímpica. Basicamente, comparando para os leigos, é como não incluir os quatro Grand Slams na corrida olímpica do tênis”.
Paraskate fora de Los Angeles 2028
Outro assunto que tornou-se polêmico nos últimos dias referentes à World Skate foi a questão do paraskate no programa paralímpico. A federação internacional perdeu o prazo para inscrever a modalidade nos Jogos de Los Angeles 2028 e, por isso, o paraskate ficará mais alguns anos sem ser disputado em Paralimpíadas. Assim como aconteceu quando a World Skate retirou a chancela do STU Open Rio, a CBSk emitiu uma nota lamentando o ocorrido e a postura da federação internacional.
“A reclamação da comunidade como um todo não é o fato do paraskate estar ou não em 2028, mas o fato de não ter sido inscrito. Sabemos que a federação internacional não tem o poder decisório, mas a questão de não cumprir os prazos para se candidatar nos causou perplexidade”, disse Musa.