Nesta terça-feira (29), o blog inicia uma série de pequenas entrevistas com personagens do esporte olímpico brasileiro. A primeira delas, um papo com João Signorini, que foi velejador olímpico na Olimpíada de Atenas-2004. Treinador do grego Ioannis Mitakis na classe Finn na Rio-2016, ele inicia agora seu trabalho ao lado do brasileiro Jorge Zariff, também na Finn. A estreia será nesta terça, quando começa a etapa de Miami (EUA) da Copa do Mundo da World Saling (Federação Internacional de Vela).
Como foi o contato entre você e o Jorge Zarif para começarem a trabalhar juntos?
João Signorini – Ele e o Torben Grael [diretor técnico da CBVela] falaram comigo sobre a possibilidade no início de 2018, mas naquele ano eu só conseguiria fazer dois campeonatos do calendário, pois já tinha outros compromissos. Com isso, achamos que não seria o ideal para ele. Voltamos a conversar no fim do ano passado e concordamos em iniciar o trabalho aqui em Miami.
O que te levou a aceitar a função de ser o treinador do Jorginho?
Eu adoro a vela de alto rendimento e as classes Olímpicas. O Jorge é um dos principais velejadores da atualidade e estar envolvido no trabalho dele e também da equipe do Brasil é sensacional.
Até que ponto sua experiência de ter sido atleta olímpico pode ajudar na evolução da carreira dele?
Na verdade ele tem bem mais experiencia do que eu como atleta olímpico. Porém, desde que representei o Brasil em Atenas-2004, eu consegui acumular muita experiencia em diversas outras modalidades e diferentes projetos e barcos que estive envolvido durante a minha carreira. Espero que todo o conhecimento que consegui acumular nestes anos consigam acrescentar para a preparação e desenvolvimento técnico dele.
Como você avalia sua experiência na carreira de treinador?
A vela é um esporte extremamente técnico e de certa foma bem complexo, já que além da parte física e mental, o velejador também tem que adquirir e desenvolver um conhecimento grande de meteorologia, hidrodinâmica, aerodinâmica e estrategias e táticas de regata. A experiência de acompanhar e analisar o desenvolvimento das regatas, dos velejadores e dos barcos do lado de fora é bem diferente de quando você está dentro do barco tendo que tomar importantes decisões durante as regatas. É muito gratificante quando você sente que a sua visão externa está ajudando na melhora da performance do velejador, barco e equipamentos.
Como vocês estão traçando os planos para esta temporada de 2019?
O primeiro objetivo é a classificação olímpica para Tóquio-2020. Depois temos um período no Japão (incluindo o evento-teste) que será importante para o aprendizado da raia olímpica e o desenvolvimento especifico de equipamentos para as condições de Enoshima. O Mundial sera em dezembro, na Austrália, e conseguir um bom resultado lá também é importante.
Como você avalia a decisão da Federação Internacional de Vela em tirar a Finn do programa olímpico para Paris-2024?
É complicado… O jogo político entre as classes, federações e dirigentes é grande. Acredito que seja importante para a vela olímpica acompanhar o desenvolvimento tecnológico que possibilita a introdução de novas técnicas ou barcos. É o caso da entrada da classe 49er nas Olimpíadas de Sydney 2000, por exemplo. Porém, também acho importantíssimo que a vela mantenha suas tradições. A Copa América é’ o maior exemplo disso, mantendo certas tradições desde o primeiro evento, em 1851. As classes Star e Finn tem uma tradição incrível. Grandes nomes mundiais do nosso esporte competiram, venceram títulos e se desenvolveram nestas classes. Acho uma pena a retirada de classes tradicionais do programa olímpico.
VEJA TAMBÉM:
+ Qualificação para Tóquio-2020 amplia vela no Pan de Lima
+ Volta de Robert Scheidt seria excelente para a vela do Brasil
+ Governo do Japão cria ‘imposto sayonara’ para Tóquio-2020
+ O calendário 2019 do esporte olímpico