Existe uma lei não escrita nas redações (jornal, rádio, TV e internet) de que boa notícia não “vende”. Não sei bem quando isso surgiu, mas já ouvi de muito editor, principalmente de jornal, que manchete positiva não atrai o leitor (e por esta lógica, não compra o exemplar). Pode ter algo a ver com a necessidade meio doentia do ser humano em consumir informações de tragédias, crimes e escândalos de celebridades, sei lá.
Nos últimos meses, o esporte olímpico brasileiro vem seguindo nesta mesma toada, especialmente após o fim da Olimpíada Rio-2016. Uma enxurrada de notícias mostrando a preocupante indefinição do legado olímpico, modalidades importantes perdendo patrocínios, dirigentes sendo afastados por má gestão…
O último final de semana, contudo, teve um script que fugiu deste clima de baixo-astral, com vários resultados relevantes em diversas competições. Confira abaixo:
Natação
Quem vem apanhando demais nos últimos meses por conta de seus problemas políticos e administrativos são os esportes aquáticos. E coube à natação, o carro-chefe da CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos) obter marcas significativas. A principal delas foi a quebra do recorde sul-americano dos 1.500 m por parte de Guilherme Costa. Durante um torneio regional em Santos (SP), organizado pela Unisanta, no sábado (1º), Costa cravou 15min05seg23, quinto melhor tempo do ano na distância e melhorando em três segundos o recorde anterior.
Ainda no sábado, os velocistas brasileiros conseguiram bons resultados: em Auburn (EUA), nos 100 m, Bruno Fratus fez 49s16 e Marcelo Chierighini, 49s32, ambos melhorando seus tempos no ano (Fratus ainda iria cravar 22s02 nos 50 m, terceira melhor marca de 2017). Mais importante, porém, foi o resultado alcançado por Cesar Cielo, que está voltando às competições após quase um ano parado: 49s46, em tomada de tempo realizada no Pinheiros. Será a retomada na carreira do grande campeão olímpico e mundial?
Ainda em Auburn, Felipe Lima obteve um resultado excelente, marcando o quarto tempo do mundo nos 100 m peito (1min00s03).
Ginástica artística
A largada para o ciclo olímpico rumo a Tóquio-2020 foi muito boa para a ginástica feminina. O destaque, como não poderia deixar de ser, foi a carismática Flavia Saraiva, que faturou uma medalha de ouro (solo) e uma de prata (trave) no Trofeo Cittá di Jesolo, na Itália. Rebeca Andrade foi prata no individual geral, enquanto que por equipe (Flavia, Rebeca, Carolyne Pedro e Thaís Fidelis) foram prata.
Judô
Na semana passada, o blog já havia destacado a ótima fase vivida pela jovem Steffanie Koyama, que já venceu duas competições neste começo de temporada, na categoria 48 kg. Pois bem, mesmo com muitos desfalques em outras equipes, o Brasil foi muito bem no Grand Prix de Tbilisi (Geórgia). Após três dias de competição, a Seleção Brasileira somou um total de dez medalhas (três ouros, três pratas e quatro bronzes). Além de Koyama, Victor Penalber (81 kg) e Maria Portela (70 kg) venceram em suas categorias.
Atletismo
As principais competições do atletismo internacional ainda não começaram, mas alguns brasileiros estão obtendo boas marcas. É o caso de Geisa Arcanjo, que no último domingo venceu a terceira etapa do Circuito Ouro da FPA (Federação Paulista de Atletismo), ao cravar a marca de 17,98 m no arremesso do peso. Geisa ratificou o índice para o Mundial de atletismo, marcado para Londres (ING) e melhorando em 20 cm a marca anterior (17,78 m), obtida no início do mês.
Outro que se qualificou para o Mundial foi Caio Bonfim, na marcha atlética de 20 km, ao terminar em 7º lugar na quarta etapa do World Race Walking Challenge 2017 (IAAF), realizado em Portugal, com o tempo de 1h22min13seg.
Badminton
Não estranhe ver um esporte pouco badalado no Brasil na lista de boas notícias olímpicas. Desde o início do ano, o jovem Ygor Coelho, de 20 anos, vem conseguindo resultados significativos em competições válidas pelo circuito mundial. Já são três pódios consecutivos, o último deles neste final de semana, ao ficar com o bronze no Orléans International, na França. Antes, ele já havia sido vice-campeão na Copa Brasil Internacional e no Open da Polônia. Não foi à toa que Ygor ocupa atualmente o 56º lugar no ranking mundial da BWF (Federação Mundial de Badminton), melhor colocação na história para um brasileiro.
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