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Duda Amorim: “O favoritismo acaba no final four”

Brasileira tetracampeã da Champions League Feminina de Handebol concedeu entrevista ao OTD sobre as expectativas para o final de semana decisivo do torneio

O final de semana será decisivo na Champions League Feminina de Handebol. As quatro melhores equipes da temporada disputarão, na cidade húngara de Budapeste, o título do torneio de clubes mais importante da Europa.

Uma brasileira em especial conhece bem a competição: a armadora-esquerda Duda Amorim é tetracampeã da Champions. Com a equipe húngara do Gyor ETO, Duda buscará, a partir do sábado (11), a quinta conquista.

A atleta falou com o Olimpíada Todo Dia sobre o atual momento da equipe e expectativas em relação ao final four:

Favoritismo

Atual bicampeão, o Gyor ETO chega ao final four com a melhor campanha da temporada na Champions League. Com 12 vitórias e dois empates na competição, a equipe é a única invicta entre as semifinalistas.

Com o trunfo adicional de jogar o final four em solo húngaro, a imprensa especializada aponta o Gyor ETO como o principal favorito ao título, rótulo dispensado por Duda Amorim: “Eu acredito que o favoritismo acaba a partir do momento que você chega no final four. Realmente tudo pode acontecer, já vimos muitos casos de equipes favoritas perderem, assim como equipes menos reconhecidas, ou com piores campanhas na temporada, ganharem”, diz a atleta, que atua pelo Gyor ETO desde 2009.

“A partir deste ponto o favoritismo pode ser esquecido. Eu acho que todas as equipes que chegaram aqui têm qualidade e todas podem ganhar. Então teremos que entrar muito focadas para conseguir passar para a final”, afirma a atleta.

No sábado, o Gyor ETO enfrenta a equipe norueguesa do Vipers Kristiansand. Na outra semifinal, o russo Rostov-Don joga contra o francês Metz.

Ritmo intenso

O atual formato de final four foi implantado na Champions League em 2014, sempre com as semifinais no sábado e finais no domingo. Antes disso, as semifinais e final eram disputadas em partidas de ida e volta, com um mando de quadra para cada equipe e intervalos maiores entre as partidas.

Em 2018 Duda foi decisiva na final da Champions contra o Vardar (Foto: Divulgação EHF)

Enquanto o formato atual promete maior engajamento de público e imprensa, a sequência de dois jogos importantes em apenas dois dias cria um impacto físico e mental sobre as atletas.

“É muito difícil jogar dois jogos tão importantes em menos de 24 horas. A temporada acaba se decidindo apenas nesses dois jogos, então de nada adianta tudo o que você fez até aqui se você não consegue ganhar esses dois jogos”, afirma Duda.

“Então fisicamente e mentalmente é bem puxado para a atleta. Por isso, também, que muitos atletas já se reuniram para pedir à EHF que o evento seja realizado em três dias: onde a semifinal seria na sexta, haveria uma folga no sábado e a final seria no domingo; até para ter uma maior qualidade nos jogos e uma diferença maior na parte física, talvez diminuindo o número dos erros. Então seria perfeito se tivesse um dia de folga”, completa a brasileira, que pondera:

“Eu acredito que para o público é bom das duas maneiras, eles se divertem bastante, porque a EHF faz um show e tanto. Então é um evento que é interessante jogar, e por mais que seja cansativo, a gente se motiva da melhor maneira possível para chegar lá e dar o nosso melhor”.

Temporada positiva

Em fevereiro, Duda Amorim completou dez anos com a camisa do Gyor ETO. Na atual temporada, o desempenho da atleta na Champions League rendeu uma indicação á eleição de melhor defensora do torneio.

“Eu acredito que tive uma temporada muito feliz. Tive uma primeira parte excelente, de alto nível tanto na defesa quanto no ataque. Em janeiro eu, infelizmente, me machuquei, então demorei um pouquinho para pegar o ritmo de novo. Mas desde o primeiro jogo estou ajudando a minha equipe. Depois de um mês, em março, eu acredito que adquiri minha performance novamente, então estou me sentindo muito bem em quadra” avaliou a atleta.

Os números da temporada também mostram a boa fase do Gyor ETO. Além da invencibilidade na Champions League, o clube venceu todos os 28 jogos que realizou nas competições nacionais da Hungria na temporada, o que rendeu á equipe o título da Copa e da Liga Húngara.

“A gente está jogando muito rápido, tendo um maior número de chutes e todo mundo está tendo uma participação muito legal nos jogos. Então estou gostando muito desse novo estilo do Gyor, aproveitando bastante e me sentindo bem dentro de quadra. Espero ajudar a equipe da melhor maneira possível”, contou Duda.

Experiência ajuda

Nos últimos dez anos, estar entre as melhores da Europa virou rotina para Duda Amorim. Desde 2009, o clube chegou às semifinais da Champions League em nove oportunidades.

Duda Amorim conhece bem como é estar em um final four (Foto: Divulgação EHF)

Com a presença frequente em fases agudas da competição, a experiência de Duda moldou a maneira como a atleta encara decisões.

“Eu acredito que eu lidava de uma maneira diferente, eu ficava muito mais nervosa. Com a experiência você pode ver os dois lados da moeda. Tanto quando ganha quanto quando perde a diferença é realmente nos detalhes. Nem sempre é o melhor que ganha, nem sempre o esporte é justo, então você entra de uma maneira mais calma no jogo, sabendo que tudo pode acontecer e você já está preparada para o melhor e para o pior momento”, revela a atleta.

“Isso te dá uma confiança e uma calma muito grande. Acho que essa é a principal diferença dos primeiros anos para agora”, conclui Duda.

Possível duelo brasileiro

Jogadoras do Rostov-Don, as brasileiras Mayssa e Ana Paula também estarão presentes no final four do final de semana. Caso avancem, as atletas podem reeditar uma final contra Duda Amorim.

Em 2016, o CSM Bucaresti – na época com Mayssa, Ana Paula e Fernanda França no elenco – foi a última equipe a derrotar o Gyor ETO em um final four de Champions League. Duda, no entanto, aborda o fato de uma forma diferente:

“Eu acredito que para a atleta não tem muita diferença se vai jogar com uma companheira de seleção, porque aqui no clube o trabalho e o foco são diferentes, então, mesmo se houver um encontro na final, eu acredito que para a gente não tem diferença.

“A gente vê como qualquer outra adversária. Mas lógico, depois de passar o evento, a gente torce para que alguma brasileira, qualquer que seja, esteja no primeiro lugar no pódio, porque a gente também está levando o nome do Brasil para a Europa”, finaliza.

Jogos e horários

No sábado, o Gyor ETO enfrenta o norueguês Vipers Kristiansand a partir das 10h15 (horário de Brasília), enquanto o francês Metz joga contra o russo Rostov-Don a partir das 13h, em jogos válidos pelas semifinais do final four da Champions League Feminina.

No domingo, a decisão do terceiro lugar será às 10h15, enquanto a final acontece a partir das 13h.

Rodrigo Huk, 24 anos, é um jornalista que pratica e acompanha o handebol desde a infância. No Site do Handebol, visa trazer notícias, entrevistas e debates sobre o esporte no Brasil e no mundo.

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