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De volta ao Mundial, Verônica Hipólito sonha com ouro em Paris

De volta ao Mundial de atletismo paralímpico depois de cinco anos, Verônica Hipólito não só quer ir bem em Kobe como já pensa em Paris

Verônica Hipólito no Mundial de atletismo paralímpico
(Arquivo pessoal)

Verônica Hipólito é uma das grandes novidades da equipe brasileira que disputa o Mundial de atletismo paralímpico em Kobe, no Japão. Depois de passar cinco anos longe das principais competições internacionais, ela voltou a ser convocada. Por conta de diversos problemas de saúde, ela mudou de classe e agora compete na T36, classe em que detém o segundo melhor tempo de 2024. Novamente competitiva, ela não quer só fazer bonito no Japão, mas sonha alto, com a medalha de ouro nos Jogos Paralímpicos de Paris.

“O foco maior são os Jogos Paralímpicos de Paris. Claramente o Mundial é passagem obrigatória. Eu quero ir atrás dessa medalha, eu quero ir atrás desse possível ouro”, garantiu a atleta na última edição do Sem Limites, que foi ao ar na segunda-feira. A última convocação dela para um Mundial aconteceu há cinco anos. “O último Mundial que eu disputei foi em 2019, mas eu não consigo considerar porque eu fui no individual, mas eu fui muito por causa do revezamento. Então, eu considero 2013. E o que aconteceu? 2013 eu fui, foi meu primeiro mundial e eu ganhei tudo. 2015 eu tinha índice para o Mundial, mas eu fiz cirurgia e não fui. 2017 eu tive cirurgia e não pude ir para o Mundial. 2019 eu fui, mas não era a Verônica. Não era eu, mas agora eu falo: eu estou de volta. Então, eu falo que foram 11 anos literalmente levando na cabeça”.

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Auge e decadência

Em 2013, Verônica Hipólito vivia o auge da carreira. Competindo na classe T38, ela ganhou o ouro dos 200 m e a prata dos 100 m. Naquela época, a atleta já sabia que tinha um tumor na cabeça, mas que estava sendo controlado com medicação. Em 2015, depois de ganhar quatro medalhas nos Jogos Parapan-americanos, teve que se afastar do esporte para fazer uma cirurgia que retirou 90% de seu intestino grosso por causa da presença de vários tumores. Ainda assim, ela voltou no ano seguinte e foi prata nos 100 m e bronze nos 400 m nos Jogos Paralímpicos Rio-2016, mas precisou dar outra pausa na carreira.

Por causa do tumor na cabeça, passou por duas cirurgias, uma em 2017 e outra em 2018. A recuperação foi lenta e difícil. Verônica Hipólito só conseguiu voltar a competir em 2019, reclassificada para a classe T37. Nela, conseguiu disputar os Jogos Parapan-Americanos em Lima, onde conquistou três pratas, e depois também foi ao Mundial.

Novamente competitiva

Depois disso, Verônica Hipólito, apesar de nunca ter desistido do esporte, não conseguiu mais ser competitiva. A esperança se reascendeu agora em 2024, quando ela foi novamente reclassificada. No Mundial de Kobe, ela vai competir na T36.

“Cair de classe significa que você está com a patologia mais avançada, de forma grosseira, com mais deficiência. Passei por uma banca de médicos e passar por isso evolve eu me reconhecer, eu entender que não sou mais a mesma pessoa de 2013, fisicamente, que eu posso treinar um milhão de vezes e que talvez não seja a mesma coisa”, explica.

Seguda melhor marca do ano

Mas com a reclassificação, Verônica Hipólito voltou a ser competitiva. Atualmente é dona do segundo melhor tempo de 2024 nos 100 m rasos da classe T36 com 14s31, 0s90 atrás da recordista mundial, a neozelandesa Danielle Aitchson. Além de voltar a ganhar uma medalha em Mundiais, ela quer se garantir nos Jogos Paralímpicos de Paris-2024. O índice estipulado pelo Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) é de 13s85, mas uma pódio em Kobe deve ser suficiente para que ela consiga, pelo ranking, uma vaga nos Jogos da capital francesa.

“O índice é extremamente difícil para mim. Hoje a recordista mundial está (quase) um segundo do meu tempo. Eu estou abrindo mão de tudo porque eu estou acreditando não só no Mundial, mas eu acredito nessa medalha, por mais distante que ela esteja hoje. Eu quero estar próxima das meninas e, pensando em Paris, eu acredito que, se todo dia eu trabalhar mais um pouquinho, se todo dia eu continuar acreditando, vai encaixar. Ninguém ganhou até ter passado a linha de chegada. Eu vou acreditar até o último milionésimo de segundo”, promete.

Fundador e diretor de conteúdo do Olimpíada Todo Dia

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