Com o novo ano já quase batendo na nossa porta, está mais do que na hora de se fazer um pequeno balanço do que de melhor aconteceu em 2016, que entrará para a história como um dos mais importantes do esporte olímpico brasileiro e mundial.
Listei abaixo alguns personagens responsáveis pelos feitos mais relevantes e importantes neste ano. Claro que é uma escolha pessoa, cada um tem a sua lista própria. Aliás, deixe na caixinha de comentários quais foram os melhores momentos de 2016 no esporte olímpico.
A festa da Rio-2016
Pois é, achavam que não teria Olimpíada; todo mundo ia pegar o vírus do Zika; haveria um encalhe monstro de ingressos; as arenas não ficariam prontas a tempo…. Bem, é verdade que nem tudo ocorreu da forma que deveria (atrasos nas obras e indefinição sobre quem cuidará do legado são dois exemplos), mas a verdade é que os Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio-2016 foram um sucesso, do ponto de vista esportivo.
Quem foi ao Rio de Janeiro entre os meses de agosto e setembro pôde presenciar uma festa inesquecível. Sem ter o luxo de Pequim-2008 ou a organização impecável de Londres-2012, a Olimpíada do Rio-2016 conseguiu ser um sucesso de público, que encheu as arenas de muita energia e alegria (às vezes até em excesso, com vaias aos estrangeiros fora de hora). É possível dizer hoje, sem medo de errar, que a Rio-2016 fez muito bem para a autoestima do povo brasileiro.
O último show de Michael Phelps
Um ano atrás, existia uma incógnita se o nadador americano Michael Phelps conseguiria mesmo abandonar a aposentadoria e voltar a competir em alto nível nos Jogos do Rio. Mas Phelps não se enquadra na categoria dos mortais. E de forma assombrosa, ele cumpriu brilhantemente seu último capítulo na história das Olimpíadas.
Foram nada menos do que seis medalhas no Estádio Aquático Olímpico, sendo cinco de ouro (200 m borboleta e 200m medley, 4 x 100 m livre, 4 x 200 m livre e 4 x 100 m medley) e uma de prata (100 m borboleta). Se alguém ainda duvidava, Michael Phelps mostrou que é o maior atleta olímpico de todos os tempos.
O “tri-tri” de Bolt
Dificilmente o Estádio Nilton Santos, o popular Engenhão, receberá a visita de um atleta tão carismático quanto fenomenal quanto Usain Bolt. O jamaicano foi “adotado” pela torcida brasileira desde o primeiro momento em que pisou no Rio de Janeiro e não decepcionou os fãs.
Com performances extraordinárias, faturou o chamado “tri-tri”, ao conquistar pela terceira edição seguida dos Jogos o ouro nos 100 m, 200 m e revezamento 4 x 100 m. A cada vitória, a bandeira da Jamaica dividia espaço com a brasileira ao lado de Bolt, que deverá se despedir das pistas no Mundial de 2017, em Londres.
A volta por cima de Rafaela Silva
Foi sem dúvida o conto de fadas mais fantástico protagonizado por um atleta olímpico do Brasil. Quatro anos antes, ao ser desclassificada nas oitavas de final dos Jogos de Londres-2012 por aplicar um golpe ilegal, a judoca Rafaela Silva foi ao inferno, sendo execrada por torcedores via redes sociais e vítima de racismo por alguns deles. Um horror.
No Rio de Janeiro, mesmo depois de ter cumprido um bom ciclo olímpico, com direito a um título mundial neste período, em 2013, Rafaela Silva não era apontada como candidata a ganhar a medalha de ouro na categoria 57 kg. Só que a judoca nascida na comunidade de Cidade de Deus não deu bola para seus fantasmas. Foi superando adversária por adversária (inclusive a húngara Hedvig Karakas, da fatídica luta de 2012) até conquistar o ouro histórico diante de Dorjsürengiin Sumiyaa, da Mongólia. Um ouro que emocionou o Brasil.
O inesperado ouro de Thiago Braz
Muitos entendem que a incrível conquista de Thiago Braz no salto com vara foi a mais inesperada do Brasil na Rio-2016. Pelos desempenhos irregulares nas duas últimas temporadas, Braz era apontado para brigar por medalha, mas dificilmente conseguira bater o francês Renaud Lavillenie, recordista mundial e último campeão olímpico na prova.
Mas o brasileiro resolveu dar um bico na lógica. Depois que o francês passou dos 5,93 m, Thiago Braz resolveu arriscar e subiu o sarrafo para 6,03 m. Ao superar a marca (novo recorde olímpico), jogou toda a pressão nas costas do francês, que errou nos 6,08 m e viu o brasileiro comemorar um ouro que poucos acreditavam ser possível de conseguir.
Ah, antes que perguntem: não fui a favor das vaias do torcedor brasileiro a Lavillenie, mas o francês exagerou na choradeira e ainda falou um caminhão de bobagens após a prova, entre elas ao se comparar a torcida do Engenhão aos alemães nazistas que vaiaram Jesse Owens na Olimpíada de Berlim-1936.
A valentia de Robson Conceição
O boxe brasileiro olímpico já estava cansado de bater na trave. Tinha sido assim com Servilho de Oliveira, na Cidade do México-1968k, quando levou o bronze. Pior ainda em Londres-2012, quando Esquiva Falcão ficou com a medalha de prata.
Robson Conceição entendeu que era chegada a hora de mudar essa escrita na Rio-2016. Era sua terceira campanha olímpica e nas anteriores (Pequim-2008 e Londres-2012), sempre perdeu na estreia. Só que desta vez foi diferente. Com muita valentia, foi superando os rivais de forma incontestável, inclusive o francês Sofiane Oumiha na grande final, no Riocentro. Chegou a vez do boxe brasileiro também viver seu grande momento.
O show de Simone Biles
Há muito tempo que o mundo não se encantava com uma ginasta como se apaixonou pela americana Simone Biles. Com 19 anos e apenas 1,47 m de altura, ela foi gigante em sua estreia olímpica. Após as dez medalhas de ouro obtidas nos Mundiais disputados no ciclo olímpico para a Rio-2016, Biles chegou sob muita expectativa na Olimpíada. Não decepcionou.
A americana saiu da Olimpíada com cinco medalhas, sendo quatro de ouro (equipe, individual geral, solo e salto) e uma de bronze (trave) e deixa aberta a possibilidade de criar uma dinastia na modalidade nos próximos anos.
A superação do vôlei masculino
Nenhum esporte coletivo do Brasil é mais vitorioso na história das Olimpíadas do que o vôlei. Mas a Rio-2016 acabou trazendo uma agradável surpresa nesta longa lista de conquistas que começou em Barcelona-1992.
Para quem esperava ver o time feminino comandado por José Roberto Guimarães faturar o tri (plano arruinado pela eliminação diante da China, nas quartas de final), a consagração do tricampeonato olímpico da Seleção masculina foi uma agradável surpresa.
Um time que nem de longe lembrava as brilhantes equipes campeãs de 92 e 2004, mas que teve na superação sua marca principal. O triunfo sobre a Itália representou ainda a despedida do líbero Escadinha, o grande líder deste time dirigido brilhantemente por Bernardinho.
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