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Tóquio 2020

Rayssa e Bufoni definem linha do skate street sob as lentes de ‘Toninho’

Terceiro dia de treino das brasileiras foi realizado mais uma vez sob forte calor e recebeu a ilustre visita da lenda Tony Hawk, amigo de Letícia e que filmou e conversou com a outrora ‘fadinha’

Rayssa Leal skate street Olimpíada
Rayssa Leal, ainda como fadinha, impressionou Tony Hawk (Gaspar Nóbrega/COB)

Tóquio – Rayssa Leal, do skate street, chamou a atenção do mundo com um vídeo dela mesma mandando um heelflip, famosa manobra de skate, aos 7 anos de idade, vestida de fada, em uma calçada de Imperatriz, interior do Maranhão, sua cidade natal. O vídeo viralizou e ela foi elogiada por ninguém menos que Tony Hawk, ganhando o apelido de “fadinha do skate”. O skatista dos Estados Unidos é uma lenda do esporte e esteve nesta sexta-feira (23) no treino da equipe feminina que se prepara para competir na estreia da modalidade no programa da Olimpíada.

“Ah, o ‘Toninho’, né? Um dos caras mais essenciais, que postou o vídeo de fadinha. Tenho de agradecer muito a ele. É uma lenda do skate que me inspira todo dia a tentar coisas novas. Ele poder me filmar hoje foi muito ‘da hora'”, diz Rayssa Leal. Letícia Bufoni também ficou feliz de ver o amigo. “É um ídolo para todos os skatistas. Eu nem sabia que ele viria, fui pega de surpresa ontem, e o mais gratificante é ver essa iniciativa de ir lá filmar, tirar o tempo dele. Um cara que é super ocupado. Ver que ele está apoiando o skate mais jovem e as meninas, ele apoia muito as mulheres”, diz a brasileira, que já conhece o norte-americano há algum tempo e foi convidada para participar do famoso game de skate street que leva o nome dele.

Letícia Bufoni, aliás, é bem próxima a Rayssa Leal. “Tá sendo super da hora (os Jogos), eu to com a Letícia então está sendo bem mais engraçado ainda. Estou me divertindo bastante, apesar do covid. Eu fico muito feliz de estar aqui em nossa primeira Olimpíada do skate”, diz a jovem brasileira, fazendo questão de ressaltar a importância de respeitar os protocolos de segurança sanitária, os já famosos álcool em gel, distanciamento e máscara. “Eu conheci (a Letícia) em 2015, no Esporte Espetacular, quando ela foi fazer uma surpresinha para mim no Dia das Crianças. Aí depois a gente foi se vendo mais nos campeonatos, dividiu pódio, agora divide apartamento”. “É minha filha mais nova”, brinca Bufoni. E qual a mais velha? “A mãe dela”, completa, em meio a risadas.

Tony Hawk Olimpíada de Tóquio skate street
A lenda Tony Hawk durante o ensolarado dia de treinos (André Rossi/Olimpíada Todo Dia)

Segurança na Vila e na vida

Aos 13 anos, Rayssa Leal é a atleta mais jovem da história da delegação olímpica brasileira. Na Vila, arrumou até um segurança particular. “Gostei muito do Wallace, do vôlei, ele ficou brincando que é meu segurança. Eu e a Letícia, a gente é muito pequenininha perto do pessoal do vôlei. É muito engraçado”. Ela cita também que já foi procurada por atletas de outros países para um bate papo, “da Nigéria, da Argentina, fico muito feliz de estar sendo reconhecida.” Lilian, a mãe de Rayssa, também está em Tóquio e pode ficar na Vila Olímpica ao lado da filha o dia inteiro, só não pode dormir lá. “Ela está sempre comigo, me dando conselhos, me dando segurança. Só de estar comigo. Ela me ajuda nas manobras, nas minhas linhas, ela e o Mancha (técnico). É minha irmã, minha mãe, minha companheira. Ela é super ‘da hora'”.

Na pista

Hoje, apesar de mais um dia de Sol intenso, tanto Rayssa quanto Letícia disseram terem conseguido fazer a linha que vão usar na competição de skate street. “A gente já está acostumando com a pista, as bordas já estão escorregando mais, porque quando a pista é nova trava bastante. Acho que agora a gente está começando a acostumar com o calor, porque nos dois primeiros dias foi bem difícil para andar o treino inteiro. Hoje foi o nosso treino mais longo, de uma hora e meia, e a gente conseguiu fazer o treino inteiro. Normalmente a gente tava fazendo metade de um treino de uma hora. O mais importante é conseguir superar é esse calor, mais até que a competição”

Letícia Bufoni skate street Olimpíada
A “mãe” de Rayssa e da mãe dela (Gaspar Nóbrega/COB)

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Elas dividiram a pista com as japonesas, também fortes candidatas às medalhas e em condições de ‘azedar’ parcial ou totalmente um esperado pódio triplo brasileiro no skate street, somando Pâmela Rosa às duas. “Meu jeito de pensar é assim: a gente já está ganhando só de estar aqui. Só de estar participando da primeira Olimpíada do skate. A medalha, claro que a gente quer muito, eu pessoalmente quero muito, vai ser um bônus. Esse pódio triplo que todo mundo fala é um sonho nosso, em primeiro lugar, só que ao mesmo tempo as japonesas estão indo super bem e pode ter um pódio japonês. Vai depender muito do dia”, diz Letícia Bufoni. “Todo campeonato a gente bate na trave e eu tô sentindo que é esse”, acrescenta Rayssa Leal.

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Rayssa Leal Letícia Bufoni skate street Olimpíada
Um Sol pra cada um na pista de street (Breno Barros/rededoesporte.gov.br)

Por fim, Letícia Bufoni falou sobre a ausência de público na Olimpíada. “Essa vai ser a minha primeira competição sem público, a segunda na verdade, porque teve o X-Games no último final de semana, e foi totalmente sem público. Foi bem diferente, nem parecia uma competição, tava super silêncio. Aqui vai ser a mesma coisa. Pra mim, não vai ser tão legal quanto ter o público ali mandando aquela energia. Vai ser a grande diferença”. A estreia do skate street feminino na Olimpíada será às 20h30 de domingo (25), com final agendada para às 00h25 de segunda (26), ambos horários de Brasília.

Jornalista com mais de 20 anos de profissão, mais da metade deles na área de esportes. Está no OTD desde 2019 e, por ele, já cobriu 'in loco' os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Tóquio, os Olímpicos de Paris, além dos Jogos Pan-Americanos de Lima e de Santiago

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