A canoagem brasileira ainda tenta se recuperar do impacto da morte de Jésus Morlán, ocorrida no último final de semana.
Há dúvidas sobre os efeitos que a ausência do técnico espanhol causará na equipe brasileira até Tóquio-2020. Ainda assim, vale conhecer alguns dos segredos de Morlán para transformar um esporte sem nenhuma tradição no Brasil em candidato a subir no pódio, muito pelo talento do incrível Isaquias Queiroz.
Confiança no trabalho
Quando os resultados começaram a aparecer após a contratação de Morlán, por causa das conquistas de Isaquias Queiroz, muitos começavam a apostar em uma medalha na Olimpíada Rio-2016. Menos o espanhol, que sempre disse que viriam (como vieram) três medalhas.
“Ele sempre falou que ganharíamos três medalhas. A gente pensava que uma já seria muito, porque não tínhamos nenhuma. O Morlán falava isso não por achismo ou otimismo, mas baseado em números e no desempenho dos atletas”, afirmou Álvaro Koslowiski, supervisor da canoagem velocidade da CBCa (Confederação Brasileira de Canoagem).
Método diferenciado
“Ele transformou completamente a forma de preparação da equipe. Olhava os mínimos detalhes, fazia questão de cuidar de tudo. Testava os modelos de barcos, estudava a condição de vento de cada prova que iriam enfrentar, analisava como os adversários se comportavam dentro da prova e com isso estabelecia estratégias e táticas de corrida adequadas ao atleta brasileiro”, afirmou Jorge Bichara, diretor de esportes do COB (Comitê Olímpico do Brasil).
Treinamentos prontos
Jésus Morlán era tão obstinado com seu trabalho que nem mesmo o tratamento do câncer o impediu de fazer o planejamento da canoagem brasileira até a próxima Olimpíada.
“Toda a periodização de treinos está montada até o final de 2019. O dia a dia de trabalho está pronto até o início do ano que vem, mas como já temos o mapa da periodização, isso facilita o trabalho da comissão técnica de elaborar os treinos do dia a dia”, disse Bichara.
Cuidado com os barcos
“Ele fazia com que os barcos fora da água estivessem sempre fechados com capa, lacrados, extremamente amarrados. Ele tinha uma forma especial até para secar os barcos. Ele ia dos mínimos detalhes ao macro. Detalhista e preocupado com a pequenas coisas”, ressaltou Koslowski.