A notícia que agitou o esporte olímpico brasileiro nesta sexta-feira, com a confirmação da saída de Marcus Vinicius Freire do COB, não pode ser considerada necessariamente uma grande surpresa, embora poucos esperassem que ela ocorresse menos de 15 dias após a Olimpíada Rio-2016.
Com 18 anos dentro do Comitê Olímpico do Brasil e na função de diretor executivo de esportes desde 2009, Marcus Vinicius teve papel importante na modernização e profissionalização da entidade, além de ter sido seu principal porta-voz nas campanhas brasileiras em Olimpíadas e Jogos Pan-Americanos.
Coube a ele também traçar a estratégia e comandar o trabalho de preparação do Time Brasil neste ciclo olímpico, o mais importante da história do COB, que culminou com o maior número de medalhas conquistadas pelo Brasil nas Olimpíadas e maior quantidade de ouros amealhados (19 e 7, respectivamente).
Anos atrás, chegou a ser cogitado como candidato à presidência do COB, mas por conta do estatuto (Marcus Vinicius precisaria integrar a Assembleia Geral da entidade, cargo que deixou justamente em 2009) acabou atuando na parte executiva do órgão, como dirigente remunerado. Encerrada a campanha do Time Brasil da Rio-2016, ele considerou que atingiu tudo o que poderia dentro do COB.
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Mas nem tudo foi tranquilo nesta longa caminhada. Recentemente, Marcus Vinicius Freire foi alvo de críticas pesadas feitas pelo médico português Luis Horta, ex-integrante da ABCD (Agência Brasileira de Controle de Dopagem), que acusou diretamente Marcus Vinicius de fazer pressão para que a quantidade de testes fora de competição no Brasil não fosse excessiva, conforme publicou o LANCE! em primeira mão em agosto, dias antes da abertura da Rio-2016.
Com muita facilidade de relacionamento entre os veículos de imprensa e dono de personalidade forte, Marcus Vinicius impôs um ritmo de trabalho em todos estes anos no COB que será difícil encontrar um substituto à altura na parte de gestão e também de divulgação da imagem da entidade.
Seja para exaltar as conquistas de medalhas, recordes ou mesmo nos momentos de crise (como foi no acidente que deixou Lais Souza tetraplégica às vésperas dos Jogos de Inverno de Sochi, em 2014), Marcus Vinicius Freire serviu de escudo para o COB.
Na entidade, ainda não se fala em sucessão nem em prazo para que isso ocorra. Interinamente, Sérgio Lobo, diretor administrativo do COB, responderá pela função. A possibilidade de que um nome do quadro atual seja promovido é pouco provável.
Os dois nomes que poderiam ser considerados, Jorge Bichara e Adriana Behar, que trabalham na gerência de alto rendimento do COB, possuem um perfil mais técnico e ao menos por enquanto não surgem como candidatos a ocupar o posto.